quinta-feira, 28 de maio de 2009

BRASIL FOODS PATROCINA FUTEBOL CONCORDIENSE

“BRASIL FOODS PATROCINA FUTEBOL CONCORDIENSE”
Cesar Techio
Economista – Advogado - cesartechio@gmail.com
Não se pode negar que as atuais lideranças das empresas Sadia e Perdigão conseguiram uma verdadeira proeza com a concretização da mega-fusão empresarial, perseguida, especialmente pela Sadia, há décadas. Entretanto, o prejuízo de dois bilhões e meio de reais sofridos por esta, graças a operações mal sucedidas em derivativos, certamente foi decisivo para que as partes chegassem a um consenso. Mas, convenhamos, ao invés da Sadia comprar a Perdigão, como sempre foi sonhado, o que ocorreu foi exatamente o contrário, uma vez que o controle acionário da nova empresa pertence em 68% aos acionistas desta última. Relevante, contudo, é a capacidade de gestão, plano de ação e velocidade de reação da nova e gigante empresa frente à crise econômica mundial. O que se prevê, é que ambas saiam fortalecidas da crise, com maior rentabilidade e expansão de suas atividades.
Este é o único raciocínio plausível, em especial para a comunidade concordiense, berço da empresa Sadia, a de que a BRF gerencie e encare a crise de forma eficaz, a fim de que se mantenham os empregos diretos e indiretos, tributos, impostos, que sempre dinamizaram o crescimento do município. Sem saudosismos, todos aqueles que viveram a história da Sadia, hão de adotar a mesma postura pragmática, objetiva e otimista dos acionistas da empresa quanto à maximização de desempenho da BRF. As medidas tomadas se constituem numa resposta inteligente à atual crise. Esta capacidade de reação, todavia, deve ser aguçada daqui por diante, pois não se sabe qual a extensão da crise e se esta não se agravará nos próximos tempos. São necessárias medidas eficazes para preparar a empresa, não só para a retomada de crescimento, mas para protegê-la de outros graves incidentes de percurso.
Quanto a Concórdia, em crônica precedente (“Sadia, uma História”) menciono os bons tempos em que a empresa investia na comunidade local, mantendo com ela relações sinérgicas de parceria, inclusive no esporte. Quem não lembra dos tempos de glória da Sociedade Esportiva Recreativa Sadia – SER- Sadia? Como parte do plano, acima referido, certamente numa excelente estratégia de marketing para firmar a nova marca “BRF”, o presidente da Perdigão Nildemar Secches e o presidente da Sadia, Luiz Fernando Furlam foram fotografados exibindo uma camiseta com a logomarca da Brasil Foods, num patrocínio ao Corinthians, tendo como pano de fundo, em imagem subliminar, o desenho de um “DNA” contendo o nome das empresas.
Considerando os laços históricos e afetivos entre a empresa Sadia e o município de Concórdia, não seria improdutivo que a BRF patrocinasse o CONCÓRDIA ATLÉTICO CLUBE - CAC, com o nome “Brasil Foods” estampado nas camisetas do clube. Esta seria uma bela forma de agradecer e homenagear o amor devotado por nosso povo à Sadia nestes sessenta e cinco anos de empresa, cuja genética possui cromossomas de nossa história, de nossas esperanças e de nossos sonhos (como o do título desta crônica). No mais, é esperar para que as atuais dificuldades, não impeçam a fusão. Pensamento da semana: “Há pessoas que nos falam e nem escutamos. Há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam; mas há pessoas que aparecem em nossa vida e nos marcam para sempre”. Cecília Meireles.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

ADEUS SADIA. BEM VINDA BRASIL FOODS

“ADEUS SADIA. BEM VIDA BRASIL FOODS.”
Cesar Techio
Economista – Advogado - cesartechio@gmail.com
A megafusão entre os capitais das empresas Sadia e Perdigão, dois poderosos grupos empresariais do país, redundou na criação da Brasil Foods (Brasil com “s” e não com “z”), e se constitui numa grande estratégia para que ambas se recuperem dos recentes prejuízos e se fortaleçam no mercado internacional. As empresas atuam em mais de cem países e, com a fusão, se transformam na maior exportadora de produtos de carne processada do mundo. Como escrevi alhures, possível aporte de dinheiro público, via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), representa, no mínimo, mais do que uma obrigação do governo, pois a derrocada destas empresas não interessa a ninguém. Aliás, nada mais prioritário para o país, do que manter milhares de empregos diretos e indiretos em época de crise como a que vivemos. O dinheiro público, neste caso, está sendo aplicado em área produtiva e nas mãos de empresários extremamente sérios, competentes, honestos e bem articulados e não em bancos falidos.
A fusão vai dar certo. Basta notar que se trata de duas empresas marcadas pela longevidade, o que as permitiu estabelecer uma imagem de respeito perante o mercado consumidor, financeiro e de insumos ao longo de quarenta anos. Além do que, as duas empresas possuem entre si uma forte identidade organizacional e de logística em todo o mundo. Estes fatores, aliados a tremenda capacidade empresarial de seus líderes, farão da Sadia e da Perdigão, uma empresa sólida e de grande futuro.
Todavia, esta megafusão tem um lado negativo, uma vez que consolida, definitivamente, um grande monopólio na área de alimentos capaz de fulminar com a concorrência. Neste passo, é inevitável que esta concentração de capitais acabe por prejudicar consumidores, na medida em que a mega-empresa passará a ditar e a aumentar os preços dos produtos. Estes efeitos foram constatados em todas outras megafusões de que se tem notícia.
Seria ilusão acreditar que empresas capitalistas busquem a fusão para beneficiar consumidores. Ao contrário, buscam salvaguardar suas sobrevivências num mercado globalizado e, por óbvio, visam aumentar lucros. Só para se ter uma idéia, a Brasil Foods terá em torno de 90% de participação de mercado em massas prontas, 70% em pizzas semiprontas e acima de 50% em produtos industrializados em geral. E é claro, sob o ponto de vista do consumidor isso é péssimo, porque acaba com quase todas as opções de consumo: “Se queres, queres; se não queres, “Brasil foods”. Assim, para a alegria dos acionistas, a Sadia e Perdigão ganham em competitividade e uma valorização imediata. Ganha o Brasil, porque terá uma das maiores empresas de alimentos do planeta, gerando empregos, tributos e impostos. Ganham todas as regiões nas quais a empresa mantém fábricas; Ganham os funcionários e o desenvolvimento de muitas micro-regiões. Perde o consumidor. Será? Não se pode esquecer que estas empresas investem milhões de dólares em tecnologias de ponta para melhorar a qualidade de seus produtos. Essa é uma forma bem vinda e legítima de aumentar lucros. Bem vinda porque beneficia o consumidor. Por ora, vamos aguardar a aprovação do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)... que será positiva. Querem apostar? Pensamento da Semana: “É melhor haver dois do que um, porque duas pessoas trabalhando juntas podem ganhar muito mais. Se uma delas cai, a outra a ajuda a se levantar. Mas, se alguém está sozinho e cai, fica em má situação porque não tem ninguém que o ajuda a se levantar. (...) Dois homens podem resistir a um ataque que derrotaria um deles se estivesse sozinho.” (Eclesiastes).

quarta-feira, 13 de maio de 2009

SADIA: UMA HISTÓRIA


”SADIA: UMA HISTÓRIA”
Cesar Techio
Economista – Advogado - cesartechio@gmail.com
Recebo, sempre, e-mails. Alguns elogiando, outros construindo idéias divergentes e alguns atacando ferozmente minhas crônicas. Dia desses, um disse o seguinte: “Com muita satisfação e emoção li tua matéria “SADIA. “NOSSA EMPRESA, NOSSA VIDA”. Fostes muito feliz em tuas colocações. Refiro-me à importância que a empresa teve e tem no município de Concórdia. Cresceu junto com a cidade esbanjando pujança, dando exemplos, contribuindo para o enriquecimento de muitas famílias e empresas, preparando todos seus profissionais. Muitos deles atuam na sociedade concordiense. Revolucionou o comportamento social no município dentro do ambiente da Total Qualidade; contribuiu efetivamente com escolas, fundações, esportes, segurança pública, hospital, etc. Devemos sim, respeito e admiração por esta grande empresa, por quem trabalhou nela ou por quem dela se beneficiou direta ou indiretamente. Em todas as cidades gaúchas e catarinenses que residi, sempre exaltei o nome SADIA. Quando compro produtos do gênero, sempre escolho Sadia, porque sei de onde vem e como é produzido. Uma simples Sugestão: O município deveria fazer uma homenagem diferente à empresa, em forma de agradecimento e reconhecimento neste momento único vivido por ela: Todas as empresas e entidades que acharem por bem, durante uma semana, ou um mês, poderiam brindar seus clientes, colaboradores e fornecedores com a degustação de produtos SADIA. Pode não resolver o problema da empresa, mas diria nas entrelinhas: “MUITO OBRIGADO, NÓS PRECISAMOS DE VOCÊ AQUI.”
Reminiscências, saudades, sentimentos por um tempo que não podemos esquecer. Um dos primeiros funcionários do fundador e possivelmente o primeiro motorista da família e sequentemente da empresa, ainda nos tempos de Luzerna, migrou com os Fontana para Concórdia, meu pai, Santo Benvenuto Techio, hoje no alto dos seus lindos, lúcidos e memoráveis noventa anos. Desfilam por suas memórias os primeiros momentos, alegrias, vontade férrea e determinação de Atílio Francisco Xavier Fontana, frente à novel agroindústria, encravada no oeste catarinense. Como num filme, desponta Omar Fontana lhe acompanhando na cabine de um caminhão; os Fontana, ao tempo de Água Doce, Luzerna e depois Concórdia. Seu amigo Adolpho Bósio, a quem ensinou os primeiros passos à cidade de São Paulo... Teimam em aparecer nas lembranças, seus companheiros motoristas que já partiram para a viagem definitiva; seu primeiro caminhão importado, entregue em mãos pelo fundador; a sinuosa e perigosa estrada da “Ribeira; os caminhões levando produtos Sadia até o Rio de Janeiro; o “Patinho Feio”, um fantástico avião que seguia pelo litoral abrindo comércio pelas vias dos céus, em traçado muito mais rápido do que os trilhos que seguiam de Volta Grande para a capital paulista. Quantas viagens, eim, meu velho pai? E agora, meu querido, agora que a vida se esvai, gritando de saudades por entre tuas memórias, escorregando por meio de tuas enrugadas e cansadas mãos, choro por ti, pelos teus amigos e por um tempo que não volta mais.
Pessoas no lugar errado. Onde estava o “Head of the family” e “Commander” durante as equivocadas apostas em derivativos? Cuidando do desenvolvimento, da indústria e do comércio do país? Doando a sua vida, conhecimento, sabedoria e herdada sagacidade do avô em favor da sociedade brasileira? Doação patriótica: governo sem leme em casa. Júlio Cesar Santos, gerente de Unidade da SICREDI FRAIBURGO-SC, encerra assim seu e-mail: “Fui funcionário e joguei futebol de salão por oito anos, representando e levando o nome da SADIA por todo este Brasil, com respeito e disciplina. Tomei a liberdade de te enviar esse e-mail em homenagem à empresa pela qual tenho muita admiração.” Pensamento da semana: “O ser humano não pode deixar de cometer erros; é com os erros, que os homens de bom senso aprendem a sabedoria para o futuro.” (Plutarco). Sobreviva!

terça-feira, 5 de maio de 2009

AMÉRICA LIVRE

AMÉRICA LIVRE
Cesar Techio
Economista – Advogado cesartechio@Yahoo.com.br
Que dure o quanto durar. E, enquanto durar, o protesto vai bradar nas linhas destas crônicas. Protesto contra as medidas protecionistas adotadas pelas maiores economias do mundo em reação à crise, mas geradora de mais desempregos e miséria nos países emergentes; protesto contra a visita de Ahmadinejad ao Brasil, um líder tão confuso quanto perigoso, que defende a destruição de Israel abertamente, desenvolve armas nucleares debaixo no nariz do mundo civilizado, nega o Holocausto, defende a perseguição de minorias e a repressão das mulheres e dos homossexuais; protesto ao terror, como o patrocinado pelo Irã na Argentina contra a embaixada de Israel e contra o Centro Judaico Amia em 1994; protesto para dizer que a índole democrática do Brasil não pode legitimar representantes de países que apoiam o terrorismo, muito menos líderes tão funestos para a civilização e para a paz mundial.
A diplomacia brasileira vai de mal a pior ao acenar para relações com países como o Irã e a Venezuela de Hugo Chaves, este que no dia 1º de maio (dia do trabalhador) visitou oficialmente aquele país, proclamando a reunião com Ahmadinejad (acreditem) como a reunião do "G2", em oposição ao G20. Na visita ao Irã, Chaves afirmou que o FMI tem que ser eliminado, classificando o Fundo e o Banco Mundial (Bird) como "ferramentas do imperialismo". Aliás, o “chavismo” venezuelano prega para quem quiser ouvir o anti-semetismo, na linha do “Nosotros, los chavistas, despreciamos a los judíos y no reconocemos al Estado de Israel así como tampoco ninguna organización judía nacional e internacional”.
Lendo, pela rede, os principais jornais do planeta anunciarem a indignação mundial pela visita do presidente iraniano, custa acreditar que o Brasil ignore a história de Israel e admita em território brasileiro líderes antidemocráticos e ditadores que amedrontam e preocupam a América livre e os paises civilizados. Será que, no desenho geopolítico e econômico internacional, não encontram as autoridades brasileiras, algum país civilizado e democrático para abrir novas relações comerciais, sociais, científicas, culturais ou o “raio que o parta”? Era só o que faltava, o governo brasileiro “passar a mão na cabeça” destes ditadores insanos, abrindo-lhes as portas para relações sabe-se lá de que natureza. A dúvida é oportuna, vez que são pródigos estes líderes negativos, em controvérsias, afrontas e ameaças aos países de regime aberto e representativo.
Enquanto isso, em meio a gripe, que nada tem a ver com suínos, cuja carne saborosa alavanca a economia catarinense e brasileira, em meio a protestos roguemos a Deus para que proteja nosso país do vírus da crise mundial que gera o desemprego; do vírus da intolerância que gera a guerra; do vírus do preconceito racial que gera a violência; do vírus do egoísmo que gera a injustiça e, especialmente, do vírus da insanidade de ideologias agressivas que ameaçam espalharem-se pela nossa amada e sofrida América Latina, pois são fonte de destruição da democracia, da paz e da dignidade da pessoa humana. Pensamento da semana: “Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma flor do nosso jardim e não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia o mas frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer mais nada.”( Valdimir Maiokóvski).

sexta-feira, 1 de maio de 2009

CRISTÃOS E CRISE ECONÔMICA

CRISTÃOS E CRISE ECONÔMICA
Cesar Techio Advogado – Economista - cesartechio@Yahoo.com.br

As desigualdades sociais constatadas nas gritantes e abismais diferenças entre os vários setores da economia, entre o meio urbano bem estruturado e atendido pelos serviços públicos e os cinturões de miséria e afavelamentos que rodeiam as cidades, são inaceitáveis, sob as luzes do cristianismo autêntico, depositário da fé e de princípios espirituais perenes. A pobreza evangélica que se contenta com pouco pode até ser uma virtude, mas nada tem a ver com a miséria, a fome e a humilhação que bate nas portas dos endividados, os quais, face a crise do capitalismo, não conseguem honrar seus compromissos ou até mesmo sobreviver com dignidade. Uma justa e correta distribuição de riquezas, se opõe à concentração de renda excessiva, na qual muito se deposita nas mãos de poucos e nada nas mãos da maioria. A presença de cristãos no corpo social exige uma atenção muito especial às mazelas que atingem cada família, cada trabalhador, cada jovem, mergulhados na desproporção estridente entre a evidente miséria e o hiper-consumo das minorias privilegiadas.
Esta atenção deve considerar e colaborar para com que o materialismo e a ostentação, não se sobreponham aos direitos fundamentais da pessoa humana lapidados na nossa Constituição Federal e no próprio Evangelho de Jesus Cristo. Ou seja, não é aceitável subordinar os valores e princípios humanistas, que se constituem na base da mensagem bíblica e no alicerce do Direito Natural, a exclusivos elementos de ordem material, financeira e de consumo. Segundo Leonardo Boff, em seus artigos semanalmente publicados na imprensa, o nosso sistema não tem lastro ou fundamento na cooperação e na economia solidária e fraterna. É “cada um por si e Deus por todos” ou, “salve-se quem puder”. E pior, todas as relações sociais e familiares ocorrem no plano econômico. Os que possuem condições se relacionam com seus filhos, quase que exclusivamente no plano material. Os que não possuem condições financeiras ressentem-se, do mesmo modo, das carências materiais e, neste contexto são geradas as frustrações, brigas e humilhações. Não é por nada que nossa juventude se queda nas drogas e a sociedade marginalizada se atira na violência que enche as cadeias e presídios do país.
Mas, devemos ter presente em nossa consciência e em nosso coração, que a doutrina cristã exige oposição a esta realidade e que somente ela tem condições para sanar estes males; somente ela perfila em perfeita concordância, as exigências de justiça social e de caridade a uma ordem sócio-econômica justa que, ao invés de oprimir e isolar, une os homens e estes frutificam no amor uns para com os outros. Da pós-graduação em cooperativismo, ainda ao tempo da Unisinos, permanece a convicção de que o modelo econômico cristão autêntico é o da cooperação e da solidariedade. Que, o capitalismo financeiro desenfreado concentra todo o sangue das riquezas nas mãos de poucos, quando para a maioria falta o necessário. Que, as lideranças cristãs têm a obrigação de pregarem a justiça social, de dizerem claramente que o direito aos bens materiais, assim como aos templos edificados, ao dinheiro das contribuições e aos bens doados, deve se subordinar, pela nossa lei (Código Civil), à função social da propriedade e, pelo Evangelho, às regras da caridade que auxilia, renova e resgata a vida das pessoas. Pensamento da Semana: “Eu santifiquei esta casa que me edificaste, para nela estabelecer para sempre o meu nome, e nela estarão sempre os meus olhos e o meu coração” (I Reis 9,3).