Cesar Techio
Economista – Advogado
Foi
por um acaso que acabei lendo uma reportagem de capa do Diário Catarinense, no
final da semana passada, dando conta da intimação pela Polícia Federal de 23 militantes
do mundo político, envolvendo vereadores e ex-vereadores da região Oeste e
Extremo Oeste do Estado de Santa Catarina, por derramarem dinheiro para eleger
um candidato nas eleições do ano passado. A reportagem de Victor Pereira (victor.pereira@diario.com.br) informa
que a Operação Pecúnia apurou a existência de “um grupo político atuando a partir de Florianópolis que enviaria
dinheiro para diversos municípios da região do Extremo Oeste para a compra de
votos.” Segundo o responsável pela operação, Delegado da PF Márcio Antônio
Lélis Anater, “o dinheiro vinha e acreditamos que se operava da Capital. No
Oeste ficariam os peões que corriam atrás dos votos. Tinha alguém interessado e
beneficiado no esquema, que estamos procurando entender quem era”.
Lívido
com o que li, me surpreendi em linguajar comumente utilizado pelo senso comum para
expressar indignação e descambei para adjetivos como “corja de vagabundos”,
“desclassificados”, “cacos da pior estirpe”, “traidores”, entre outros termos
indizíveis. De formação espartana, com raízes humanistas, graças aos santos
padres e irmãos franciscanos ao tempo dos meus estudos no seminário, e após, aos
jesuítas da Companhia de Jesus ao tempo da Unisinos, busco sempre me impor
ponderação, lhaneza, até certa afabilidade em minhas escritas, com uma
linguagem escorreita e polida.
Ocorre
que, por exercício de cidadania e para conclamar pessoas de bem a participarem
da política fazendo-a bem melhor, assim como o fermento que faz a massa
crescer, fui candidato a deputado estadual. Entendi que a minha mensagem seria
a de sair da zona de conforto e mostrar aos cidadãos que não adianta reclamar
como um leão contra os corruptos durante quatro anos para depois votar como um
burro. Existem segmentos da sociedade que precisa de representação capaz de dar
uma resposta contra a bandalheira que virou este país. Não me elegi. Mas fiquei
feliz com os meus dignos votos, com vontade de abraçar cada eleitor que
compreendeu a minha mensagem. E agora não me sai da cabeça que alguns patifes
atentaram contra o sistema eleitoral, na maior cara de pau. Se, entrou
“pecúnia” nas eleições, todos os candidatos foram prejudicados. Teve eleitor
que vendeu o voto para vagabundo e a alma para o diabo. E todos (candidatos e
eleitores corruptos) cuspiram na cara da democracia e do povo catarinense. Sou
parte legítima e diretamente interessada em detonar esses “desgraçados”. E,
nesta altura, não me parece serem esses adjetivos, exacerbados, pois se situam em patamar perfeitamente condizente com os fatos em testilha. Como
utilizar linguagem escorreita e polida neste caso (?), pensei enquanto
terminava de ler e espumava de indignação.
Pensamento
da semana: Graças a
barragem de contenção construída por João Girardi e Neuri Santhier, a cidade de
Concórdia foi poupada de uma verdadeira catástrofe, na maior enchente da
história. Aqui sim, é preciso ponderação. E
gratidão!