sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

E VIVA OS CORVOS DO NOSSO LIXÃO

(Um desafio aos alunos da região do Alto Uruguai Catarinense)

Cesar Techio
Economista – Advogado
techio@concordia.psi.br

Onde têm corvos tem carniça. Os corvos são omnívoros, se alimentam de pequenos invertebrados, sementes e frutos. Mas, também possuem hábitos necrófagos e vivem voando em círculos procurando restos do intenso consumismo humano (somos os animais que mais produzem lixo no planeta, em torno de um quilo por dia). Fruto de alta inteligência e, certamente de consciência ambiental, em Concórdia buscaram como lar e local de trabalho, o lixão, impropriamente conhecido por Aterro Sanitário. Num antigo barracão abandonado, se envolveram em intensa atividade de reaproveitamento de lixo. Sem receberem um centavo sequer, cientes da lei 12.305 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, vigente desde 02/08/2010, resolveram colaborar: separam o lixo, extraindo dele materiais orgânicos. O problema é que, por conta de um tremendo descaso, todo o lixo de Concórdia é destinado ao aterro sanitário. Parece que as autoridades desconhecem que, através da reciclagem, compostagem e biodigestão é possível aproveitar praticamente 100% do lixo urbano. Seria extremamente fácil para o Município de Concórdia e para os demais municípios da região da Amauc, em consórcio, implantarem uma Usina de Reciclagem de Lixo. Beira a irresponsabilidade, senão improbidade administrativa, não tenham, ainda, implementado um projeto tão importante e essencial aos interesses da população. Ora, se não quiserem botar a mão na massa, que abram licitação visando a redução progressiva e urgente da quantidade de lixo destinada ao aterro.

Os empresários que toparem entrar nesta, vão faturar um bom dinheiro. O aproveitamento do lixo pode ser feito de três formas: 1º- Compostagem: transformação do lixo orgânico em adubo; 2º - Biodigestão: produção de biogás; 3º - Reciclagem: aproveitamento do lixo como matéria prima (plástico, vidro, papel, alumínio, etc.). Poderia participar da licitação somente uma empresa ou um consórcio de empresas, com perspectivas de um lucro extraordinário, tanto através da comercialização dos produtos derivados do lixo, como de créditos de carbono (certificados previstos no Protocolo de Kyoto, relativo à quantidade de gases poluentes que deixarão de ser lançados na atmosfera). O mercado está cheio de profissionais que atuam na área de projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e, na internet, é fácil encontrar orientação sobre o assunto. Os municípios interessados, também teriam direito a um percentual do valor faturado. Aliás, a separação do lixo, ainda em casa, é a base de tudo, pois é lá, no seio da família, que nasce e se estrutura a nossa educação.

Educado e, respeitando a separação do lixo, um colega advogado, o Dr. Evandro Benelli, resolveu levar até o lixão alguns quilos de papel, vidro e plástico, separados. Ficou triste e desnorteado ao verificar que lá, no Aterro Sanitário, estava tudo misturado. Uma mina de ouro sendo soterrada com grave prejuízo ao meio ambiente: plástico, papel, vidro, com resto de comida. Uma nojeira. Ele ingressou com uma representação no Ministério Público. Sabendo da história fui lá e fotografei. As fotos estão no meu blog http://concordiambiental.blogspot.com/. Mas, talvez, ainda possamos consertar isso. O vice-prefeito de Concórdia, Neuri Santhier, desponta como um dos poucos políticos bem preparado e preocupado com o assunto. Ele está por trás de um projeto sério que contempla ações voltadas ao desenvolvimento auto-sustentável. Veja o “Projeto Concórdia 2030” no site http://concordia2030.com.br/. Se tudo der certo, os nossos corvos vão ficar no olho da rua.

Pensamento da semana: Desafio os alunos de 1º e 2º graus das escolas da região da Amauc para que façam um abaixo assinado com este texto e enviem para o prefeito de seu município, exigindo uma Usina de Reciclagem de Lixo.