quarta-feira, 23 de setembro de 2015

PIRATUBA – Um pouco da sua história relacionada com a Companhia Hidromineral - II





Cláudio Victor Rogge

Foi necessário circular a edição anterior que para que eu tomasse conhecimento da realidade que se pretende na Companhia Hidromineral com a abertura de uma  rua atravessando o Parque Termal.

Algumas colocações precisam ser feitas: a Companhia Hidromineral não é de propriedade da Prefeitura Municipal de Piratuba e sim de um grupo de acionistas – mais de 300 – uns com 100, 500, 1.000 ou 10.000 ações e outro, a Prefeitura com mais de 80% do valor do capital social. Ela, portanto, apenas ADMINISTRA, indicando para uma Assembleia Geral Ordinária de acionistas – cuja convocação ocorre em jornais de circulação estadual como se aqui, ninguém devesse saber o que acontece na empresa e do que lá será decidido. Tudo bem ao contrário do que fazem na COPÉRDIA, SICOOB e SICREDI, onde todos os associados são convidados a participar da prestação de contas. Na Companhia Hidromineral, onde somos acionistas fundadores, só entregam convites, com “aviso de recebimento”, quando ocorre distribuição dos tickets de banho a que os acionistas têm direito de acordo com o seu número de ações, e quando precisam de suas assinaturas para subscrever as ações a quem tem direito de preferência, quando ocorrer o aumento do capital social, como aconteceu recentemente.

Inicialmente achei que seria a reabertura de uma rua aberta lá em 1977  a pedido de Hugo Eitelwein, fechada alguns anos mais tarde, pois se revelou desnecessária. Mas, agora fiquei sabendo que a “brilhante ideia” é de uma nova rua, atravessando a Praça, parte de um camping – que já deveria ter sido desativado há muitos anos e aproveitado o terreno para um atrativo mais útil aos turistas - e passando-a também abaixo da Clínica Médica, chegando então à Avenida 18 de Fevereiro. É o que fiquei sabendo, pois não vi o projeto.

Porém, são necessários alguns questionamentos:

1ª – a quem interessa a abertura desta rua?  Não deve ser a Companhia Hidromineral, que tem falta de espaço e não poderia abrir mão de um espaço valioso para uso comum sem que ela tenha proveito algum;

2ª – quem indenizará os gastos com a Praça Adão Willibaldo Stein recentemente construída? Qual o seu valor? Não seria falta de planejamento construir uma praça e logo em seguida destruí-la?

3ª – se a abertura desta rua for de interesse de alguns, caberá a eles INDENIZAREM, após Declaração de Utilidade Pública pela Câmara de Vereadores (que acho difícil acontecer e nem será por unanimidade, pois a população haverá de se mobilizar em contrário) a esta proposta indecente;

4ª – se for de interesse da Prefeitura a abertura desta rua, deverá seguir a lei e indenizar ela a Companhia Hidromineral pelo espaço a ser utilizado, utilizando-se o valor de mercado ou que estiver registrado no patrimônio social, o que não deverá ser uma merreca, pois terrenos de 360 m2 são vendidos a “preço de ouro” na região do Parque Hoteleiro. Não irão querer pagar R$1.000,00 ou R$10.000,00. Pela área a ser utilizada, será algo bem mais valioso. Duvido que ela tenha tanto dinheiro para aplicar, pois em entrevista pública tratando  do asfaltamento da SC 135 o Prefeito afirmou recentemente que não teria R$10.000.000.00 para fazer uma obra de tal porte. E esta rua, certamente terá um valor de avaliação que irá beirar a R$10.000.000,00.

Aí, fico a me perguntar: foi para isso que, lá em 1969 um grupo de vereadores hipotecaram seus bens para que o município de Piratuba ficasse, depois de 5 ou 6 anos de pendengas judiciais proprietário do terreno?

Foi para isso que Piratuba foi transformada em Estância Hidromineral?

Foi para que isso aconteça que foi constituída a Companhia Hidromineral e foi para isso que ela foi municipalizada?

Antes tivesse deixado que aquele grupo de particulares, em 1968 adquiriu o terreno de Erno Müller, entre os quais estavam Raymundo Hoppen, Nilo Fries, Benno Fries (todos já falecidos) e outros que prefiro não mencionar aqui. Certamente que eles tinham bons planos para a sua empresa e não ficariam a mercê da odiosa política que tem campeado em nosso município.



As questões de hoje, envolvendo a “Rua dos Hoteis”

Decorridos agora 38 anos, alguns “iluminado/s” mobilizam-se pela reabertura de uma rua em pleno Parque Termal. Seria cômico, se não fosse trágico.

Duvido que sua reabertura traga alguma espécie de benefício a alguém, além de tornar aquele pequeno espaço, que deveria ser transformado num calçadão, ou num “boulevard”, onde se permita apenas a chegada de ônibus, que descarregam ou carregam hóspedes dos hotéis e os veículos pequenos ficassem abrigados nas garagens já existentes e nada de carros estacionados na rua sob qualquer pretexto. Sua reabertura ao tráfego geral, só trará insegurança para os turistas que costumam por ela caminhar calmamente e as crianças que nela brincam despreocupadamente.

Se o problema se tratar de estacionamento, temos bons exemplos que poderiam ser seguidos, a exemplo do Hotel Kirst que construiu um “edifício garagem” em outro local, resolvendo o problema de seus hóspedes. O Hotel Tirolesa construiu sua garagem em terreno contíguo – Rua Acre. O Hotel Rouxinol, ao fazer suas ampliações ao longo deste período, também se preocupou com suas garagens, o mesmo acontecendo com o Recanto Pousada e o Hotel Schäfer. Isso tudo para me referir apenas aos 5 empreendimentos turísticos existentes naquela rua, pois os demais hotéis de nossa cidade, cada um, ao longo dos anos, foram executando as mudanças que se tornaram necessárias diante do crescimento do turismo.

Com certeza, todos gostariam de “voltar no tempo” e terem adquirido mais terrenos que lhes permitisse ampliações, mas, infelizmente, isso não é possível. Em 1983, quando era Prefeito Pedro Lucyk, tomou-se por medida necessária aprovar-se um Plano Diretor para a cidade. Já era tarde, mas, ainda veio em bom tempo, muito embora, suas alterações, previstas para serem realizadas de tempos em tempos, aqui se tornam problemas insolúveis e ninguém mais sabe se vale o Plano anterior ou aquele que, ainda lá em 2009, um grupo de piratubenses interessados em colaborar com o desenvolvimento da cidade se reuniram em 2 audiências públicas e 8 reuniões – cujos termos de presença comprovaram que poucos vereadores deles participaram e que, posteriormente, ao chegar à Câmara o Projeto de Lei, tudo quisessem modificar, empacando tudo - e desde então se encontra na Câmara de Vereadores para aprovação, constituindo-se num fato inédito, se não em todo o Brasil, pelo menos em Santa Catarina: ficar 6 anos sendo analisado!

Piratuba cresce a olhos vistos, e no meu imaginário, a exemplo de muitas outras cidades, aqui também se criou uma “bolha imobiliária” que vai além das nossas necessidades, pois nossas ruas não suportam mais o trânsito e não temos locais adequados para estacionamento, e a questão maior – dejetos dos ônibus e saneamento básico – são assuntos considerados como tabús.

Caberá uma mobilização pública para resguardar direitos dos acionistas se a medida alguns tentarem fazer prosperar mais uma triste página da história piratubense.