quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

“CERTAS COISAS SÃO AMARGAS SE A GENTE AS ENGOLE”

Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Com um custo milionário estimado entre 15 a 18 milhões de reais, começa em janeiro de 2011 a denominada “revitalização” do Parque de Exposições. Os primeiros 2,5 milhões vão para o espaço multiuso: esporte, lazer, festas e feiras, banheiros, pórtico de entrada e quadras esportivas. O projeto foi desenvolvido pelos engenheiros e arquitetos da prefeitura. Portanto, pelo menos neste aspecto houve economia. Não se pode olvidar que, muitas obras, serviços e projetos custariam bem menos ao erário se fossem realizados pela própria Prefeitura... Todavia, em que pese o senso comum apontar para a necessidade de revitalização daquele espaço, é necessário repensar novos paradigmas que levem em conta novo layout para o crescimento urbano da cidade. O primeiro tem a ver com o grave problema das enchentes. No último dia 21 de dezembro de 2010, por exemplo, o Rio dos Queimados quase transbordou. Pouco ou nada se faz de forma eficaz para acabar com esse problema. O açude em construção à montante do Parque de Exposições parece pequeno e insuficiente para reter grande volume de água em contínua precipitação pluviométrica. Antigo projeto, ao tempo da gestão do prefeito Ivo Frederico Reich, previa a construção de uma grande barragem em terras desapropriadas. Mas tudo se perdeu no tempo, em que pese alertas contínuos da Aecom (Associação dos Engenheiros de concórdia).

A construção do canal extravassor começou em alguns metros nos últimos meses da gestão Neodi Saretta e parou. É de aporrinhar as galhofas repetidas a cada eleição pelos candidatos a prefeito. O primeiro que se comprometeu publicamente a viabilizar a construção da barragem ou do canal extravassor ou de ambos, em campanha eleitoral que lhe rendeu assunção política e o cargo de prefeito, foi Moacir Sopelsa, no final de 1992. O anterior, Odacir Zonta, em que pese ciente do problema, também navegou em águas turvas da enchente sem erguer uma palha para resolver o problema. Ou seja, há quatro décadas enchentes devastam o Parque de Exposições de forma que me parece uma temeridade gastar milhões na revitalização de um espaço em permanente situação de risco. Para garantir segurança ao Parque de Exposições e a toda a cidade abaixo dele, o dinheiro gasto com a revitalização deveria ser, em primeiro lugar, orientado para a recuperação da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, proibindo a emissão de licenças ambientais, projetos de loteamentos (uma verdadeira insanidade para quem quiser ver), fazendo plantação de árvores nativas, reconquistando a flora e fauna, desapropriando áreas ainda não construídas, entre outras medidas urgentes. A verdade é que tanto o açude como o futuro canal extravassor não agüentarão tanta destruição na área de absorção das chuvas a montante do Parque. O segundo paradigma é de natureza locacional. Ora, vão revitalizar o Parque de Exposições excluindo estacionamento para veículos já para a Expo Concórdia 2013? Morro de rir. Dá para acreditar? A verdade é que aquele ambiente não comporta mais grandes feiras e exposições e que o modelo urbano de nossa cidade está esgotado. Com uma máquina pública como a Prefeitura na mão, parece que a Administração segue na perfumaria, com muito discurso e propaganda de natureza ambiental e de futuro, mas sem apresentar projetos consistentes.

Pensamento na última semana de 2010: "Fiquem tranqüilas as autoridade. No Brasil jamais haverá epidemia de cólera. Nosso povo morre é de passividade". Millôr Fernandes, idem o título acima. Felicidades a todos e até o ano que vem.