“ADEUS SADIA. BEM VIDA BRASIL FOODS.”
Cesar Techio
Economista – Advogado - cesartechio@gmail.com
A megafusão entre os capitais das empresas Sadia e Perdigão, dois poderosos grupos empresariais do país, redundou na criação da Brasil Foods (Brasil com “s” e não com “z”), e se constitui numa grande estratégia para que ambas se recuperem dos recentes prejuízos e se fortaleçam no mercado internacional. As empresas atuam em mais de cem países e, com a fusão, se transformam na maior exportadora de produtos de carne processada do mundo. Como escrevi alhures, possível aporte de dinheiro público, via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), representa, no mínimo, mais do que uma obrigação do governo, pois a derrocada destas empresas não interessa a ninguém. Aliás, nada mais prioritário para o país, do que manter milhares de empregos diretos e indiretos em época de crise como a que vivemos. O dinheiro público, neste caso, está sendo aplicado em área produtiva e nas mãos de empresários extremamente sérios, competentes, honestos e bem articulados e não em bancos falidos.
A fusão vai dar certo. Basta notar que se trata de duas empresas marcadas pela longevidade, o que as permitiu estabelecer uma imagem de respeito perante o mercado consumidor, financeiro e de insumos ao longo de quarenta anos. Além do que, as duas empresas possuem entre si uma forte identidade organizacional e de logística em todo o mundo. Estes fatores, aliados a tremenda capacidade empresarial de seus líderes, farão da Sadia e da Perdigão, uma empresa sólida e de grande futuro.
Todavia, esta megafusão tem um lado negativo, uma vez que consolida, definitivamente, um grande monopólio na área de alimentos capaz de fulminar com a concorrência. Neste passo, é inevitável que esta concentração de capitais acabe por prejudicar consumidores, na medida em que a mega-empresa passará a ditar e a aumentar os preços dos produtos. Estes efeitos foram constatados em todas outras megafusões de que se tem notícia.
Seria ilusão acreditar que empresas capitalistas busquem a fusão para beneficiar consumidores. Ao contrário, buscam salvaguardar suas sobrevivências num mercado globalizado e, por óbvio, visam aumentar lucros. Só para se ter uma idéia, a Brasil Foods terá em torno de 90% de participação de mercado em massas prontas, 70% em pizzas semiprontas e acima de 50% em produtos industrializados em geral. E é claro, sob o ponto de vista do consumidor isso é péssimo, porque acaba com quase todas as opções de consumo: “Se queres, queres; se não queres, “Brasil foods”. Assim, para a alegria dos acionistas, a Sadia e Perdigão ganham em competitividade e uma valorização imediata. Ganha o Brasil, porque terá uma das maiores empresas de alimentos do planeta, gerando empregos, tributos e impostos. Ganham todas as regiões nas quais a empresa mantém fábricas; Ganham os funcionários e o desenvolvimento de muitas micro-regiões. Perde o consumidor. Será? Não se pode esquecer que estas empresas investem milhões de dólares em tecnologias de ponta para melhorar a qualidade de seus produtos. Essa é uma forma bem vinda e legítima de aumentar lucros. Bem vinda porque beneficia o consumidor. Por ora, vamos aguardar a aprovação do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)... que será positiva. Querem apostar? Pensamento da Semana: “É melhor haver dois do que um, porque duas pessoas trabalhando juntas podem ganhar muito mais. Se uma delas cai, a outra a ajuda a se levantar. Mas, se alguém está sozinho e cai, fica em má situação porque não tem ninguém que o ajuda a se levantar. (...) Dois homens podem resistir a um ataque que derrotaria um deles se estivesse sozinho.” (Eclesiastes).