Cesar Techio
Economista –
Advogado
Com a devida vênia, o monumento à bíblia,
inaugurado e encravado na praça desta cidadela, fixado em meio ao verde
ondulado do final do mundo onde o Papa Francisco e eu nascemos, instigou-me a
certas obviedades. A bíblia durará enquanto um único ser humano ainda
estiver presente sobre a face da terra. Ela grita à consciência da humanidade
palavras de vida eterna e adentra no âmago das almas como força
transformadora. Na base do Novo Testamento está o amor, lei fundamental a
que se referia Santo Agostinho: “Ama e fazes o
que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se
corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o
amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.”
Mas, o maior problema é que o ator principal da
história, Jesus, anda completamente esquecido. Tomou-lhe o lugar vários
projetos institucionais e pessoais, todos alienados à essência de sua
mensagem. O excepcional monumento a bíblia aberta em praça pública, aqui
em Concórdia, mostra a todos que lançarem um olhar sobre as suas letras,
a nova lei que o Nazareno pregou em meio à uma velha e superada sociedade
embalada pelo velho testamento. Ele fala de amor, de perdão e aceitação, mas ao
perscrutar as linhas da bíblia muitos cristãos entendem, mas poucos vivem
verdadeiramente a essência desta lei: “E eis que
certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus à prova
e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Então,
Jesus lhe perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas? A isto ele
respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua
alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze
isto e viverás” (Lc 10:25-37).
Não existem formas particulares,
institucionais ou políticas de interpretação bíblica que possam desbordar desta
lei, sob pena de a transformarmos num golpe contra o amor. Ora, de que
adianta um monumento à bíblia encravada em praça pública e todas as homenagens
ao que ela contém, se suas palavras não estiverem também encravadas no coração?
De que adiantam os princípios cristãos de que proclamamos sermos portadores se
não os vivenciarmos na nossa vida pessoal e social? De sorte que o monumento à
Bíblia, patrocinado pela abençoada Associação de Pastores de Concórdia, que tem
como presidente o Pastor Jairo Gavin, vem a exortar para que vivamos firmes na
fé. É ele um chamamento para que sejamos amorosos, vivamos em harmonia e
possamos dar o exemplo de que fala Tertuliano, em referência ao que diziam dos
primeiros cristãos: “Vede como se amam entre si e como estão prontos a
dar a vida uns pelos outros”. De fato, aceitarmos uns aos outros,
pouco importando a denominação religiosa, é ordem bíblica a qual devemos
obedecer sem argumentos: “Nisto conhecerão todos que sois os meus
discípulos: se vos amardes uns aos outros. Vós sois meus amigos, se fazeis o
que vos mando.(...) O que vos mando é que vos ameis uns aos outros. (Jo 13,35;
Jo, 15;13 e 17).
Pensamento da semana: “Existem pessoas
que amam o poder; outras têm o poder de amar.”