quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Medo do diabo e da cadeia

Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Cadeia ou inferno. Muitas pessoas vivem numa atmosfera de boa conduta e são boas porque sabem que se saírem da linha podem sofrer penalidades. Então, com medo da alegria do diabo, da polícia e da cadeia, abarrotada, quente como o inferno, vestem uma auréola de santidade. A “bondade” destas pessoas é amoldada no medo. A maioria age com princípios apresentados por mensageiros que afirmam ser superintendentes de Deus na terra, o que me faz pensar que, ou são mentirosos ou Deus ficou louco. Pela lógica, acredito que se trata de puro estelionato dos que querem dominar os outros pela religião. Estes são piores do que os políticos, porque dominam a vida dos incautos não só por fora, mas também por dentro, ideológica e espiritualmente. Comandam a consciência, o agir e os sonhos dos seus seguidores. A dominação é tamanha, que se alguém tenta sair do esquema e aproveitar a vida, vivê-la com totalidade e com base exclusivamente no amor, começa a se sentir culpado, pervertido e neurótico. E ai de quem pensa diferente. Em que pese nosso Estado brasileiro, de acordo com os artigos 5º, incisos VI e VIII, e 19, inciso I, da Constituição Federal caracterizar-se como laico, com liberdade religiosa, não é incomum, nas entrelinhas de pregações se ouvirem críticas contra espíritas, católicos, crentes, agnósticos, umbandistas e por aí afora. Cada “superintendente”, sedizente cristão, pretende o monopólio da verdade e da salvação, mesmo que a preço da dominação e reserva de mercado religioso.

O quanto nossa humanidade é sofredora e miserável, repleta de ódio, raiva, guerra, ciúme, fofoca, destruição, porque fundamentada no medo do diabo, do inferno e da cadeia, é só prestar atenção nas nossas atitudes externas versus pensamentos, com relação aos nossos filhos, esposa, esposo, vizinhos, amigos e demais pessoas. A subserviência ideológica ao medo do inferno, do diabo e da cadeia, é a maior desgraça na face da terra. Você já pensou em ser bom, simplesmente porque esta é a ordem natural das coisas? Ser correto, justo e amável, não por medo do diabo, do inferno e da cadeia, mas, apenas porque esta é a maneira normal de se viver? Este é o novo território que precisamos explorar neste novo ano. Sem mapas e diretrizes, porque somente os medrosos e covardes não conseguem viver sem que alguém lhes diga por onde ir e como viver. É imperativo descarregar todos os condicionamentos que recebemos, principalmente o medo do inferno, do diabo e da cadeia. Agiremos naturalmente, com amor, solidariedade e compaixão, não por exortação ou porque alguém nos disse para nos comportar assim, mas por pura descoberta e convicção pessoal. No começo pode ser difícil, mas com o tempo perceberemos que tudo o que fizermos estará e dará certo. É necessário sermos responsáveis por nós mesmos, livres e profundamente amorosos. A receita, segundo Agostinho de Hipona, é simples: “Ama e faz o que quiseres. Se calares calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.”

Pensamento da semana:
“Com exceção dos bebês e das crianças que tem poucas resistências, o Amor desenvolve mais quem ama do que quem é amado." - Saulo Fong