sexta-feira, 8 de abril de 2011

“DONA LÍDIA: UMA MÃE EXEMPLAR”

Cesar Techio
Economista – Advogado
techio@concordia.psi.br


“Tudo o que sou, ou tenho esperança de ser, devo ao anjo que foi minha mãe. Lembro-me de suas orações…”, é o que sempre dizia Abrahan Lincoln, um dos presidentes mais famosos dos Estados Unidos. Liberal Brezolla, excelente pai, boníssimo comerciante que fez história com seu restaurante na Rua do Comércio, esquina com Rua Dr. Maruri (pelas minhas lembranças na venda, por várias décadas, da saborosa e apreciada “dobradinha” ou “bucho” e sorvete), deixou, ao falecer, dona Lídia Colombo Brezolla no timão do barco familiar. Por mais de quatro décadas, até seu falecimento, por morte natural, na semana passada, ela se manteve no honroso, inalienável e heróico posto que toda a verdadeira mãe assume ao gerar filhos e filhas, por amor, ideal e vocação. Quem não respeitava e admirava o “Seu Liberal”? Homem de uma personalidade marcante, afável, bem humorado, que se fez líder entre seus amigos e clientes. Mas, ela, a mãe, na verdade se mostrou, com a morte de seu marido, a pedra angular da família. E manteve seus filhos unidos no rumo da decência e da dignidade. Criou e formou as crianças na firmeza de caráter, bondade e amor. Deixou orgulhoso o seu Liberal, lá no céu de onde a esperava por todos estes anos.

Por isso, no velório, já na despedida, observando aquele rosto sereno pelo dever cumprido, fiquei pensando nas mães de nossas famílias, das de antigamente, das oriundas dos primeiros tempos do município, descendentes de imigrantes do velho continente, valorosas mães que sustentavam o duro modelo social vigente, de muitas e todas as necessidades, no qual, sem o vigor e a coragem delas, seus maridos e filhos não sobreviveriam. Não existiam médicos, hospitais, nem água quente, remédios ou as facilidades dos nossos tempos: assistência governamental em todas as áreas, através de programas assistenciais, nem pensar. Didáticas, pedagógicas e educativas, em circunstâncias de intensa luta pela sobrevivência, amenizavam a severidade daqueles tempos, com irreprimível entusiasmo pelos filhos a quem serviam como porto seguro. E não reclamavam. De nada. Minha avó relatava que, ao migrarem do Rio Grande do Sul para estes morros, encontraram mato fechado. Mas, as dificuldades eram vencidas pela determinação, valentia, alegria e fé. Ajudou o avô construir a casa rústica, cobertas com tabuinhas cortadas manualmente das árvores derrubadas a machado. Tinha que ser mais corajosa do que as onças que rondavam a casa e matavam os bezerros e cachorros, pois os filhos, pequenos, eram alvos frágeis para as feras. Era a primeira a acordar e a última a dormir. Oh tempos difíceis, mas que deveriam servir de espelho para todos.

É que, contrapondo-se a tal comportamento das mães de antanho, imbuídas de um espírito heróico que “agüentava o tranco”, o travo amargo de um tempo bruto, muitas jovens de hoje navegam por um liberalismo moral e mar de lamúrias que dá dó de se ver. Por isso, pelo triste passamento de Dona Lídia, me quedei a refletir sobre o grande exemplo das mães de outrora, calejadas, sofridas, lutadoras, mas firmes no seu papel familiar. Talvez, a maior lição que deixavam era a boa educação religiosa aos seus filhos, não só instruindo-os nas verdades, doutrina e preceitos religiosos, senão principalmente dando exemplo no exercício das virtudes cristãs, sociais e de civilidade.


Pensamento da semana: "O coração de uma mãe é um abismo profundo em cujo fundo você sempre encontra perdão." Honoré de Balzac