quarta-feira, 7 de julho de 2010

INTROSPECÇÃO


Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Você percebeu, neste espaço de mídia, a formatação de um ambiente destinado a gerar um interesse genuíno pelas pessoas, um especial cultivo pela qualidade e sinceridade do conteúdo, uma atitude mental aberta e positiva sobre a sociedade, a história e a própria vida. Meu maior problema, ao iniciar um texto, não é a escolha do tema, do título e da curiosidade que ele estrategicamente pode despertar, mas a gestão do tempo. Primeiro do meu tempo e depois do tempo do leitor. Parece-me demasiadamente enfadonho, por exemplo, falar sobre futebol, mesmo em meio a uma Copa do Mundo quando todo mundo fala sobre o assunto. E, se o fizesse falaria sobre as qualidades e responsabilidades pessoais que um trabalho em equipe exige, os quais, quando inexistentes, levam a ineficiência do conjunto e ao insucesso das metas arquitetadas (não foi o caso?).

É preciso valorizar muito o conhecimento, o desenvolvimento da capacidade intelectiva, de compreensão e de consciência sobre os valores, princípios, doutrinas, costumes e ideologias que dominam o nosso cotidiano. A gestão do meu tempo ao escrever estas crônicas, me leva sempre a fazer um convite, mesmo que breve, para que o conteúdo delas incite o desenvolvimento cognitivo, desafie a habilidade do contraditório, do pensar diferente, do descobrir o que vai por trás dos fatos.

Não tenho paciência para veleidades. O senso comum não é a minha praia. Nossos atos, atitudes, falas, gestos e forma de se conduzir devem modelar comportamentos dentro da sociedade em que vivemos. A qualidade de atitudes e decisões para mim não é apenas um diferencial. Na verdade é um patamar básico. A indignação frente a erros e equívocos deve ser divisor de águas, onde quer que voce esteja. Estes conflitos jamais podem ser aleatórios, senão intrínsecos às exigências de nobres ideais. O custo sempre é altamente compensador. Perde-se “amigos”, relacionamentos e se é estigmatizado. Mas o alicerce é bíblico: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma? (Mt 16,26).

A fatuidade ou presunção ridícula dos que criticam, injuriam e, no popular, “metem a lenha”, reside no fato de que agem dentro da lógica, do esperado, pois desnudam o abismal precipício, a dualidade, a dicotomia entre o meu comportamento e o deles. A única preocupação é eventual apologia à minha conduta, pois poderiam passar a idéia de que somos iguais. Enfim, ao escrever me coloco na posição de quem lê. E acabo sempre sorrindo, me surpreendendo. Percebo que desenvolvo uma idéia e, de repente concluo de forma inusitada, até para mim. Em crônica pretérita escrevi: ”Na realidade as informações que um curso universitário, de mestrado ou doutorado oferece são positivas, pois franqueiam aos estudantes uma maior consciência da própria ignorância.” Ora, não seria mais adequado afirmar que a formação acadêmica é positiva, pois permite aos estudantes “uma maior consciência de suas responsabilidades”? Vem bem a calhar, no findar do segundo ano de minha modesta participação neste espaço, a humildade de Fernando Pessoa: “Depois de escrever, leio... Por que escrevi isto? Onde fui buscar isto? De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu... Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta. Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...”.