Cesar Techio
Economista – Advogado
Quem diria, foi preciso o FBI prender em Zurique, na Suíça, sete dirigentes e
cinco executivos da FIFA, indiciados por extorsão e corrupção, para que no
Brasil, o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), despertasse. E
no início desta semana, o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, também foi
indiciado por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsidade ideológica e
falsificação de documento público. Meio bilhão de reais foi o valor que o
dirigente movimentou na sua conta pessoal. O COAF estava fazendo o que, nestes últimos
três anos? Mas, o que mais impressiona é que por trás da estrutura do
futebol, torcedores contribuem financeiramente para concentrar altos valores
nas mãos de dirigentes espertalhões, que enriquecem explorando a paixão popular.
E, convenhamos, a cartolagem do futebol é perfeitamente dispensável para a
prática do esporte. Nesta senda, não dá para entender como é possível tanta
gente perder tanto tempo sentada para ver um monte de pernas peludas correndo
atrás de uma bola. Não deveria ser o contrário? Ao invés de sentar na
arquibancada o povo é quem deveria jogar. Seria muito mais democrático
participativo e divertido.
Mas, realmente, o que chama a atenção nesta
história, é que foi preciso a justiça americana dos EUA, intervir na
roubalheira do futebol mundial para que o COAF, o Ministério Público, a Polícia
Federal, o Ministério da Justiça e o Congresso Nacional começassem a agir. E
olha que o Romário já vinha denunciado a corrupção na CBF há muito tempo.
Senador da República ele tem se esmerando nos últimos anos para moralizar o
esporte. Finalmente, neste 1º de junho de 2015 recebeu apoio do procurador-geral
da República Rodrigo Janot. E já existem assinaturas suficientes para a
instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a
roubalheira no futebol brasileiro. Aliás, ultimamente sentimos certo alívio com
a ação da justiça e da polícia que vai pegando peixinhos e peixões em
investigações brilhantes e corajosas por todo o país. E não se trata de
pescaria de aquário ou no Rio dos Queimados, mas de pescaria de alto mar, cujas
profundezas obscuras trazem peixes gigantes, das mais variadas matizes.
A
propósito, a seleção brasileira foi blindada no início deste mês de junho, na
Granja Comary, local onde se prepara para a Copa América. Os jogadores foram
proibidos de comentar a investigação da FIFA, como se não fossem pessoas
adultas e não tivessem personalidade ou opinião própria. Por que será? Ora, com
este quadro, não é defeso questionar se a vergonhosa derrota do Brasil na Copa
do Mundo de 2014 não teve o dedo da corrupção padrão FIFA. Que estrondosos
erros defensivos foram aqueles, os das pernas de pau, ou melhor, caras de pau?
A seleção saiu vaiada e os brasileiros humilhados. Afinal, foi incompetência ou
corrupção, na linha do que estamos vendo hoje? “Padrão FIFA”, baaah!