quinta-feira, 20 de outubro de 2011

ENCHENTES: PRECISAMOS ACABAR COM ELAS


Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Uma coletânea de artigos sobre o problema das enchentes nesta cidade de Concórdia compõe a essência do que penso sobre o assunto. Nela discorro sobre o intenso desmatamento na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, o estreitamento do canal com o avanço urbano da cidade e construção em cima do rio ao tempo em que a comunidade e o Poder Público não tinham plena consciência dos problemas ambientais, muito presentes nos dias de hoje. Mesmo porque, a camada vegetal da mata exuberante de antanho, “segurava”, à montante do rio, as águas pluviais. Alguns destes artigos podem ser lidos e relidos no blog http://cesartechio.blogspot.com/. Após o último transbordamento, na quinta-feira, 13/10/2011, me proponho avançar de forma objetiva na reflexão sobre o assunto, desta feita, com uma sugestão óbvia e viável. Em primeiro lugar ficou provado o que todo mundo já sabia, que a barragem seca é insuficiente para conter o excesso das águas das chuvas. No exato momento em que as águas lamacentas saiam do leito do rio e avançavam sobre o centro da cidade, causando prejuízos e destruindo bens, a barragem, ainda em fase de construção, sequer alcançava seu limite de transbordamento. Meu vizinho, o empresário Perizollo, desesperado com mais uma enchente e prejuízos à vista, gritava na rádio que a solução é o urgente aprofundamento do leito rochoso do rio e que o Poder Público não ouve o povo. Que candidatos, depois de eleitos não ouvem o povo é dispeciente repetir. Que aqui em Concórdia prometeram construir o canal e não o fazem há muitas gestões e enchentes, é público e notório.

Então, fazendo deste espaço de mídia um espaço útil, falemos sobre critérios de escavabilidade de maciços rochosos e de métodos de escavação, pois é evidente que o empresário Perizollo está coberto de razão. O edifício Mirage, de propriedade do Zeca Olmi, onde se situa a Justiça Federal, é o melhor exemplo da utilização de dinamite inteligente. Cinco andares se projetaram solo adentro, em maciço rochoso, ao lado de um alto edifício residencial, sem qualquer problema significativo. Indiscutível que é viável aprofundar o leito do rio, com a utilização de explosivos inteligentes, que cortam a rocha com precisão, sem danos às estruturas civis existentes. Esta forma de escavação disciplina as vibrações, projeção de partículas e limites de ação. Outra possibilidade técnica é a utilização de processos mecânicos que podem ser usados de forma mista, com dinamites inteligentes, conforme a litologia, resistência das rochas encontradas e tipos de edificações que ladeiam o rio.
Relativamente às técnicas de escavação mecânica o mercado dispõe de variada gama de máquinas de corte, incluindo martelos hidráulicos, ou ponteiros hidráulicos como os que observamos trabalhando há mais de um mês num terreno particular, na Rua Getúlio Vargas, acima do Hospital São Francisco. O próprio município, com seus engenheiros, arquitetos e mão de obra pode iniciar o trabalho sem a necessidade de “ponteiros” braçais pagos diretamente pela comunidade atingida, como bem sugeriu o digno e exemplar empresário Perizollo. Iniciando este trabalho imediatamente, seria possível prever um cronograma de, no máximo, dois anos para a conclusão do aprofundamento do rio em pelo menos três metros por quatro de largura. Tudo isso sem a necessidade dos transtornos da prometida e nunca cumprida construção do canal extravasor sob a Rua Dr. Maruri. Simples, rápido e viável. Muitas empreiteiras poderiam oferecer pré-estudos sob a responsabilidade de projetistas e consultores geotécnicos habituados a obras semelhantes, na medida dos seus interesses em executar a obra, mediante licitação pública.

Pensamento da semana: “Errar é humano. Não admitir a própria falha e culpar os outros é política.”