Cláudio
Victor Rogge
Foi
necessário circular a edição anterior que para que eu tomasse conhecimento da
realidade que se pretende na Companhia Hidromineral com a abertura de uma rua atravessando o Parque Termal.
Algumas
colocações precisam ser feitas: a Companhia Hidromineral não é de propriedade
da Prefeitura Municipal de Piratuba e sim de um grupo de acionistas – mais de
300 – uns com 100, 500, 1.000 ou 10.000 ações e outro, a Prefeitura com mais de
80% do valor do capital social. Ela, portanto, apenas ADMINISTRA, indicando
para uma Assembleia Geral Ordinária de acionistas – cuja convocação ocorre em
jornais de circulação estadual como se aqui, ninguém devesse saber o que
acontece na empresa e do que lá será decidido. Tudo bem ao contrário do que
fazem na COPÉRDIA, SICOOB e SICREDI, onde todos os associados são convidados a
participar da prestação de contas. Na Companhia Hidromineral, onde somos acionistas
fundadores, só entregam convites, com “aviso de recebimento”, quando ocorre
distribuição dos tickets de banho a que os acionistas têm direito de acordo com
o seu número de ações, e quando precisam de suas assinaturas para subscrever as
ações a quem tem direito de preferência, quando ocorrer o aumento do capital
social, como aconteceu recentemente.
Inicialmente
achei que seria a reabertura de uma rua aberta lá em 1977 a pedido de Hugo Eitelwein, fechada alguns
anos mais tarde, pois se revelou desnecessária. Mas, agora fiquei sabendo que a
“brilhante ideia” é de uma nova rua, atravessando a Praça, parte de um camping
– que já deveria ter sido desativado há muitos anos e aproveitado o terreno
para um atrativo mais útil aos turistas - e passando-a também abaixo da Clínica
Médica, chegando então à Avenida 18 de Fevereiro. É o que fiquei sabendo, pois
não vi o projeto.
Porém,
são necessários alguns questionamentos:
1ª –
a quem interessa a abertura desta rua?
Não deve ser a Companhia Hidromineral, que tem falta de espaço e não
poderia abrir mão de um espaço valioso para uso comum sem que ela tenha
proveito algum;
2ª –
quem indenizará os gastos com a Praça Adão Willibaldo Stein recentemente
construída? Qual o seu valor? Não seria falta de planejamento construir uma
praça e logo em seguida destruí-la?
3ª –
se a abertura desta rua for de interesse de alguns, caberá a eles INDENIZAREM,
após Declaração de Utilidade Pública pela Câmara de Vereadores (que acho
difícil acontecer e nem será por unanimidade, pois a população haverá de se
mobilizar em contrário) a esta proposta indecente;
4ª –
se for de interesse da Prefeitura a abertura desta rua, deverá seguir a lei e
indenizar ela a Companhia Hidromineral pelo espaço a ser utilizado,
utilizando-se o valor de mercado ou que estiver registrado no patrimônio
social, o que não deverá ser uma merreca, pois terrenos de 360 m2 são vendidos
a “preço de ouro” na região do Parque Hoteleiro. Não irão querer pagar
R$1.000,00 ou R$10.000,00. Pela área a ser utilizada, será algo bem mais
valioso. Duvido que ela tenha tanto dinheiro para aplicar, pois em entrevista
pública tratando do asfaltamento da SC
135 o Prefeito afirmou recentemente que não teria R$10.000.000.00 para fazer
uma obra de tal porte. E esta rua, certamente terá um valor de avaliação que
irá beirar a R$10.000.000,00.
Aí,
fico a me perguntar: foi para isso que, lá em 1969 um grupo de vereadores
hipotecaram seus bens para que o município de Piratuba ficasse, depois de 5 ou
6 anos de pendengas judiciais proprietário do terreno?
Foi
para isso que Piratuba foi transformada em Estância Hidromineral?
Foi
para que isso aconteça que foi constituída a Companhia Hidromineral e foi para
isso que ela foi municipalizada?
Antes
tivesse deixado que aquele grupo de particulares, em 1968 adquiriu o terreno de
Erno Müller, entre os quais estavam Raymundo Hoppen, Nilo Fries, Benno Fries
(todos já falecidos) e outros que prefiro não mencionar aqui. Certamente que
eles tinham bons planos para a sua empresa e não ficariam a mercê da odiosa
política que tem campeado em nosso município.
As
questões de hoje, envolvendo a “Rua dos Hoteis”
Decorridos
agora 38 anos, alguns “iluminado/s” mobilizam-se pela reabertura de uma rua em
pleno Parque Termal. Seria cômico, se não fosse trágico.
Duvido
que sua reabertura traga alguma espécie de benefício a alguém, além de tornar
aquele pequeno espaço, que deveria ser transformado num calçadão, ou num
“boulevard”, onde se permita apenas a chegada de ônibus, que descarregam ou
carregam hóspedes dos hotéis e os veículos pequenos ficassem abrigados nas
garagens já existentes e nada de carros estacionados na rua sob qualquer
pretexto. Sua reabertura ao tráfego geral, só trará insegurança para os turistas
que costumam por ela caminhar calmamente e as crianças que nela brincam
despreocupadamente.
Se o
problema se tratar de estacionamento, temos bons exemplos que poderiam ser
seguidos, a exemplo do Hotel Kirst que construiu um “edifício garagem” em outro
local, resolvendo o problema de seus hóspedes. O Hotel Tirolesa construiu sua
garagem em terreno contíguo – Rua Acre. O Hotel Rouxinol, ao fazer suas
ampliações ao longo deste período, também se preocupou com suas garagens, o
mesmo acontecendo com o Recanto Pousada e o Hotel Schäfer. Isso tudo para me
referir apenas aos 5 empreendimentos turísticos existentes naquela rua, pois os
demais hotéis de nossa cidade, cada um, ao longo dos anos, foram executando as
mudanças que se tornaram necessárias diante do crescimento do turismo.
Com
certeza, todos gostariam de “voltar no tempo” e terem adquirido mais terrenos
que lhes permitisse ampliações, mas, infelizmente, isso não é possível. Em
1983, quando era Prefeito Pedro Lucyk, tomou-se por medida necessária aprovar-se
um Plano Diretor para a cidade. Já era tarde, mas, ainda veio em bom tempo,
muito embora, suas alterações, previstas para serem realizadas de tempos em
tempos, aqui se tornam problemas insolúveis e ninguém mais sabe se vale o Plano
anterior ou aquele que, ainda lá em 2009, um grupo de piratubenses interessados
em colaborar com o desenvolvimento da cidade se reuniram em 2 audiências
públicas e 8 reuniões – cujos termos de presença comprovaram que poucos
vereadores deles participaram e que, posteriormente, ao chegar à Câmara o
Projeto de Lei, tudo quisessem modificar, empacando tudo - e desde então se
encontra na Câmara de Vereadores para aprovação, constituindo-se num fato
inédito, se não em todo o Brasil, pelo menos em Santa Catarina: ficar 6 anos sendo
analisado!
Piratuba
cresce a olhos vistos, e no meu imaginário, a exemplo de muitas outras cidades,
aqui também se criou uma “bolha imobiliária” que vai além das nossas
necessidades, pois nossas ruas não suportam mais o trânsito e não temos locais
adequados para estacionamento, e a questão maior – dejetos dos ônibus e
saneamento básico – são assuntos considerados como tabús.
Caberá
uma mobilização pública para resguardar direitos dos acionistas se a medida
alguns tentarem fazer prosperar mais uma triste página da história piratubense.