quarta-feira, 13 de novembro de 2013

JOGOS PERIGOSOS: DOR, SOFRIMENTO E MORTE.


  
                                            Cesar Techio
                                            Economista – Advogado
                                            cesartechio@gmail.com.br
              
            
     A cronica “Jogos Perigosos”, publicada por liberalidade por alguns jornais, sofreu rigorosa crítica de um leitor do Paraná. No GTA V, nas cenas mais leves o jogador tem de atirar em policiais e roubar inocentes e nas mais pesadas, sequestrar e torturar, usando alicate para extrair informações para encontrar e assassinar outra pessoa, entre outras barbáries. Segundo ele, eu não deveria usar a mídia para lançar palavras tão pesadas contra o jogo, do qual ele é afeiçoado, pois se trata de puro entretenimento e, sendo advogado de uma multinacional, com visão crítica e formação intelectual, nem por isso sai por aí atirando nas pessoas. Respondi que o problema não está no jogo, em si, mas na cultura de violência sugerida por todos os jogos do gênero que acabam formatando um ideário, uma ideologia, um sistema comportamental que causa dor, sofrimento, angústia, miséria e morte. Por que não participar de um jogo no qual ganha o jogador que encontrar a melhor solução para construir casas populares, melhorar o saneamento básico ou diminuir a fome e a desigualdade social, por exemplo?  Handebol, voleibol, futebol, vôlei  futsal, natação, atletismo e outros jogos coletivos que permitem construir estratégias de vitória em equipe, certamente contribuem muito mais para a formação da juventude e para a existência de uma sociedade feliz do que jogos nos quais outro ser humano tem que morrer.

     Nos jogos violentos, o sangue, a dor alheia, o massacre e a morte passam a ser coisas corriqueiras de tal forma que a mentalidade do jogador, diante de um impasse, será sempre, como única opção, a de destruir a pessoa do outro.  Afirmar que um viciado nestes jogos não possa apresentar, mais cedo ou mais tarde, reações semelhantes a do jogo no meio social em que vive, é pura ingenuidade. Notório é que, pretextando diversão, os amantes destes jogos gostam de situações nas quais é patente a inexistência de qualquer sentimento ou consciência de que a vítima por eles abatida no jogo, também é um ser humano, filho de um pai e de uma mãe, integrante de uma família e de uma sociedade.

     De forma que, com a devida vênia do leitor, jogos violentos acabam com a integridade, com a inteireza e com a força moral de quem joga sistematicamente. Eles escravizam a mente dos jogadores de forma sofisticada. Trata-se de uma escravidão sutil, moral, psicológica e espiritual que manipula mentalmente e enfraquece o ser humano, extraindo de sua cabeça e de seu coração alternativas humanistas, civilizadas e diplomáticas para a solução dos conflitos.


Pensamento da semana: “A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida, a liberdade do ser humano”. João Paulo II.