Cesar Techio - Economista – Advogado
Com
métodos poderosos de persuasão e repressão (dinheiro, exército e meios de
comunicação), forçam o povo a aceitar a ideia de que o tirano é o próprio
Estado, a nação e que ele representa a vontade de todos e até de Deus. Sem
piedade ou qualquer sentimento de misericórdia ou respeito, os ditadores buscam
a todo o custo a coisificação e instrumentalização do ser humano, a quem forçam
a se tornar simples meio para fortalecer a sua sede de poder. Mas, além de
ignorarem as leis, os costumes e padrões morais de seu tempo; além de
massacrarem o próprio povo, escravo e vítima da miséria; além de encarcerarem,
torturarem e matarem os opositores políticos, seus filhos e famílias
(atualmente são mais de duzentos mil norte-coreanos nesta situação), os tiranos
possuem uma política voltada ao poder universal, além de suas fronteiras.
Completamente ensandecidos buscam coagir e obstruir o direito das nações de
viverem em paz. Tentam ostensivamente ferir a autodeterminação dos outros povos
no âmbito dos direitos fundamentais, apontando-lhes armas e estratégias
invasivas. Trata-se de poder ilegítimo que, dentro da globalização da
convivência humana e do direito internacional, deve ser suprimido com urgência
e determinação.
Mas,
ditadores e tiranos nem sempre vivem além-fronteiras. Em que pese obterem
notoriedade quanto mais alcançam o poder político, tiranos e ditadores muitas
vezes podem ser encontrados dentro de nós mesmos. Lá no fundo da nossa mente,
um simples exame de consciência pode às vezes revelar um Kim Jong-um qualquer.
Refletindo sobre o texto acima é possível que nos identifiquemos com alguns
ditadores da história recente. Basta nos perguntar o quanto
transformamos nossas atitudes e ações em egoístas interferências e
transgressões da liberdade dos outros. Pequenas violências como a falta de
atenção familiar, amor aos filhos, respeito aos pais e palavras vazias como “eu
te amo” sem correspondência concreta, não nos faz muito diferentes dos
ditadores que querem dominar o mundo. Que nossos beijos não sejam apenas
exercício dos lábios atrás dos quais não existe ninguém, mas uma força capaz de
extinguir os ditadores e tiranos que existem disfarçados dentro de nós.
Pensamento da semana: "As tiranias fomentam a
estupidez." Jorge Luis Borges.