quarta-feira, 24 de agosto de 2011
ROTARY: “DAR DE SI ANTES DE PENSAR EM SI”
Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com
O lema do Rotary, título desta crônica, nos sugere sentimentos de altruísmo e compaixão impulsionados a uma determinação pessoal de comunhão, serviço e de apoio a iniciativas de solidariedade. A deliciosa feijoada do Genésio me levou, durante o almoço, a observar e a refletir sobre a disposição de vários rotarianos que serviam o evento, viabilizando-o sem qualquer ônus, todos integrantes de diversos segmentos sociais, empresariais e institucionais de Concórdia. Lembrei que muitas vezes, durante anos, em diversos momentos em que se arrecadavam valores para a beneficência, constatei a ação do Rotary, mas sem me dar conta, de forma mais profunda e consciente, da importância da atitude de seus membros e de seu partilhar o tempo, as energias, o trabalho voluntário e amoroso, mesmo em domingos e feriados nos quais a maioria das pessoas se dedicam ao lazer e ao descanso. Emocionado, enquanto me servia, disfarçava sorrindo e depois, enquanto comia, com o canto do olho acompanhava o vai e vem de seus animados membros, com bandejas cheias de alimentos bem preparados (feijoada de primeira, “radici coti”, salada, arroz, laranja, etc.). Findo o almoço não senti a comida no estômago, embora satisfeitíssimo tenha repetido o prato. Talvez porque a feijoada, normalmente pesada, ali temperada com tanto carinho, amabilidade e acolhimento se tornou leve e digestiva ou talvez, porque o verdadeiro alimento recebido tenha sido o exemplo da prática do voluntariado, da humildade, da sensibilidade para com as causas sociais e, principalmente, o do dar o próprio contributo em favor dos necessitados.
A organização da “Feijoada do Genésio”, com todo o valor arrecadado doado para a Sociedade Concordiense de Auxílio Fraterno - SCAF, certamente demandou intenso trabalho desde o dia anterior, sem mencionar o planejamento pretérito, a venda de convites, publicidade, reuniões, aquisição cuidadosa dos insumos e firmeza na derrota dos obstáculos que sempre aparecem em eventos de tal envergadura. A lição destas exitosas iniciativas é clara como a luz solar, a de que se deve valorizar e respeitar a vitalidade de instituições, associações e entidades nascidas no seio da sociedade civil. Elas são aptas e eficazes na dinâmica da busca de soluções para a exclusão social, para a promoção do primado da pessoa humana e dos direitos das minorias desfavorecidas. Os rotaryanos de Concórdia dão belíssimo exemplo de responsabilidade social que precisa ser aplaudido e seguido. O lema “dar de si antes de pensar em si” pressupõe um doar-se sem limites, condições, preconceitos ou egoísmos. Pressupõe conhecer a realidade social e tomar conscientemente o lado dos oprimidos pelo sistema explorador, buscando libertá-los da miséria. Porque a vida real nos mostra, famintos, desabrigados, trabalhadores sem emprego, adolescentes de dentição podre, crianças e idosos doentes e abandonados, ladrões levados ao furto famélico pela própria sociedade desumana. O que instituições de cores humanitárias buscam é uma sociedade mais igualitária, menos opressora, em que todos tenham condições de vida e vida em abundância como pregava Cristo (João, 10.10). Reprodutor de práticas corruptas e de incompetências repetitivas, a administração pública deste país deveria lançar um olhar sobre estas práticas de solidariedade e sobre o perfil destes verdadeiros cidadãos, e tomar-lhes o exemplo.
Pensamento da semana: “Senhor: Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Que eu procure mais consolar que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe e é perdoando que se é perdoado.” S. Francisco de Assis.
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