Aqui
no sul é costume tomar chimarrão logo cedinho. Acostumei-me ao hábito da cuia,
pelos gabinetes de trabalho do antigo Centro de Documentação e Pesquisa da
Unisinos. De mão em mão e nas reuniões de trabalho com Roque Lauschner, Jose
Odelso Schneider, Jose Ivo Follmann, Jose Renato Soethe, o fundador Pedro
Calderan Beltrão (cantava forte, cantava alto em sua última visita à antiga
sede), Alcido Arnold, Marco Antonio Fetter entre outros, estranhei, quando pela
primeira vez me ofereceram aquela imensa cuia gaúcha, de porongo, recheada de
erva verde. Depois da dificuldade da
primeira tomada (que parecia não ter fim), concentrado no que se discutia
naquela imensa mesa da sala de reuniões, o amargo do chimarrão, de mansinho foi
se tornando doce. O Cedope da Unisinos não existe mais e seu ex-diretor, Pe.
Roque Lauschner SJ, há muitos anos foi participar das rodas de chimarrão
celestiais com seu amigo, ex-reitor da Unisinos, Pe. Herbert Ewaldo Wetzel. Às
vezes me surpreendo com o olhar perdido na cuia de chimarrão matutino, aqui no
escritório de advocacia, recordando daquelas reuniões que se desdobravam em
pesquisas e ações por todo o Brasil e em alguns países da América Latina.
No centro de todas as discussões, propostas,
reflexões e projetos, a ideia básica era a de que a agroindústria cooperativa
se constituía no principal agente de fortalecimento das microrregiões do país,
o caminho principal de fixação do homem no campo e a que mais viabilizaria a
geração de renda e emprego. Sobre a agricultura familiar a preocupação latente
pairava em torno de várias perguntas, como por exemplo, as publicadas numa
resenha de 1994, da lavra de meu amigo: “Há duas formas de as explorações
familiares se inviabilizarem: 1) manter baixos níveis de produtividade (do
fator trabalho e capital e dos insumos) a nível de exploração; 2) não
integrar-se em complexos rurais (ou cadeias produtivas) eficientes. A pergunta
que poderia ser feita é a seguinte: Em que medida o cooperativismo poderia ser
uma das formas de organização que viabiliza a agricultura familiar? Até que
ponto o cooperativismo pode modernizar a administração das explorações rurais e
tornar eficiente o complexo rural de cada produto, maximizando os resultados
para a agricultura familiar? Se no ano 2028 os que armazenam, processam e
distribuem alcançam 81,6% do valor do complexo rural mundial, pode o
cooperativismo beneficiar os produtores familiares?”
Na
minha despedida, enquanto tomávamos as últimas cuias de chimarrão, conversamos
animadamente sobre uma forma de continuar colaborando com alguns projetos do
Cedope. Aproximando-se o momento de partir, quando já alcançava a porta de
saída, Roque Lauschner me disse: “Pra que a pressa? Tome mais um mate”.
Pensamento
da semana: “A saudade eterniza a presença de quem se foi. Com o tempo esta dor
se aquieta, se transforma em silêncio que espera, pelos braços da vida um dia
reencontrar.” Pe.
Fabio
de Melo
Pensamento da semana: “A saudade eterniza a presença
de quem se foi. Com o tempo esta dor se aquieta, se transforma em silêncio que
espera, pelos braços da vida um dia reencontrar.” Pe.
Fabio de Melo