quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

2012 , chegamos nele. E agora?

Cesar Techio ; Advogado/economista
cesartechio@gmail.com

Você leu minha crônica anterior. Emocionado, se propôs a mudar suas táticas e estratégias. Nem que fosse o jeito de andar ou o corte de cabelo. Mas o ano recém começou e esqueceu-se de tudo. É estranho como os projetos de vida fracassam. Fracassam nas próprias mãos dos que se propõem a mudar, porque depois do rápido reencontro consigo mesmo, passam a pensar de outras maneiras. Preguiça, indolência, medo, vergonha, inércia do abraço doentio com o jugo do passado, tudo justifica o mesmo andar, a mesma afeição a velha maneira de viver. Estas crônicas são publicadas em alguns jornais, pelo Brasil. Entre ouvidos ligados, alguns e-mails reverberam novas descobertas.

Lendo uma a uma, me dou conta que escrevo a quatro mãos, as que digitam e as que ditam minha consciência. As que digitam são aptas a mudar o futuro, mas inquietas e fracas. As que criam o texto são revolucionárias, rebeldes e ansiosas por um novo tempo. A ansiedade tem a ver com a pressa diante do tempo que se esgota, pois se não mudarmos agora, em pouco tempo toda a vida desaparecerá, a minha e a sua vida desaparecerá. Assim, a resposta a cada leitor que se detém nestas crônicas é de que não há mais tempo. Ou nos propomos a mudar e levar a sério esta proposta, ou desapareceremos. Estamos juntos nesta encrenca, neste planeta e neste tempo que se esgota. O ano novo já está nos trilhos. Se rebele, abandone a velha roupa, os antigos hábitos, crenças, ideologias, sem nunca olhar para trás. Você é muito mais do que a identidade e os limites que lhe impuseram; infinitamente superior ao titulo que a formação acadêmica lhe ofereceu e extraordinariamente maior que os empoeirados apegos.

Largue o osso. Não ignore este belo mundo. Curta os sentidos do seu corpo, o tesão, o gosto por um bom vinho, os afetos por outro ser humano, por uma bela mulher (ou vice e versa), mas também não ignore o espiritual, a intimidade com o Criador. Tanto o material como o espiritual fazem parte do mesmo jogo e do seu ser. Abandonar um e se fixar no outro é pura esquizofrenia, fanatismo, radicalismo. Não é natural. Não há como realizar uma nova humanidade fracionada, fixada só no material ou no espiritual. A rebelião contra a divisão entre matéria e espírito e a consciência de que não somos somente matéria ou só espírito faz parte da inteligência necessária para mudar a sua vida. O espírito não existe sem a matéria, tudo faz parte de uma única realidade. Ficar só no espírito e condenar a matéria debilita o corpo. Viver só na matéria oprime a alma. Então, para mudar sua vida você não precisa entrar em conflito, mas apenas em harmonia com a unicidade, como o equilíbrio que precisamos ter para viver em paz. Aceite, com alegria, o material e ao mesmo tempo festeje o espiritual. Aceite as diferenças, procure não se meter na vida alheia. Não se torne escravo da religião, muito menos um bobo materialista do mundo. Esteja no mundo com responsabilidade, mas também retire as teias das velhas manias, deixe o sol bronzear a pele e o ar fresco renovar a sua vida.

Pensamento da semana: “Se tu dix...”. Mensagem de um manezinho da ilha de Santa Catarina ao ler minha última crônica.