quarta-feira, 22 de julho de 2015

ELEIÇÕES: ROUBARAM NA CARA DURA NO OESTE CATARINENSE.



Cesar Techio
Economista – Advogado
       Foi por um acaso que acabei lendo uma reportagem de capa do Diário Catarinense, no final da semana passada, dando conta da intimação pela Polícia Federal de 23 militantes do mundo político, envolvendo vereadores e ex-vereadores da região Oeste e Extremo Oeste do Estado de Santa Catarina, por derramarem dinheiro para eleger um candidato nas eleições do ano passado. A reportagem de Victor Pereira (victor.pereira@diario.com.br) informa que a Operação Pecúnia apurou a existência de “um grupo político atuando a partir de Florianópolis que enviaria dinheiro para diversos municípios da região do Extremo Oeste para a compra de votos.” Segundo o responsável pela operação, Delegado da PF Márcio Antônio Lélis Anater, “o dinheiro vinha e acreditamos que se operava da Capital. No Oeste ficariam os peões que corriam atrás dos votos. Tinha alguém interessado e beneficiado no esquema, que estamos procurando entender quem era”.

       Lívido com o que li, me surpreendi em linguajar comumente utilizado pelo senso comum para expressar indignação e descambei para adjetivos como “corja de vagabundos”, “desclassificados”, “cacos da pior estirpe”, “traidores”, entre outros termos indizíveis. De formação espartana, com raízes humanistas, graças aos santos padres e irmãos franciscanos ao tempo dos meus estudos no seminário, e após, aos jesuítas da Companhia de Jesus ao tempo da Unisinos, busco sempre me impor ponderação, lhaneza, até certa afabilidade em minhas escritas, com uma linguagem escorreita e polida.

       Ocorre que, por exercício de cidadania e para conclamar pessoas de bem a participarem da política fazendo-a bem melhor, assim como o fermento que faz a massa crescer, fui candidato a deputado estadual. Entendi que a minha mensagem seria a de sair da zona de conforto e mostrar aos cidadãos que não adianta reclamar como um leão contra os corruptos durante quatro anos para depois votar como um burro. Existem segmentos da sociedade que precisa de representação capaz de dar uma resposta contra a bandalheira que virou este país. Não me elegi. Mas fiquei feliz com os meus dignos votos, com vontade de abraçar cada eleitor que compreendeu a minha mensagem. E agora não me sai da cabeça que alguns patifes atentaram contra o sistema eleitoral, na maior cara de pau. Se, entrou “pecúnia” nas eleições, todos os candidatos foram prejudicados. Teve eleitor que vendeu o voto para vagabundo e a alma para o diabo. E todos (candidatos e eleitores corruptos) cuspiram na cara da democracia e do povo catarinense. Sou parte legítima e diretamente interessada em detonar esses “desgraçados”. E, nesta altura, não me parece serem esses adjetivos, exacerbados, pois se situam em patamar perfeitamente condizente com os fatos em testilha. Como utilizar linguagem escorreita e polida neste caso (?), pensei enquanto terminava de ler e espumava de indignação.

Pensamento da semana: Graças a barragem de contenção construída por João Girardi e Neuri Santhier, a cidade de Concórdia foi poupada de uma verdadeira catástrofe, na maior enchente da história. Aqui sim, é preciso ponderação. E gratidão!