“VOTE EM MIM ! ”
Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@yahoo.com
Eu só tenho três defeitos: “Sou bonito, inteligente e simpático.” Este é o glamour que envolve a atmosfera eleitoral do centro às periferias das cidades, e de canto a canto deste vasto país. Candidatos sorridentes e abobados faturam muito mais do que candidatos circunspetos, capazes e com larga folha de serviços prestados a comunidade. O problema, a meu ver, está na identificação de muitos eleitores com o “free lance”, pára-quedista, oportunista e egocêntrico da hora.
Se a culpa é do sistema democrático, que permite estas distorções, também não podemos culpar as pessoas que poderiam, mas que não querem se envolver com a política. Engajadas em serviços sociais relevantes, trabalham ano após ano, anônimas, sem aparecer, em várias instituições humanitárias, para suprir as mazelas sociais não enfrentadas pelo Estado.
É próprio da natureza destas pessoas o desapego a cargos, o desinteresse pela pecúnia e vaidades de aparecerem como benfeitoras. Não obstante são o esteio de nossa vida social. Não se lançam a cargos públicos porque de regra não possuem estofo para teatro, puxa-saquismos, falsidades, jogo de cintura, lero-lero, etc. E passam a maior vergonha, quando percebem oportunismos em quaisquer situações, em especial na vida pública. Para elas, consciente ou inconscientemente, a política causa-lhes desconforto, sendo que para algumas, ojeriza, verdadeiro nojo, ao ponto de se afastarem dela como o diabo da cruz. Não obstante, constroem sementeiras do que temos de melhor. Algumas estão aí, para quem quiser ver: Casa da Amizade, Lar do Idoso, Rede Feminina de Combate ao Câncer, Apae (Associação pais e amigos dos Excepcionais), Scafe (Sociedade Concordiense de Auxílio Fraterno), entre outras. Sementeiras das quais despontam pessoas comprometidas com a caridade e de cujo âmago deveria germinar lideranças para a verdadeira política que sonhamos.
Enquanto os eleitores perguntam: “em quem votar?” (título do editorial de “O JORNAL” deste último sábado), desfilam na mídia, à cata de voto, candidatos que nunca vimos ou conhecemos, despidos de sintonia com os anseios populares e sem qualquer vivência comunitária.
Ignorantes do teor da constituição, do contido na lei orgânica do município ou nos estatutos de seus próprios partidos e, portanto, sem vergonha na cara, pedem o voto. Chegam ao eleitor como se fossem velhos amigos, com toda intimidade e na maior “cara de pau”. O Eleitor despreparado fica estupefato com tanta ousadia. E continua sem saber em quem votar. Ocorreu-me, então, a inspiração para essa crônica, destinada aos eleitores indecisos: “Vote em mim!” “Sou astuto, tenho solução para todos os problemas da terra e sempre vou estar ao lado de quem tiver a caneta na mão, pois, afinal, tenho que pensar no meu futuro.”
Diógenes, filósofo grego, foi o principal expoente e símbolo da radicalização do cinismo. Caminhando com uma lanterna acessa em plena luz do dia, celebrizou-se com a frase "procuro o homem". É o caso dos eleitores que, sem saber em quem votar, saem por aí, a procura de um candidato verdadeiro, competente, laborioso e afinado com projetos sociais autênticos. As minhas homenagens são para vocês, Ivailda Tortato Nilson, Nelson Bonissoni, Eunice Franczak, Gelso Ramos e Gilmar João de Brito, presidentes, e demais integrantes das instituições acima nominadas.