quarta-feira, 16 de maio de 2012

SURDO É QUEM NÃO QUER OUVIR


                                                   Curitiba - PR
Cesar Techio – Economista

cesartechio@gmail.com

É forçoso constatar que, por mais que apanhem da vida, existem em nosso meio aqueles que, mesmo possuindo uma audição perfeita, não ouvem e fazem questão de não ouvir o chamado da solidariedade do trabalho voluntário. Compaixão, misericórdia, caridade, respeito pelos outros, são sussurros amorosos de mensagens que não lhes move o coração. Teimosos, permanecem surdos, indiferentes diante da fragilidade daqueles que sofrem limitações físicas, econômicas, sociais e culturais. São como terra árida em que plantando nada dá, bem na linha de uma parábola de Jesus: "Eis que o semeador saiu a semear. E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na; E outra parte caiu em pedreiras, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda; Mas vindo o sol, queimou e secou, porque não tinha raiz. E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.”

Ao contrário da aridez destes desertos, por conta da determinação e da coragem de voluntários, Concórdia cada vez mais se parece com a última parte da mesma parábola: “E outra parte caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça” (Mateus, XIII, 3 a 9). Os voluntários, atentos ao sofrimento da humanidade, são a terra boa de que fala Jesus, pois se esforçam para fazer acontecer o Reino de Deus aqui e agora. Por conta deles, instituições se erguem e frutificam em amor que ampara, fortalece e dignifica seres humanos vulneráveis.

Uma destas instituições que chama a atenção pelo belíssimo trabalho que desenvolve em nosso município e que, por conta disso, merece nosso apoio, é a Associação de Pais e Amigos dos Surdos, a APAS. Segundo o IBGE, existem no Brasil 15 milhões de surdos, sendo que muitos deles vivem na grande região do Alto Uruguai Catarinense. Diante desta realidade, existe urgente necessidade de inserção social dos deficientes auditivos através do apoio de fonoaudiólogos, assistentes sociais, psicólogos e de formação de linguagem de comunicação de sinais associada ao português (Libras). A sustentabilidade destes serviços, que na APAS também inclui informática para surdos, Curso de Línguas Brasileira de Sinais (LIBRAS), coral de Libras, entre outros serviços, muito se deve ao voluntariado associado ao Poder Público, aqui em Concórdia concretizado graças à sensibilidade e espírito humanitário do nosso prefeito João Girardi. Mas, muito mais há que se fazer. É imperiosos que, diante desta grave realidade, o seu coração seja tocado para o trabalho voluntário; que os seus ouvidos sejam sensíveis para o grito dos que precisam de apoio. Mais triste do que a segregação social de nossos deficientes auditivos é a omissão, a surdez da alma e o silêncio da vaidade.

Pensamento da semana: Parabéns à Irma Gross Casagrande, presidente da APAS; à Dejalma Lazzarotti, vice-presidente; às professoras voluntárias Cristina Erthal e a espetacular Graciela Kracker (Surda-pedagoga); a Rosangela Detofeno, tesoureira; ao Professor Elton da Micro-Lins, entre outros, empenhados graciosamente em integrar na cidadania os deficientes auditivos do nosso município.