terça-feira, 1 de junho de 2010

“DIPLOMACIA: MÃO ESTENDIDA, PUNHO FECHADO”




Cesar Techio - Economista – Advogado

cesartechio@gmail.com

A visão de que o presidente Lula, em fase de desocupação de seu gabinete presidencial, instaura um novo paradigma na diplomacia internacional, antítese da americana que negocia na base do porrete na mão, sinceramente é poética e ingênua. É evidente que os EUA, sob o ponto de vista das relações internacionais (comerciais, políticas, culturais), assim como qualquer país inteligente, não se vê como nação hegemônica e imperial. E nem poderia. Diante da globalização das informações, da economia e das finanças, pensar em hegemonia ou de que algum país, em sã consciência, tenha condições para ditar normas e definir quem é ou não inimigo, sob o ponto de vista de seus exclusivos interesses, é surreal. Atualmente, a auto-preservação de cada nação inevitavelmente passa por decisões conjuntas e globalizadas. Oscilações econômicas, financeiras ou de saúde pública em qualquer país, dada à íntima correlação do sistema econômico, de fluxo de pessoas e de informações a nível global, afeta imediata e diretamente todas as demais nações. Por este motivo, é simplista e singelo estigmatizar países comprovadamente democráticos como, reducionistas, belicistas ou imperialistas.

Governos ditatoriais e grupos fundamentalistas, estes sim, tentam impor seus modelos pela força infame e traidora do terrorismo. E definem o inimigo como sendo a democracia, que deve ser combatida mesmo com a morte de inocentes não contextualizados com as suas loucuras. Os sangrentos e intermináveis ataques por extremistas ao Estado de Israel (milhares de mísseis são disparados contra cidades israelenses pelo grupo terrorista Hamas, todos os anos) levam países como Israel a cometer desatinos desesperados como medidas de autodefesa. Exemplo disso foi o bloqueio de Gaza e o ataque a comboio sedizente humanitário composto por ativistas (terroristas e apoiadores segundo Israel), condenado pela ONU ontem, dia 01/06/2010. Mas a situação iraniana é muito mais grave. Enquanto a comunidade internacional se empenha em buscar a defesa da democracia e da dignidade da pessoa humana (núcleo essencial dos direitos fundamentais), o presidente Lula insiste, como se tivesse ex-cátedra em diplomacia internacional, em tratar o problema da bomba nuclear iraniana, de cor fundamentalista e sanguinária, como uma questão de simples diálogo “olho no olho”.

E, procura convencer, que o governo iraniano, enquanto insolente e desenfreado grita para todo mundo ouvir que quer fazer Israel sumir do mapa, apenas pretende utilizar urânio para fins pacíficos. Ora, apoiar o Irã buscando ingênuo diálogo, enquanto o país segue frouxo no seu programa nuclear, é o mesmo que apoiar a sua imoral e desatinada decisão de exterminar o povo de Israel e, por outro lado, franquear ações de autodefesa que podem incluir ataques nucleares. A diplomacia cega de Lula e a sua idéia política de “mão estendida” não percebe (estranhamente) o que é visível para o mundo inteiro: a má-fé habitual de Mahmoud Ahmadinejad. Não cumpre acordos internacionais e quando estende a mão costuma fechar o punho. Os que apóiam a diplomacia de Lula em consonância com a ortodoxia fundamentalista, de que é possível dialogar com terroristas, ditadores de meia-tigela, loucos sanguinários, desvairados belicistas que apregoam o fim de países e mandam matar opositores políticos, se movem em imprudência. Esquecem a essência da democracia e de seus valores intrínsecos. Os que pensam assim perderam a solidez dos ideais da compaixão, do amor ao próximo e, com certeza, o senso da verdade. Pensamento da semana: “Voce achar que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível” José Serra,Revista Veja edição de hoje, 02/06/2010.