quarta-feira, 2 de março de 2011

“O DIREITO DE SENTIR PRAZER”

Cesar Techio
Economista – Advogado
techio@concordia.psi.br

É uma feliz coincidência o tema desta crônica no portal do carnaval, época escolhida para o prazer carnavalesco nos quatro cantos do país. Não vejo impedimento no campo religioso ou moral, para que possamos sentir prazer naquilo que fazemos: prazer espiritual, psicoemocional, carnal e sexual. Na realidade, acho que é imperativo que passemos por essa vida de forma prazerosa. Cada fase dela tem seu perfume, seus matizes. A juventude não é o apogeu da vida. Ao contrário, o cume, o ápice é a maturidade. Os que pensam no passado como uma perda e, com o passar dos anos deixam de aproveitar a vida, com certeza tomam o caminho contrário ao da felicidade. E isso precisa mudar. Ao invés de envelhecer, precisamos amadurecer e, de preferência, com charme. O primeiro passo é sermos nós mesmos, sem preocupação com o que os outros pensam ou dizem da nossa alegria e do nosso pulsar. Precisamos ser autênticos, sinceros, amáveis, cordatos consigo mesmos e recusar a sermos vítimas do medo de envelhecer.

Às vezes me pergunto por que existe tanta gente crescidinha, cheia de escrúpulos em dançar, festejar e sorrir. Vivem falando em Deus e negam a vida que Ele deu. Preocupam-se, dia e noite, em negar o próprio corpo e os prazeres carnais e emocionais, esforçando-se por associá-los a pecado e permissividade. Discordam dos próprios sentidos e negam a maravilhosa e exuberante vida recebida, por milagre, dos Céus. Vivem da imagem, do apreço dos outros, do que pensam os vizinhos, da respeitabilidade conquistada e da esperança na eternidade. Mas, se não conseguem espelhar o verdadeiro amor de Deus, através da alegria de viver, no tempo presente, como podem esperar vivê-la depois da morte?

É preciso fluidez, suavidade, brilho e acima de tudo, sentimento. Não se vive de modo intelectualizado, fazendo contas, verbalizando ensinamentos, conceitos, filosofias, doutrinas e orientações. Não somos macacos e a maior desgraça desta vida é ficarmos repetindo os pensamentos, as idéias e a consciência dos outros. Vivemos empoleirados na cabeça, calcificados e com medo do resto do corpo. Todavia, pela vontade do próprio Criador, somos uma unidade orgânica e espiritual. Precisamos viver de modo completo, permitindo que a vida flua intensamente, da cabeça aos pés. Precisamos valorizar e amar essa dádiva divina que é o nosso corpo e os prazeres que, com inteligência e juízo, ele pode sentir. Não espere por milagres. Essa vida já é o milagre. Não aguarde para viver no céu. Comece a viver o céu já aqui. Não se intoxique com bobagens nem viva de vapores etílicos. Relaxe e copie as crianças sem ser infantil. Viva com muita intensidade e plenitude e, principalmente, corra de todo radicalismo e fundamentalismo religioso.

Pensamento da semana: Enquanto isso no Egito, o pensamento do Xeque Yusuf Al Qaradawi, da Irmandade Muçulmana: 1 – “A circuncisão feminina (mutilação genital) não é obrigatória, mas os pais devem submeter suas filhas a ela se quiserem. Pessoalmente, sou favorável a isso” 2 – “Pode até haver algumas mulheres que não concordem em apanhar do marido e vejam a punição como humilhação. Muitas mulheres, porém, gostam de apanhar e consideram adequado que o marido bata nelas apenas para fazê-las sofrer”. Fonte: Revista Veja edição 2206, pág. 96, “O que eles fariam no poder”, edição de hoje, nas bancas.