quarta-feira, 13 de julho de 2011

A PRESIDENTE NÃO É SURDA, NEM CEGA.

Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com


Tenho lançado linhas e mais linhas nestas crônicas. Às vezes grito, outras murmuro. A maioria não ouve ou porque é surda ou porque é inconveniente ouvir. Mas o que realmente importa é que não sou mudo e, se a maioria não ouve, falarei, cada vez, mais alto. Dos oito mil trezentos e cinqüenta assinantes deste jornal, somando a leitores de outros jornais que acham conveniente publicar minhas crônicas, apenas parte ouvem as mensagens nas entrelinhas do que escrevo. É claro, porque o despertar para o verdadeiro sentido das palavras está escondido no meio delas. Por isso alguns não entendem, outros interpretam mal e perdem o caminho.

Mas uma coisa é certa. Somente aqueles que já passaram por algum sofrimento compreenderão: O pai que trabalha cujo salário não alcança o sustento do filho que passa fome; o aluno cuja greve lhe rouba os melhores dias de estudo; o professor que não recebe o suficiente para viver; o analfabeto que só sabe ler, mas não sabe interpretar e entender e por isso é logrado; o explorado pelo nepotismo econômico dos poucos que em nossa sociedade amontoam e acumulam riquezas; o assaltado pelos donos do dinheiro e do crédito que dispõem do sangue do povo trabalhador; o pobre que não consegue atendimento médico rápido e se lança no frio da madrugada para tentar uma consulta; o alienado pela televisão e internet, cujos tentáculos funestos e execráveis lhe apresenta risos e lágrimas prontas, impedindo-o de sentir e viver a própria vida.

O certo é que a dor purifica e dá compreensão e o sofrimento cristaliza a consciência, de tal forma que, sem passar por eles ninguém sabe o que é a vida. Os surdos a que me refiro são os mais violentos competidores pelo dinheiro e pelo poder econômico e político. São os que não lêem, não ouvem e pouco se importam com o dedo que lhes aponta e denuncia as violências e ausência de escrúpulos de consciência. Mas, os mais horrendos, duros, cruéis, atrozes e safados surdos a que me refiro estão empoleirados em cargos públicos, aviltando a administração pública nos municípios, estados e na união federal. Sentados no trono, presos a interesses escusos e atentatórios ao bem comum, a pátria se resume nos seus interesses particulares. E quando lêem estas crônicas, fazem de conta que a conversa não é com eles... É em outro município, outro estado, outro país.

Mas esta nação tem a Polícia Federal, o Ministério Público, o Poder Judiciário e ainda os cidadãos que começam a acordar e a ouvir e, finalmente, uma grande presidente. Diante do escândalo do Ministério dos Transportes, Dilma Rousseff “botou na rua” toda a cúpula do ministério o que demonstrou uma mudança radical na forma de governar o país. A revista Veja não só é “a vista da nação”, como a voz do povo, daqueles a que me referi acima. Enquanto denunciava os governantes e políticos em suas falcatruas, a resposta só vinha da polícia federal, ministério público e judiciário. Agora, a presidente demonstrou que não é surda, nem cega. Ouve a imprensa corajosa e age com dignidade, bem como deveria agir todo aquele que ocupa um cargo público.

Pensamento da semana: “Propina e prosperidade trilharam o caminho dos principais personagens envolvidos no escândalo que fulminou a cúpula do Ministério dos Transportes”. “O governo pagou 35 milhões de reais pela construção de apenas 2 quilômetros de uma estrada em Minas Gerais.” (Revista Veja, 13/07/2011, pág 64).

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Obrigado presidente Itamar Franco

Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Amigo dos estudantes e do Movimento dos Trabalhadores sem Terra, apoiador da reforma agrária e do movimento sindical, um grande brasileiro. Sucedeu Fernando Collor em 1992 em meio a escândalos de corrupção, com alta taxa de desemprego e inflação de até 46,58% ao mês. Verdadeiro pai do Real criou o indexador URV (Unidade Real de Valor) que permitiu a transição do cruzeiro real (moeda da época) para o Real. Salvou o país da miséria da inflação, da baixa estima e do desemprego em massa. Homem de Estado fez seu sucessor, Fernando Henrique Cardoso, sendo que, a partir daí os demais governos administraram o país com base monetária estável, o que permitiu crescimento do Produto Interno Bruto e, com a adoção de vários programas, a migração da extrema pobreza para a classe média, de milhões de brasileiros. Mas, o que mais impressiona em Itamar Franco foi a sua sensibilidade social e coragem ao apoiar o MST na questão da Reforma Agrária. Como necessária, imprescindível e sincera homenagem a este grande homem, a quem a presente e futuras gerações, devemos gratidão, reproduzo sua mensagem ao MST, movimento social brasileiro por ocasião do seu 5º Congresso Nacional:

“Parabenizo o Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais Sem Terra pela realização do 5° Congresso Nacional. Manifesto meu afeto, respeito e admiração pela existência de uma democrática, legitima, e autônoma organização representante dos trabalhadores e trabalhadoras rurais do nosso país. “Oxalá” que em nosso meio, a exemplo de vocês, eclodissem inúmeros, diversos movimentos sociais comprometidos com a organização e com o elevar do nível de consciência do povo Brasileiro. Reafirmo meu compromisso com a defesa irrestrita da Reforma Agrária, como condição para democratizar a concentrada estrutura fundiária, como condição de distribuição de riqueza, de geração de renda, de trabalho, de diminuição da violência e de preservação do meio ambiente. Orgulho-me de ter sido o primeiro presidente da República a receber o MST no Palácio da Alvorada. Orgulho-me de, como Governador do Estado de Minas Gerais, termos juntos combatido a privatização de setores estratégicos como a usina hidrelétrica de FURNAS e a Central Elétrica de Minas Gerais (CEMIG). Em Minas, em nossa gestão, não privatizamos as estradas e nenhum mineiro nunca pagou pedágio para trafegar em nossas rodovias. Orgulho-me de, em minha gestão, nunca ter comprido nenhuma liminar de reintegração de posse contra aqueles que nada mais querem a não ser um pedaço de terra para o digno trabalho. Mesmo quando o então presidente da república determinou que o exército invadisse nosso estado para enfrentar o MST que se encontrava na sua fazenda. Em respeito à autonomia dos estados federativos solicitei que o exército não adentrasse o solo mineiro, porque com os sem terra tenho diálogo e respeito. Determinei e cunhei a frase junto aos meus comandados da polícia militar “Reforma Agrária no meu governo não é caso de policia, mas de política”. Como vocês, somo-me à justa trincheira da construção e defesa de um projeto nacional, democrático e soberano, que garanta o desenvolvimento, emprego e valorização do trabalho e que efetivamente melhore as condições de vida da nossa gente. Parabéns MST, contem comigo, Do amigo de hoje e sempre, Itamar Franco. Belo Horizonte 13 de Junho do ano de 2007.”

Pensamentos da semana: 1 - “A gente só diz sim ou não no casamento e, ainda assim, às vezes erra.” 2 - “Seja legal com seus filhos. São eles que vão escolher seu asilo.” Senador Itamar Augusto Cautiero Franco. 28/06/1930 a 02/07/2011.