quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Enchente em Concórdia: Essa foi por pouco.

Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com.br


O controle das águas pluviais decorrentes das intensas chuvas dos últimos dias, pela barragem seca, construída acima do Parque de Exposições somente foi possível devido a intermitência ou irregularidade da precipitação. Chovia forte a cada uma ou duas horas, por 15 ou 30 minutos. Depois parava, dando tempo para as águas escoarem e serem, em tese, controladas pela barragem. Na realidade o mecanismo é insuficiente para evitar uma enchente devastadora, no caso de precipitação intensa por mais de uma hora. A história de enchentes em Concórdia vem de longa data. Já no ano de 1983, o Município foi assolado por duas enchentes de proporções tão graves quanto à de 1998 que varreu o centro da cidade, destruindo casas, lojas comerciais, dizimando rebanhos, destruindo plantações com prejuízos incalculáveis num grande rastro de destruição. Desde então, as autoridades constituídas, tem plena consciência do grave problema e do perigo que representa o desvio do leito natural do rio e a impossibilidade de escoamento das águas no estreito canal construído pelo Município.

Já escrevi sobre isso e volto a insistir: A diferença fundamental entre as enchentes ocorridas depois da de 1983, é de que estudos demonstraram que fortes chuvas são devastadoras e que a administração Pública, gestão após gestão, pouco importa o partido, inegavelmente, não resolve o problema de forma definitiva. Informações técnicas de há muito indicam o perigo potencial que representa o Rio dos Queimados: 1988. Magna Engenharia Ltda. Estudo preliminar de 3 bacias de retenção. 1989. Planenge. Análise de 5 bacias de retenção com recomendação de adoção de canal extravasor. 1990. Eletrosul. Análise da barragem de abastecimento como inepta para redutora de cheias. 1992. Eletrosul. Relatório e projeto de galeria extravasora. 1998. Logo Engenharia S.A. Projeto de galeria extravasora. Estudos posteriores indicam a necessidade imperiosa da construção de canal paralelo ao rio como solução segura e definitiva para enchentes.

A hipótese é, pois, de omissão do dever de realizar, o Município, obras públicas necessárias ao escoamento (e não retenção) de águas pluviais. Então, com o histórico que temos é pacífico que enchentes nesta cidade continuam a ser fenômenos inteiramente previsíveis e, do quanto todo mundo sabe, evitáveis. Evitáveis são episódios, com quedas de muros, lamaçal invadindo residências, perdas materiais irreparáveis, enquanto em época de campanha eleitoral candidatos prometem construir o canal extravasor e depois, ao quanto parece se deitam na própria inoperância, na inépcia mais absoluta porque, até agora, nenhuma obra realmente eficaz foi realizada para evitar enchentes. A nossa realidade topográfica não deixa dúvidas, de que o rio dos queimados já foi rio. Não é mais, senão um canal de concreto para escoamento de águas pluviais. Daí a necessidade de percebermos, que o rio transborda porque roubou-se-lhe grande parte do leito original, desviou-se-lhe o curso, obstruiu-se-lhe a passagem livre, etc., por necessidade imperiosa do crescimento urbano numa região acidentada. E essa questão tem solução. Todavia, é omisso o município no deslinde desta grave situação que atinge a população. E, se a cada campanha os candidatos prometem resolver o problema e depois de eleitos não o fazem, é hora de elegermos alguém que assuma com seriedade este compromisso, pois, anotem aí, enchentes devastadoras e de grande porte voltarão a ocorrer. É apenas uma questão de tempo e de ingenuidade do eleitor.

Pensamento da semana: "Toda oportunidade tem um custo. Se aproveitada torna-se um investimento. Se negligenciada pode tornar-se um débito irrecuperável."