Vitório Mazzuco, OFM, Petrópolis
Na
sexta-feira à noite (28/11/2014) fez a travessia para o Itaquerão da Eternidade
o meu Mestre, Professor, Orientador, Confrade, Amigo, Modelo, Irmão e Santo,
Frei Agostinho Salvador Piccolo, OFM. Com ele tenho uma história e muita
história de vida! Cheguei ao Seminário de Agudos em 1966 com 12 anos de idade e
ele estava lá, com seu inconfundível perfume Pinho de Campos de Jordão, sua
paixão pela Formação e Educação, seu transparente modo de ser frade. Frei
Agostinho era a natural encarnação das palavras que ele mesmo gostava de
acentuar: amor-doação, amor-serviço, amor-fidelidade, amor-oração,
amor-generosidade. Nos ensinou na sala de aula e fora dela. Homem de horas e
horas frente ao Sacrário fazia da oração seu tempo e fazer sagrado. Nos ensinou
gramática, retórica, mística, espiritualidade e estética. Nos fez vibrar pelo
esporte e pelas regras de civilidade.
Torcedor
fiel do Corinthians era um fiel apaixonado pela atividade física, pelo basquete
e pelo futebol. Jovem de alma e coração nunca se deixou arcar pela idade.
Escreveu muito sobre São Francisco, Franciscanismo e sobre a Educação. Recebi
dele ainda este ano seu último livro: “São Francisco Sempre”. Sonhava morrer
dentro de uma Casa de Formação e Educação. No último Capítulo das Esteiras
convidou-me para irmos juntos visitar Dom Paulo Evaristo, que ele admirava
muito. E disse: “Temos que ir ao Profeta, pois ele nos espera lá para continuar
por algum caminho!”
Morreu na Rodoviária de São Paulo, sua cidade natal e que
ele amava muito; morreu a caminho de Bragança onde morava sonhando a
Universidade São Francisco de seus sonhos. Viveu a vida toda em seminários,
colégios e conventos, mas sempre no coração da Fraternidade e nos mostrando
Deus através da sua transparente vida de piedade. Não faltava em nenhum encontro
dos Frades e da Província. Onipresente e sempre contente. Educado, fino, leve,
atento e provocador em sua presença, fala e silêncio. Nunca esqueceu o nome e a
memória de nenhum seminarista, formandos e frades que passaram por sua vida.
No
seu quarto três pequenos altares: Nossa Senhora, São Francisco e um para o
Timão. Nunca vi um frade usar tão bem os documentos do Vaticano II como ele
usou! Sua Evangelização sempre foi para os Jovens! Fez da Juventude o seu ideal
missionário e da Escola a sua Casa e Causa! Alimentava, cuidava e regava suas
amizades com cuidado de jardineiro. Plantou em nós detalhes inesquecíveis de
trazer a vida para perto, e que certamente vão florir em nós sempre, porque
Frei Agostinho é uma planta que não sabe o que é fenecer, murchar, secar….ele
será sempre uma primavera encarnada! Vá em paz e não esqueça de nos chamar
sempre da Eternidade com seus maiúsculos e carinhosos diminutivos! Descanse na
merecida Paz Eterna! Paz e Bem, meu confrade!