Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com.br
Ao ouvir a Nona Sinfonia de Beethoven sempre tenho presente em
minha memória a figura de um dos mais extraordinários mestres que conheci na
juventude e o quão vigoroso e cheio de ideais foi aquele tempo de seminário, um
dos mais belos da minha vida. Orientador, professor de música e regente do
coral, seu vasto conhecimento e esforço na formação moral, disciplinar e
cultural dos seminaristas, lembravam a figura de Ludwig van Beethoven e de sua
história de superação diante das adversidades. Surdo, se tornou o maior
compositor da história. Dizia ele: “A música é o vínculo que une a vida do
espírito à vida dos sentidos. A melodia é a vida sensível da poesia”.
Adolescentes
ainda surdos para a música, nos fazia conhecer composições que inebriavam a
alma. Em discos de vinil, ouvíamos o inesquecível “Quatro Estações” do italiano
Antonio Vivaldi; o “Danúbio Azul” de Johann Straus; a Sinfonia Nº 40 de
Wolfgang Amadeus Mozart; a “Música Aquática” de Frideric George Haendel; os
movimentos da BWV 1060 de Johann Sebastian Bach; a maravilhosa “Valsa das Flores” de
Piotr Ilitch Tchaikovsky; o polaco Frédéric Chopin com suas maravilhosas Valsa
Minuto e Mazurca; Johannes Brahms com a Symphony No.3 Poco Allegretto (a
que mais me comovia), entre outras, rabiscadas no meu vetusto caderninho de
música que ainda conservo como preciosa relíquia de um tempo que não volta
mais, mas que ainda faz parte das minhas mais caras memórias.
Lembro-me da
aguçada e reverente atenção às lições diárias e dos nobres sentimentos que elas
carreavam aos nossos corações: fraternidade, compaixão, amor e respeito pela vida.
No hall central do seminário, grandes orquestras podiam ser ouvidas entre
o jantar e a terceira hora de estudos do dia: Paul Mauriat, Ray Connif, Frank
Pourcel e Billy Vaughn (este último que ouço enquanto escrevo estas linhas).
“Asa Branca” e “Assum Preto” de Luis Gonzaga eram cantadas em festivais e em
apresentações do coral. O estudo da história dos grandes compositores da musica
popular brasileira era matéria obrigatória nas aulas de canto. Escolhi, em
certo ano, Jucas Chaves, o “Menestrel Maldito”, e, por conta disso, ainda
desato a rir das piadas e críticas ao “establishment” da década de setenta.
Soube
recentemente, que Frei Tarcísio Theeis retornou à região onde nasceu, Belchior Alto - SC, para o
aniversário dos seus cinquenta anos de vida religiosa. Na melodia dos parabéns,
imagino todos os compositores e cantores das músicas que nos fez amar, cantando
com o povo, para ele. E os pássaros em algaraviada em torno do nosso velho
Seminário de Luzerna. E os aplausos de centenas de ex-seminaristas, em eterna
gratidão. Aulas de canto, na grade curricular de nossas atuais escolas básicas certamente
contribuiriam para uma melhor formação humana de nossa juventude, transviada
num barulho infernal que, infelizmente, chamam de música...
Pensamento da semana: “Fazer aniversário é
olhar para trás com gratidão e para frente com fé.” Rosaura Gomes.