quarta-feira, 30 de outubro de 2013

PROPAGANDA: ELA FAZ A TUA CABEÇA?

                                     
                                                  Cesar Techio
                                  Economista – Advogado
                                  cesartechio@gmail.com.br
              
                  O que faltam nas nossas escolas, desde o primário até a universidade, é formação lógica do raciocínio com o objetivo de ordenar os horizontes do conhecimento. Todo o dia obtemos informações através da mídia e dos conteúdos que nos são repassados pelos professores e pelos livros que lemos. Todavia, me parece fundamental que se aprofunde a compreensão daquilo que está sendo informado e, a partir disso, que se saiba expressar sinteticamente um ponto de vista sobre o assunto, com fundamentação adequada e  controlada.

             É lamentável como a maioria da juventude ouve e se leva pelo ouvir, vê e se leva pelo ver, se emociona e se deixa conduzir pela emoção, induzida por palavras e por encenações recheadas de idéias bem preparadas para convencer a qualquer custo. A propaganda massiva procura passar mensagens subliminares na maioria das vezes fantasiosas, com o objetivo de “vender o peixe”. Entretanto, uma simples reflexão pode levar à conclusão de que, “o peixe”, nada mais é do que um produto supérfluo, sem o qual é possível se viver plenamente feliz. O marketing  procura sempre estratégias ideológicas para criar necessidades psico-emocionais, no centro das quais palpita o ego individual, o qual acredita piamente que somente é possível se realizar no contexto humano e social possuindo bens materiais ou conquistando posições de poder. No epicentro de tudo isso, a propaganda enganosa constrói a idéia de que, para ser feliz, é preciso obter vantagens econômicas e financeiras ilimitadas.  

             Todavia, a penetrante influência dos meios de comunicação de massa no comportamento individual e coletivo, exige uma consciência que permita entender e avaliar criticamente o alcance do conteúdo das informações e o verdadeiro objetivo por trás do marketing que sustenta a propaganda. Por isso, as escolas e universidades precisam acentuar os estudos humanísticos essenciais para a compreensão da pessoa humana e incluir no curriculum da formação intelectual dos estudantes uma capacidade crescente de raciocinar lógica, reflexiva e criticamente.

            Dentro destes objetivos curriculares é preciso, ainda, inculcar na cabeça da juventude, um compromisso com uma formação intelectual que faça acontecer a justiça dentro de um nível de honestidade, retidão de pensamento e de atitudes. Existem valores muito maiores do que os orientados pela propaganda consumista e massiva.  A percepção distorcida da realidade, dos falsos valores e da entrega de ideologias estreitas de consumo deve levar a juventude a apreender a reconhecer e lidar com as influências de mídia e propaganda que podem tolher a sua própria liberdade de escolha.


Pensamento da semana: Um dia ou outro descobrirás que a beleza exterior nada mais é que a propaganda enganosa de cada ser humano. Verônica Barreto Fernandes

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

POLÍTICOS, SOCIALITES E DANO MORAL.



                                            Cesar Techio
                                            Economista – Advogado
                                            cesartechio@gmail.com.br
              
            Soa engraçado a revolta de figuras públicas, políticos, autoridades, gestores do erário, contra críticas que lhe são feitas na mídia. Acham eles que a divulgação de equívocos, erros, polêmicas, incontinência de conduta, má gestão e decisões que esbarram na lei de responsabilidade fiscal e no Código Penal, geram danos morais ressarcíveis, porque afinal, prejudicam a imagem, ferem a honra e abalam a credibilidade junto ao público e seus eleitores.   Todavia, se deve considerar que o dano moral é aquele que afeta a personalidade e ofende a moral e a dignidade da pessoa. Mas, para que isso ocorra é preciso que os queixosos realmente se conduzam com dignidade, senso ético, enfim, demonstrem que suas ações públicas são cobertas pelo manto da moral, da ética e da legalidade. O caráter inviolável da intimidade e privacidade de suas vidas deve ceder diante do interesse público pelo acerto ou não de suas decisões, ações e condutas, motivo pelo qual não possuem o direito de controlar ou impedir qualquer tipo de informação a respeito delas.

       Notórias pessoas públicas, inclusive socialites, são passíveis de comentários sobre aquilo que elas próprias desnudam nas colunas sociais e em locais badalados da polis. Mas, políticos e autoridades, estes são especialmente investigáveis, em tudo o que fazem e dizem e, data vênia, publicáveis suas ações diárias, em informações destituídas de propósitos injuriosos, caluniosos e difamantes. Aliás, ao tratar da comunicação social, em seu art. 220, a Carta Magna estabelece que "a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição", dispondo, inclusive, que "nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5°, incs. IV, V, X, XIII e XIV". 

        Resta, então, aos refratários a divulgação de suas vidas públicas, desapearem das colunas sociais, da notoriedade de que se fazem portadores, e da política, pois sabem que “quem está na chuva...”. A propósito, assim se manifestou Lédio Rosa de Andrade, operoso juiz da Comarca de Tubarão – SC, em processo de indenização por danos morais, autos 075.99.009820-0: “cada cidadão e cidadã é livre para escolher seu próprio caminho, mas quem trilha as veredas (...) das altas sociedades, data vênia, que aceitem seus tempos e contratempos, e deixe o Poder Judiciário cuidar dos conflitos realmente importantes para a comunidade em geral”.


 Pensamento da semana: “Paz e Bem" (cumprimento franciscano).

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

DeMolay: um novo tipo de juventude.

Cesar Techio
Economista – Advogado

              
    Os que possuem menos de 21 e mais de 12 anos; os que professam a crença em Deus e reverenciam Seu Santo Nome; os que afirmam lealdade à pátria; os que aderem à prática de moral pessoal e buscam cultivar a cortesia, o companheirismo, o amor filial, a reverência pelo sagrado; os que buscam a fidelidade aos compromissos, aos irmãos, amigos e a Deus; os que buscam a pureza de pensamento, palavras e ações e cultivam amor e respeito à pátria, ao povo e as suas origens; os que buscam ser bons cidadãos, honestos e respeitadores das leis.  Com estes buscadores e com todos os jovens que se propõem promover a justiça, a caridade e a trabalhar pela paz, será possível criar um novo tipo de pessoa e de sociedade, na qual cada um aceita a responsabilidade de promover práticas de comportamento pessoal e coletivo sob as luzes de um genuíno senso da dignidade da pessoa humana.

  Esta nova juventude tem rosto, voz, consciência e passou a aparecer em vários eventos pelo Brasil, em especial em campanhas intituladas “Faça um Sorriso”, com o slogan  “A alegria de dar deve ser maior do que a de receber.” Com efeito, não pode haver verdadeira conversão aos princípios que movem as propostas de vida assumidas por esta juventude, se não houver obras de justiça e de caridade. Como preparação para um compromisso de vida, a prática da caridade, como a de distribuir alimentos aos necessitados, é a oportunidade de contato real com o mundo da injustiça, no qual alguns vivem refestelados na opulência, enquanto a maioria passa fome e necessidade. De forma que a análise da sociedade dentro dos fundamentos da formação DeMolay e sob a perspectiva leiga de quem observa e se emociona com estas ações de caridade, é também a da oportunidade de uma nova mentalidade na qual se busca contato direto com dimensões estruturais da injustiça.

   Ao coletar e distribuir alimentos aos carentes, cada jovem vai adquirindo consciência dos graves problemas sociais e, se envolve com eles na busca de soluções. Mas, o que mais me toca, em vê-los saírem da zona de conforto, é o grau de influência que podem ter sobre outros jovens; é a linha de ação com efeitos pedagógicos sobre seus semelhantes e sobre as estruturas sociais; é o testemunho concreto do compromisso com princípios que promovem a justiça. Mas também é o contratestemunho aos valores da sociedade de consumo, da arrogância, do egoísmo e da insanidade que move esses tempos.


Pensamento da semana: “Eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor.” ―Walt Disney

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

PROFESSORES X BADERNEIROS


Cesar Techio
Economista – Advogado
        
      
         A destruição de prédios públicos e privados em São Paulo e no Rio de Janeiro por baderneiros infiltrados na greve dos professores deixa transparecer uma nuance de uma mesma realidade. De um lado o professor pedindo a valorização do ensino, melhores salários, plano de carreira, desafiadoramente preservando sua razão, dignidade e consciência. De outro o destruidor, baderneiro num processo de irracionalidade, contribuindo para a derrota do próprio movimento. A nobre profissão de professor é a mais importante e fundamental para a sociedade, pois dela derivam todas as outras. Mas, ensinam eles, que não é destruindo que se contribui para o avanço de conquistas.

       O caos instalado no ensino, com reflexos graves na formação dos alunos, exige que o Estado, dentro das garantias institucionais do Direito e da Justiça, aja com determinação em duas frentes. Primeiro pagando bem, mas muito bem mesmo, aos professores. Segundo, com eficiente determinação contra todo o cidadão que ameace a carta democrática através de atos de vandalismo e destruição.

    O padrão de civilidade, de tolerância democrática, de convivência pacífica e de conduta que nos obriga à consciência, de que o nosso direito termina onde começa o do outro, impõe um Estado no qual haja solidez da ordem pública, pois sem ela, não é possível coexistir e mesmo sobreviver. É bem verdade que a sensibilidade moral se situa no plano da individualidade, e varia de pessoa a pessoa, mas, regras básicas de civilidade hão de ser observadas contra toda a perversidade e contra todos os impulsos primários irredutíveis à convivência social.

       Estas regras básicas impõem, andar conforme a razão, proceder na vida com lealdade e boa fé, construir uma identidade moral lastreada no respeito aos semelhantes e, principalmente, defender as instituições sociais como a família, igreja, escola, fábrica, empresa, clube, associação, entre outras, por serem as mais relevantes âncoras para a nossa felicidade. Se, apreendermos a cumprir minimamente estas regras básicas, pacificaremos os extremistas baderneiros, afastaremos os homens públicos descompromissados com a educação e daremos muito mais qualidade e contextura a nossa existência comum.


       Pensamento da semana: “O homem fraco teme a morte, o desgraçado chama-a; o valente procura-a. Só o sensato a espera.” Benjamin Franklin. 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

JOGOS PERIGOSOS


Cesar Techio
Economista – Advogado
        
      
                O jogo mais caro da história, o GTA V, que custou 265 milhões de dólares, no qual nas cenas mais leves o jogador tem de atirar em policiais e roubar inocentes e nas mais pesadas o sequestro e tortura, usando alicate para extrair informações para encontrar e assassinar outra pessoa, entre outras barbáries chegou às lojas e, segundo Felipe Vilicic e Victor Caputo (Veja, edição 2.340 de 25/09/2013) se consagrou como o produto de entretenimento de mais rápido sucesso comercial da história. A contribuição destes jogos e desafios é a de formar uma mentalidade belicosa, agressiva e uma humanidade opressora, cujo preço a pagar é fácil de constatar pela monstruosidade que explode em notícias televisivas diárias de um mundo que está mudando, para pior.

            Os jogos sangrentos, disponíveis na internet, são os mais virulentos destruidores de cérebros e os mais perniciosos matadores dos ideais da juventude, porque deles, ao contrário dos filmes, os jovens participam. Parece que a natureza humana tem uma tendência para atitudes temerárias, incomodativas, persecutórias, agressivas, e para participar de situações cuja meta sempre é a de eliminar o adversário, sem maiores considerações a respeito das consequências da violência fortuita que move o próprio jogo, fonte de sofrimento e degradação pessoal.

            A mentalidade dos criadores destes perversos jogos e dos que deles participam, no fundo é a mesma da maioria dos que não possuem compromisso com a racionalidade, com o exercício do pensamento e com o questionamento sincero a respeito dos verdadeiros valores que levam à uma vida justa, produtiva e feliz. Na realidade, todo o dia encontramos este tipo de jogador pelo nosso caminho. Não é difícil reconhecê-los pelo perfil de comportamento que apresentam, sempre em atitude conflituosa, prontos para mentir utilizando o braço das instituições e da sutileza. Sem responsabilidade ética, são verdadeiros monumentos humanos à ignorância, à injustiça e a desgraça, na medida em que sugerem ataque permanente à paz social e aos princípios e valores mais caros que regem a vida em sociedade. Convém, portanto, sermos vigilantes, adquirirmos uma consciência pautada em valores perenes e, acima de tudo, demonstrarmos para nós mesmos e para as novas gerações, que o jogo da vida impõe outras regras: a da disciplina, esforço pessoal, cooperação, compaixão e trabalho.


Pensamento da semana: A missão da Maçonaria é a de "fazer amigos, aperfeiçoar suas vidas, dedicar-se às boas obras, promover a verdade e reconhecer seus semelhantes como homens e irmãos".

terça-feira, 1 de outubro de 2013

HERMÍNIO MAZOCCO: FIM DE UMA ÉPOCA DE OURO.

Cesar Techio
Economista – Advogado
        
      
         Em festa, rodeado por amigos, filhos, admiradores e por cantantes italianos, no alto de seus noventa anos Hermínio Mazocco se despediu de todos e deu por encerrada sua pródiga e belíssima participação na história de nosso município e região. Era daqueles homens de fibra, puro cerne de madeira de lei, das primeiras gerações dos descendentes de italianos que migraram da Itália para o sul do Brasil, como a maioria dos nossos pais. Vieram para essa região, cheios de entusiasmo, com vontade de trabalhar, constituir família, criar os filhos, fazer muitos amigos e, principalmente, determinados a criar o futuro. Hermínio ingressou no cenário concordiense em 1955, quando iniciou os trabalhos junto a antiga rodoviária, para logo depois, junto com Fioravante Fracasso, inaugurar o hotel e churrascaria, empreendimento pelo qual seu nome ficou registrado na história gastronômica dos costumes da região como o melhor churrasqueiro de Concórdia.

          Se bem me recordo, de tenra idade, sentado à mesa da churrascaria com meu pai, lá vinha o “Seu Mazocco” com aquela carne de primeira e, junto com ela, um papo amistoso, alguma informação, uma boa piada e aquela gargalhada. Na Associação dos Motoristas, já se aposentando, em dobradinha com seu amigo Domingos Fávero, era figura ímpar e indispensável para animar os fregueses a quem cativava com palavras de ânimo e muitas vezes conselhos, o que o elevava a pessoa muito admirada por todos. Como bom italiano, já em idade provecta, curtiu muito a vida, partilhando sua alegria de viver com todos que encontrava pelo caminho, em especial seus companheiros do Grupo de Veteranos de Concórdia. Jogo de quatrilho, bocha, cantoria e dança, faziam parte da vida de um menino quem só envelheceu por fora.

         A contribuição que Hermínio Masocco nos deixa, com sua história, foi a de fixar como modelo de vida, a beleza da simplicidade, a responsabilidade pelo trabalho, a sincera amizade e o amor por sua esposa e pelos seus nove filhos, Generice, Anelio, Antonio, Isabelita, Luiz Alberto, Americo, Jose Alberto, Jacir Herminio e Maria Regina, sementes de um modo de ser revelado pelo agir corajoso de seu pai frente as adversidades da vida, e de um tempo, no qual ele foi exemplo. Com a despedida de Hermínio Masocco, ficou a impressão, que pessoas como ele, como meu velho pai, entre outros tantos, marcaram uma época de ouro em Concórdia, sustentada por valores que jamais vão morrer.  Eles deram o tom e as cores que hoje movem nossos sentimentos, nossos passos, maneira de ser e de viver. A eles nossa gratidão e saudades.


Pensamento da semana: Embora seja curta a vida que nos é dada pela natureza, é eterna a memória de uma vida bem empregada. Cícero