ENVELHECER COM ARTE
Cesar Techio – Economista e Advogado.
CESARTECHIO@YAHOO.COM.
Como explicar as desgraças e aberrações da história? O entenebrecimento do mundo, a redução do homem ao mero desejo e satisfação de consumo; a destruição da terra? A desordenada busca do prazer e a inquietude do seu olhar? Qual a vitalidade que oprime e pinta estes horizontes de miséria que perturbam o existir da humanidade? O egocêntrico desejo de poder que varre nossas relações sociais, assalta as instituições e se transforma em trivial traição a princípios, amizades e projetos? Martin Hidegger, filósofo e reitor da Universidade de Friburgo, em 1933, ao escolher o próprio homem como objeto de pesquisa e resposta a estas questões, propõe a inevitabilidade da realidade em que vivemos. Segundo ele, as misérias e grandezas do homem, a solidariedade e o conflito, a paz e a guerra, a liberdade e a opressão, a violência e a generosidade, o amor e o ódio, são episódios do destino e fazem parte do impessoal curso da história.
Ante o raiar deste ano de 2009 e de todas as melhores perspectivas pelo devir, a tragicidade do determinismo de Haidegger cede esperança ao que ele mesmo conclui no fim de sua vida: “o homem pode transcender, o que significa que o homem está capacitado a atribuir sentido ao ser”. Certamente, o livre arbítrio, a consciência e o espírito crítico inerentes à inteligência do homem, podem alterar a alienação que se abate diante do inerme abandono a que se permitem os preguiçosos de plantão: Não lêem, não estudam, não pensam ou se esforçam por entender, não brigam pelo que é certo, flutuam ao sabor das ondas do tempo e de instintos primitivos.
Neste panorama, vislumbra-se o desperdício das horas, dos dias, meses e anos, a tal ponto de nos depararmos com pessoas de idade que simplesmente ficaram velhas, mas sem atingir nenhuma maturidade. Os cabelos ficaram brancos, mas as atitudes continuaram juvenis conclamando a que não lhes respeitemos somente pela idade, pois no adágio popular dito e redito pelo saudoso amigo Setembrino Duarte, “velhacos também envelhecem”. A transcendência que se espera daqueles que deviam dar exemplo, mas que ao contrário, nos envergonham, implica na transposição das tolices da infância, das paixões da juventude, dos assédios inoportunos que levam à ruína e a prejuízos irreparáveis. E que não se respeite também só pelo cargo, pela posição social, pela profissão, pela função, mas pela autoridade do caráter, pela luz interior que sinaliza para a caridade, honestidade e respeito pelos semelhantes.
Que me desculpem os deterministas, mas a vida é um campo de luta aberto, sem cartas marcadas, e nos oferece a oportunidade para fazermos com que nossos erros pretéritos não sejam calamidades eternas. Coragem para se retratar, redimir e buscar uma vida sincera e autêntica, qual ego a terá? Perceba que esta mensagem é para você. Aproveite e banhe-se nesta inspiração. Transporte-se para a mudança que inebria e caminhe... Com seus próprios pés. Viva a vida sem preocupar-se com o que dizem os outros. Faça dos seus brancos cabelos uma completa realização. Abra os punhos fechados pela raiva e compartilhe, no tempo que ainda lhe resta, o verdadeiro amor, o assombroso amor que se espraia pela vida, pois no fim da caminhada, todos nos encontraremos na casa do mesmo Pai. Minhas homenagens, desta banda, é para o ex-delegado regional de polícia civil, Dr. Clomir Ernesto Badalotti, brilhante, assíduo e competente professor da Unc, exemplo que engrandece a comunidade acadêmica e concordiense.