Os E.U.A. são sempre muito criticados por terem a maior população carcerária do planeta. Mas, diferentemente de países como o Brasil em que os bandidos são considerados sempre elementos passíveis de recuperação; nos E.U.A. se o indivíduo mostra-se arredio às investidas do sistema para ressocializá-lo, o seu lugar é atrás das grades mesmo (de preferência para sempre).
Estarão
eles errados?
Acho que
não.
É
imperativo que o Brasil deixe de lado a hipocrisia, a influência das Igrejas e
das entidades que vivem da miséria dos menores abandonados e delinqüentes;
sendo capaz de compreender, de uma vez por todas, que o elemento que comete
crimes continuadamente não é passível de recuperação (seja que idade tenha).
Mesmo que estivesse preso numa cadeia na Suíça (que mais parece um hotel cinco
estrelas do que uma prisão); esse elemento voltaria para o crime. Pois essa é a
sua natureza.
O grande
neurologista brasileiro, Carlos Bacelar, dizia que estudos científicos
mostraram que cerca de três por cento da população mundial era constituído por
psicopatas. Esse número é algo na casa dos 180.000.000 de pessoas. Quase um
Brasil de indivíduos propensos a cometer atos de violência e que não são
dotados de qualquer remorso ou sentimento por suas vítimas.
Sejam por
causas genéticas ou ambientais é importante que uma nação identifique esses
elementos e retire-os do meio de sua sociedade para que seja proporcionada a
devida proteção para o cidadão de bem. E é assim que os E.U.A. e muitos outros
países lidam com o problema. Se o elemento mostra-se reincidente, o
encarceramento é aplicado sem pudores. Mas, isso soluciona a problemática da
violência?
Claro que
não.
A
violência é um mal inerente ao ser humano. No entanto, atitudes assim enviam
uma clara mensagem de que o Estado não agirá com paternalismo em relação ao
delinqüente. O objetivo é isolar esses elementos e proteger a sociedade deles;
evitando que novas vítimas venham a perecer sob as ações daquele indivíduo. É o
direito a proteção que a sociedade tem e que o Estado deve garantir.
Ao
assistir um documentário no canal Discovery hoje (14/02/09) vi um projeto de
recuperação de jovens infratores que é realizado nos E.U.A. e tem um grande
sucesso. Sob o nome de “SISTEMA IMPACT”, os condenados (até sete anos por
crimes sem violência) têm as penas reduzidas a seis meses se aceitarem
participar do programa voluntariamente.
O sistema
funciona apoiado em uma duríssima disciplina militar. Pior do que o treinamento
dos fuzileiros. Os jovens passam por uma bateria de exercícios físicos
intensos, condicionamento militar a disciplina e a autoridade e são
acompanhados por guardas “linha-dura” que fariam qualquer sargento maníaco
parecer um anjo.
Ao
contrário daqui, ao invés das associações de classe tentarem combater o projeto
pela aparente “violação de direitos” e “humilhações” que os jovens sofrem ao se
depararem com as exigências disciplinares severíssimas; por lá a sociedade
entende que esse é o único caminho para doutrinar e recuperar jovens que tenham
entrado para o mundo da delinqüência por problemas estruturais familiares e
falta de limites impostos em seu ambiente. A obediência, a autoridade e a
disciplina imposta jamais podem ser contestadas. Os jovens devem pedir
permissão para tudo. Até para ir ao banheiro é necessária uma autorização de um
guarda-monitor. O adolescente rebelde aprende normas éticas, respeito à
autoridade e a viver em sociedade; compreendendo os limites que isso pode
representar. Estuda e pode obter o diploma do ensino médio e ainda faz cursos
profissionalizantes. Ao sair em liberdade; é encaminhado para um emprego de
acordo com as aptidões adquiridas no sistema.
Cada
jovem pode desistir do programa a hora que quiser. Nesse caso, ele voltará para
um presídio comum onde cumprirá a pena restante integralmente. Além disso, a
cada desistência pretendida, os jovens são orientados quanto a seu potencial
pelos instrutores e instados a continuarem no programa para se tornarem pessoas
melhores. Há um apoio psicológico constante e reforço em atividades acadêmicas
e laborais. O nível de desistência gira em torno de trinta por cento. Mas a
reincidência no crime é baixíssima, o que calou a maioria dos opositores do programa.
Infelizmente
um programa assim é simplesmente impossível de ser implementado por aqui graças
ao E.C.A. (Estatuto da Criança e do Adolescente) e dos oportunistas idiotas que
enxergam nos menores infratores apenas vítimas inocentes de uma sociedade vil.
Como se ser pobre desse automaticamente uma licença para matar. Se fosse assim,
não teríamos inúmeros menores de classes mais favorecidas no mundo do crime. A
falta de punição e de cobrança por seus atos é o elemento fomentador
fundamental para que a violência esteja em alta entre os jovens. Após o E.C.A.,
toda quadrilha tem pelo menos um menor para assumir “os serviços” e escapar
ileso para cometer mais crimes.
Qualquer
um membro dessas entidades que se dizem protetoras do menor ficaria possesso ao
ver os métodos usados no “Sistema Impact” (que também inclui uma exaustiva
rotina de trabalho pesado e duro). E certamente ganhariam na justiça o direito
de retornar a meninada para o ócio improdutivo como forma de “protegê-la” dos
terríveis maus tratos.
Enquanto
eles trabalham para recuperar os que ainda podem ser recuperados e merecem uma
segunda chance; por aqui tratamos como coitados e adotamos a tática da
impunidade total; o que só aumenta a violência e a predisposição dos jovens
para o crime.
Mas, a
verdade é uma só: O “Sistema Impact” funciona e tem pleno êxito por lá. Falta
apenas alguém de coragem e sem a hipocrisia própria daqueles que têm objetivos
escusos camuflados por trás de suas “boas intenções”, para implementar um
projeto assim aqui no Brasil.
Mas, para
isso, muita coisa tem de mudar.
Pense
nisso.
Leia mais
a respeito (em inglês).