segunda-feira, 4 de outubro de 2010

2º TURNO: "DIA DO EVANGÉLICO"


Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Demonstrando total ignorância de que o estado brasileiro é laico, o presidente Lula assinou no dia 15/09/2010, a lei nº. 12.328 na qual, em dois singelos artigos, instituiu o Dia Nacional do Evangélico. Vale a pena transcreve-la: “Art. 1o Fica instituído o Dia Nacional do Evangélico, a ser comemorado no dia 30 de novembro de cada ano. Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 15 de setembro de 2010; 189o da Independência e 122o da República.” (fonte: http://www.planalto.gov.br). Com o objetivo de agradar os evangélicos a apenas 18 dias da eleição presidencial, na realidade Lula assinou uma lei que, além de absurdamente inconstitucional é imoral e afrontosa. Pelos seguintes motivos: 1º - Todo o dia é dia de vivermos os ensinamentos de Cristo; 2º - Por privilegiar somente uma corrente religiosa. 3º - Agora, em tese e por isonomia, há necessidade de se criar o dia dos católicos, umbandistas, espíritas, budistas, entre outros. Na mesma surpreendente e inusitada simpatia às religiões, quatro dias antes das eleições Dilma Roussef foi acolhida por lideranças católicas e evangélicas. Em reunião amplamente divulgada pela mídia afirmou que, ao contrário do apoio que demonstrou no passado, é contra o aborto e que defende total liberdade de crença. Declarando-se católica defendeu parcerias com as igrejas no seu futuro governo. Se, tudo isso fez parte de uma estratégia para captar votos dos cristãos na última hora e, se deu certo, somente uma análise criteriosa dos resultados da votação que recebeu no 1º turno das eleições e receberá no dia 31 de outubro, pode esclarecer.

E, por falar em “acordo”, antes da votação do “Ato Permissionário” que lhe daria poderes para aprovar leis sem necessidade do parlamento, Hitler fez um discurso afirmando que o nazismo estava lutando pelos valores cristãos: “Enquanto o governo está determinado a prosseguir com a limpeza política e moral da nossa vida pública, ele está criando e assegurando os pré-requisitos para uma verdadeira vida religiosa. O governo vê em ambas as confissões cristãs (católicas e protestantes) os mais importantes fatores para a manutenção da nossa cultura” (Adolf Hitler, 23/03/1923). Em função desta posição, a igreja católica e o governo nazista formalizaram uma aliança, denominada “Concordada” (Reichskonkordat), na qual ficou formalizado que os bispos deveriam prestar juramento ao representante do Estado do Reich, ou a Hitler: “Eu juro e prometo honrar a legalidade constituída do Governo e fazer com que os clérigos da minha diocese honrem também. No desempenho de meu trabalho espiritual e da minha solicitude pelo bem estar e interesses do Reich alemão, eu vou lutar para impedir qualquer mal que possa ameaçá-lo.” (Assista o documentário no blog http://cesartechio.blogspot.com/). Devido a esse acordo Hitler se tornou ditador com poderes absolutos. Como terminou essa história, todo mundo já sabe.

Enfim, “alea jacta est” (a sorte está lançada). Enquanto aguardamos o 2º turno, falemos, finalmente, de coisas mais amenas, que inebriam o coração e surpreendem a alma. Falemos de amor que nos fornece esperança, oxigênio e vida; que nos move da loucura da solidão e dos preconceitos do passado em direção ao futuro dourado. E, convenhamos, pelo menos nesta seara haveremos (nós também), de concordar: Gênios, doutores, homens de negócios, poetas, políticos, filósofos, desconhecidos, famosos, operários, crentes e ateus, jovens e velhos, todos, em algum momento da vida, já olhamos para o pôr do sol e nos enternecemos no lusco-fusco, a espera de uma estrela que tem nome de mulher. Pensamento da semana: “No lusco-fusco, limiar do anoitecer quando o sol alcança o ocidente, em pensamentos tua presença se faz.” Verluci Almeida.


“REICHSKONKORDAT”