quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O LIVRE ARBÍTRIO E O VOTO

“O LIVRE ARBÍTRIO E O VOTO”

Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@yahoo.com

A transcrição de duas palestras sobre Livre- Arbítrio do padre jesuíta Werner Von Und Zur Muhlen, proferidas nos dias 29 de julho e 5 de agosto de 1919, aos Congregados Marianos do Colégio Anchieta de Porto Alegre, foi atualizada em 1970, pelo historiador Pe. Arthur Rabuske S.J., de saudosa memória, este que conheci pessoalmente em São Leopoldo – RS. Trata-se de um ensaio filosófico raro, que influenciou toda uma geração de líderes gaúchos. Passado quase um século, apresenta-se atualíssimo, como instrumento de análise da nossa realidade política. Tratando da “insuficiência da inteligência para determinar”, afirma o Pe. Werner, que é na inteligência que devemos primeiro procurar a força que seja capaz de determinar’ nossas escolhas. Entretanto, ensina que “... o ato livre tem ainda outros antecedentes: o costume que não quer sair do caminho trilhado, a paixão que quer arrastar para seus ídolos, a educação que nos formou assim como somos, as inclinações da vontade que gravitam em certa, determinada linha.” E arremata: “Mas estes antecedentes, qualquer que seja o ponto de onde partem, passam sempre pela inteligência, como as linhas ópticas pelo centro da pupila. E lá, na inteligência, são corrigidos os erros e exageros na apreciação do objeto.”

O exercício da inteligência, portanto, se constitui num valor que o eleitor não pode prescindir ao escolher seu candidato. Com relação aos sorrisos, tapinhas nas costas, churrasquinhos e conversas de “amiguinhos”, o eleitor deve perguntar à sua inteligência, se o simpático candidato, também lhe cumprimentava fora do período eleitoral. Como votar num candidato que do dia para a noite aparece em sua vida com afagos, mas que jamais desenvolveu qualquer trabalho em favor da comunidade? Os maus candidatos contam com a ausência de inteligência do eleitor e com o poder de persuasão na base da “amizade”, da simpatia, do churrasquinho.

Do longíguo ano de 1919, ensina o Pe. Werner, que “Pela vontade livre, as nossas ações são nossas no sentido mais sublime da palavra, pela vontade livre somos senhores de nós mesmos, por ela nós determinamos nossa vida e nossa sorte. Deus quis que o homem trabalhasse seu próprio destino, por isso deu-lhe a liberdade de escolher entre o bem e o mal, apesar de que esta liberdade traga a possibilidade de transgredir a lei.
A palavra liberdade tem encantos que nenhuma outra tem. Por causa da sua liberdade, cada homem não é apenas um ser gregário, um simples exemplar de um tipo comum, uma unidade entre milhares de outras iguais. Cada homem é, em conseqüência da sua liberdade, um indivíduo, tem suas feições próprias, é uma expressão personalizada, uma edição em separado e irreprodutível da idéia divina, é um caráter. Esta sua personalidade, o homem a mantém, desenvolve-a, eleva-a até a mais esmerada perfeição, pelo exercício da sua vontade, ou então a rejeita, deixa-a perecer, pela mesma vontade. O valor moral do homem, e com este sua sorte na eternidade, depende do exercício da sua livre vontade. Cada homem é o autor da sua sorte”. Traduzindo para os nossos dias: Cada eleitor, através do voto, é o autor da sorte ou da desgraça de seu município, Estado e país.