Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com
Amar a esposa e a amante, ou simultaneamente várias mulheres, mantendo relacionamentos duplos, triplos, quádruplos, a meu ver, apenas mostra o quanto podemos ser divididos. Uma parte ama a esposa e a outra a amante. Uma personalidade é a do pai de família e a outra a do garanhão, a do super macho. Um agir assim ao longo dos anos, somente mostra uma dupla personalidade. Se sair bem com a esposa e correr para a amante e com ela também se sair bem e, esconder da esposa e da outra, a verdadeira personalidade, num vai e vem eterno, num esconde-esconde de mentiras, com imagens diferentes, uma para a amante, outra para a esposa, somente mostra o quanto somos fragmentados. O problema é que, com o passar do tempo, um homem que age assim acaba por não mais se reconhecer. Chega um momento que ele não sabe mais quem ele é realmente. Eis aí, o conflito íntimo, pessoal, que se transforma numa tremenda confusão, mesmo porque, o amor, não tem nada a ver com duplicidade, com sexo, mas com companheirismo e, principalmente com integração. O amor verdadeiro por uma mulher faz com que o homem fique integrado com ela, e com ela se torne uma pessoa só.
Um homem que possui várias mulheres acaba perdendo a identidade e no final, neurótico, precisa de ajuda psiquiátrica ou de pessoas estranhas, o que me parece ridículo, pois advogados, juízes e promotores, não foram necessários para iniciar o relacionamento do casal, mas são imprescindíveis para ajudar a terminá-lo sem maiores traumas e seqüelas. A ausência de sanidade é absoluta, pois se duas pessoas foram capazes de iniciar um relacionamento, também deveriam ser aptas a, no momento da separação, agradecer uma a outra pelo amor, que foi maravilhoso, mas que chegou ao fim.
Em muitas separações, casais argumentam que a amante ou o amante fazem sexo com maior desenvoltura. Mas, tento explicar, quando me procuram, que o problema não é o sexo, a não ser que a mulher ou o homem sejam exageradamente sensuais. Porque, no fundo, homens e mulheres não querem sexo, querem, na verdade, amor, lealdade, parceria nos projetos de vida, diálogo, respeito, confiança e cumplicidade. A vida a dois exige partilha. Compartilhar e confiar, eis o segredo de um bom relacionamento. Assim também é com todos os relacionamentos em sociedade. É preciso confiar. É claro que existem “amigos da onça” que, devido a um caráter infernal, muitas vezes quase imperceptível, são capazes de lhe trair. Mas, trair é um problema deles. O importante é não se deixar contaminar, não tornar o problema deles em seu. O que importa, é que a única possibilidade de um bom relacionamento é o respeito. O respeito é a ponte. Essa ponte pode ser quebrada quando a personalidade se duplica. Mas, não é porque uma mulher, um homem ou um amigo o traiu que toda a humanidade é trapaceira e fará o mesmo. Muitas vezes tenho constatado os super-copuladores, já doentes, velhos e acamados, sendo bem atendidos pelas virtuosas esposas ou até pelas ex-esposas (vejam só), porque, as amantes, essas não botam a mão para limpar as partes íntimas deles. Enfim, se quiser viver feliz, fique focado e não brinque com o amor, pois ele é a mais profunda base do seu ser.
Pensamento da semana: “Muitos bebês que nascem nos campos de prisioneiros ficam lá pelo resto da vida”. Do relatório da ANISTIA INTERNACIONAL, sobre a Coreia do Norte por maus-tratos a seus 200.000 presos políticos. Veja, edição 2.246, pág. 73, de 07/11/2011.