Cesar Techio
Economista – Advogado
O Brasil enfrenta uma das maiores crises da
sua história, com 50% dos trabalhadores buscando a sobrevivência e a de suas
famílias na informalidade, ou seja, sem carteira de trabalho assinada, sem
FGTS, sem previdência social, habitando em favelas ou em sub-habitações. Desconsiderando
esta realidade, a absorção de mão de obra estrangeira segue uma lógica
capitalista exploradora, impiedosa e é altamente prejudicial ao desenvolvimento
do país, na medida em que mantém os níveis salariais (portanto, o poder de
compra) a patamares absurdamente baixos.
É evidente que o destino de milhares de
haitianos, congoleses, senegaleses, entre outros, que fogem da miséria em seus
países, será também o de fazer parte da miséria e da pobreza instalada aqui no
Brasil, em especial em prejuízo aos trabalhadores brasileiros. Primeiro, porque
tomam a vaga dos nacionais e segundo porque ajudam a segurar os baixos níveis
salariais cujo teto é gasto integralmente na alimentação e vestuário, bem na
linha do trabalho escravo: trabalho em troca de comida.
Não se trata de xenofobia (aversão ou antipatia aos estrangeiros), mas de
perceber que o nosso país deve, em primeiro lugar, resolver o problema do
desemprego, da informalidade e da miséria dentro de suas próprias fronteiras
para somente depois resolver o problema de desemprego dos outros países, sob
pena de aumentar o desemprego no Brasil, aumentar a miséria interna e
atrapalhar o desenvolvimento.
Certamente
não é válida a desculpa de que os brasileiros não querem mais trabalhar em
atividades pesadas, em condições muitas vezes antiergonômicas, como é o caso
dos frigoríficos da região sul e sudeste. Ora, a tais situações não estariam
também sujeitos os trabalhadores estrangeiros? Ou será que eles não são
humanos? Além do mais, basta os empregadores pagarem um justo e digno salário,
para que a mão de obra brasileira seja abundante. Aliás, o setor da agroindustrialização,
como é o caso dos frigoríficos, é o que mais agrega valor na cadeia produtiva,
desde o produto “in natura” até o produto final e, portanto, é o setor da
economia com maior capacidade para gerar renda, emprego, criar riquezas e
impactar a economia. Portanto, é o que mais pode pagar melhores salários e
promover a inclusão social de brasileiros com carteira assinada, melhorando a
qualidade de vida da sociedade como um todo.
Ao
contratarem mão de obra estrangeira, os frigoríficos criam um grave problema
social na medida em que achatam os salários, desprezam a mão de obra nacional e
criam uma sociedade pobre e faminta em detrimento da manutenção de seus altos lucros.
A
mão de obra nacional paga com justo salário permite aos trabalhadores e suas
famílias ascensão social, acesso aos bens de consumo e à propriedade privada,
dinamizando de forma intensa a economia como um todo. Ao contratarem mão de
obra estrangeira, os frigoríficos e outros setores atrasam o desenvolvimento do
país porque impedem os trabalhadores nacionais de criarem para os seus um campo
de justa liberdade econômica, política, cultural e de alcançarem, enquanto
parte da sociedade brasileira, patamares justos de dignidade e de felicidade.
Pensamento da semana: Como consumidor, eu dou preferência a produtos
e serviços feitos com mão de obra nacional