quarta-feira, 20 de abril de 2011

“CNEC: INTERAÇÃO COMUNITÁRIA QUE LEVA À VIDA”

Cesar Techio
Economista – Advogado
techio@concordia.psi.br



A experiência vivenciada pelos alunos da CNEC, neste período de Páscoa, vai ficar na história e, certamente influenciará outras escolas, na medida em que rompe com o assistencialismo e promove uma verdadeira interação entre eles e a realidade humana e institucional de nossa cidade. Com gênese no Grupo de Filosofia, a escola se propôs a realizar em todas as turmas, de acordo com a capacidade de compreensão dos alunos, atividades focadas na reflexão e na fraternidade, desencadeadoras de atitudes e práticas de comunitarismo e voluntariado. Cada turma, do maternal ao último ano do ensino médio, com seu professor, passaram a visitar uma entidade para conhecer e interagir com as pessoas que são atendidas ou com as que trabalham em benefício da comunidade. Os alunos decidiram levar consigo um presente adequado a entidade. Eles economizaram e montaram cestas básicas ou de doces e chocolates e, cada qual, ao entregar pessoalmente o presente, se interessou em dialogar, conhecer e sentir a realidade vivida pelo visitado. Perguntei a exemplar diretora Gislaine Teresinha Winter qual era o princípio que movia esse projeto e ela me afirmou que a base era a solidariedade, compreendida como “estar com” e não simplesmente como “dar algo a alguém”. Foram visitados o Lar Anjo Gabriel, funcionários e crianças internadas no Hospital São Francisco, crianças dos Bairros Santa Rita, Bom Pastor, Flamenguinho, Nova Brasília, Frei Lency, funcionários do presídio municipal, Recanto do Idoso, Corporação dos Bombeiros Voluntários, Batalhão da Polícia Militar, Casa do Caminho, entre outros.

Parece simples, este projeto, mas, partindo de uma escola, não é. Explico: O modelo educacional promove, de regra, o conhecimento mecânico e acumulado nos livros, computadores, internet. Só que, através desta abordagem fria e mecânica os jovens jamais descobrirão a realidade social em que de fato vivem. Trata-se de informação que não transforma, e de conhecimento que não permite saber o ser que o jovem é e os seres que o circundam. A conclusão que as crianças e jovens cenecistas haverão de chegar, é de que a criança, o jovem ou a pessoa encontrada, nesta páscoa, no fundo é a mesma que está dentro de cada um deles. Esta práxis de comunhão de uma escola de primeiro mundo, como a CNEC, me deu ânimo e esperança num futuro mais justo, humano, solidário e amoroso. A liderança empresarial, política e intelectual da nossa sociedade, alunos de ontem, deveria saber que, um profundo contato pessoal é necessário entre eles e o povo que sofre, a classe trabalhadora, os desempregados, as crianças em situação de risco, os idosos abandonados.

E perceber, que o “poder”, o “ter”, o “mandar”, o “conhecer”, torna o ego muito forte, mas a alma empobrecida. Sentir como próprios os problemas da fome, do subdesenvolvimento, da discriminação e, o saber partilhar, compreender e assumir como seus os problemas dos outros, forma a verdadeira liderança que urgentemente necessitamos. Os alunos da CNEC começaram a se desvencilhar do puro conhecimento e deram um salto em direção à verdadeira vida. Eles sabem que o conhecimento, assim como o poder, é muito destrutivo, quando não tem como base a solidariedade. Que guardem esta experiência e passem a assumi-la na vida adulta. Toda a humanidade está indo à míngua por causa do ensino que repassa, continuadamente, cálculos, regras e simples conhecimento. Ao invés de pessoas, formam seres conflituosos, exploradores, explorados e miseráveis, com uma vida inútil, sem nenhuma dignidade ou respeito. Só humilhação e ansiedade. E só aparência.

Pensamento da semana: Parabéns e bem vindos à educação para a vida e ao florescer de uma nova consciência, alunos cenecistas. Obrigado professores de todas as nossas escolas. Feliz Páscoa concordienses.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

“RECANTO DO IDOSO, CTG, NOVA BRASÍLA...”

Cesar Techio
Economista – Advogado
techio@concordia.psi.br

Obras públicas, imprescindíveis, urgentíssimas, em favor das quais a administração pública, dada a relevante necessidade, não pode negar de imediato o início, sob pena de afronta ao princípio constitucional da eficiência, só não as vê, quem é cego. Todo o dia, trabalhadores, mães de família e crianças de Nova Brasília expõem suas vidas a graves acidentes, quando se deslocam da comunidade ao centro da cidade, caminhando pelo asfalto. Veículos que ocupam a primeira pista (são duas ascendentes) se obrigam a frear, espremidos entre as pessoas que por ali transitam e outros veículos que descem a ladeira. Uma calçada para pedestres e uma ciclovia deveriam ser construídas desde o Posto São Jorge até a comunidade a fim de evitar mortes. O CTG Fronteira da Querência, encravado na comunidade de Fragosos, movimenta grande número de cidadãos em grandes e diversos eventos culturais. Não obstante, a poeira sobe alta pela rua de terra, sufocando os moradores e os visitantes que chegam ao local, espantados com a situação. Quando não é poeira é barro que torna impossível o trânsito naquele local. Mais adiante, o Recanto do Idoso, recebe pessoas diuturnamente e, pelo que se constata, embora afastada do centro de Concórdia, Fragosos se encontra integrada à vida urbana, mas esquecida pelo Poder Público. Na realidade, estes pólos de intensa e contínua atividade humana são exemplos de espaços que deveriam se inserir dentro das políticas públicas de mobilidade urbana e crescimento. Embora a primeira vista sejam interessantes as mudanças de trânsito propostas pelo Município, é evidente que não resolverão o problema do trafego veicular no centro da cidade. É preciso buscar soluções definitivas.
Investimentos em eixos de expansão de crescimento é a solução para o trânsito denso e nervoso de Concórdia. É preciso construir escolas, hospitais, fábricas, ruas asfaltadas, sistemas de energia e de água, para fora do anel central, o qual se assenta num buraco topográfico no qual a Rua Dr. Maruri é a via dorsal da cidade. Fragosos, Santo Antônio, São José, Suruvi, Posto Cem, são exemplos de núcleos urbanos que crescem aparentemente desvinculados do centro da cidade, mas que possuem estreita vinculação socioeconômica com o mesmo. Os deslocamentos de pessoas para o centro, através de automóveis, ônibus ou a pé, são sistemáticos, rotineiros, intensos e diários, pois tudo se encontra no centro. É preciso, então, ao invés de buscar soluções paliativas, investir na “desconcentração” urbana, dando mais atenção a esses núcleos de crescimento, buscando meios para que as pessoas permaneçam neles ou nos bairros. É preciso “pulverizar” as atividades urbanas, fixando nestes “eixos de expansão”, bancos, farmácias, hospitais, escolas primárias e de segundo grau, fábricas, agências de telefonia, da CASAN, CELESC, secretarias municipais, lojas, prestadores de serviço, etc. Instalar linhas de microônibus confortáveis, de 30 em 30 minutos, fazendo o percurso inter-bairros e centro da cidade é fundamental para se deixar o carro em casa. O sistema de transporte público de Caracas, por exemplo, pode nos inspirar. O “Metrocable” é um sistema teleférico de superfície, tipo metrô ou ônibus elétrico ligado e movido por cabos em trilhos, concebido para que os habitantes dos morros em torno da cidade possam se locomover de forma mais rápida, barata e segura até o centro. Portanto, é preciso ousadia. Pensar diferente e investir em infra-estrutura apta a resolver nossos problemas de forma definitiva.

Pensamento da semana: Qual será o próximo candidato a prefeito a prometer, novamente, a construção do canal extravassor?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

“DONA LÍDIA: UMA MÃE EXEMPLAR”

Cesar Techio
Economista – Advogado
techio@concordia.psi.br


“Tudo o que sou, ou tenho esperança de ser, devo ao anjo que foi minha mãe. Lembro-me de suas orações…”, é o que sempre dizia Abrahan Lincoln, um dos presidentes mais famosos dos Estados Unidos. Liberal Brezolla, excelente pai, boníssimo comerciante que fez história com seu restaurante na Rua do Comércio, esquina com Rua Dr. Maruri (pelas minhas lembranças na venda, por várias décadas, da saborosa e apreciada “dobradinha” ou “bucho” e sorvete), deixou, ao falecer, dona Lídia Colombo Brezolla no timão do barco familiar. Por mais de quatro décadas, até seu falecimento, por morte natural, na semana passada, ela se manteve no honroso, inalienável e heróico posto que toda a verdadeira mãe assume ao gerar filhos e filhas, por amor, ideal e vocação. Quem não respeitava e admirava o “Seu Liberal”? Homem de uma personalidade marcante, afável, bem humorado, que se fez líder entre seus amigos e clientes. Mas, ela, a mãe, na verdade se mostrou, com a morte de seu marido, a pedra angular da família. E manteve seus filhos unidos no rumo da decência e da dignidade. Criou e formou as crianças na firmeza de caráter, bondade e amor. Deixou orgulhoso o seu Liberal, lá no céu de onde a esperava por todos estes anos.

Por isso, no velório, já na despedida, observando aquele rosto sereno pelo dever cumprido, fiquei pensando nas mães de nossas famílias, das de antigamente, das oriundas dos primeiros tempos do município, descendentes de imigrantes do velho continente, valorosas mães que sustentavam o duro modelo social vigente, de muitas e todas as necessidades, no qual, sem o vigor e a coragem delas, seus maridos e filhos não sobreviveriam. Não existiam médicos, hospitais, nem água quente, remédios ou as facilidades dos nossos tempos: assistência governamental em todas as áreas, através de programas assistenciais, nem pensar. Didáticas, pedagógicas e educativas, em circunstâncias de intensa luta pela sobrevivência, amenizavam a severidade daqueles tempos, com irreprimível entusiasmo pelos filhos a quem serviam como porto seguro. E não reclamavam. De nada. Minha avó relatava que, ao migrarem do Rio Grande do Sul para estes morros, encontraram mato fechado. Mas, as dificuldades eram vencidas pela determinação, valentia, alegria e fé. Ajudou o avô construir a casa rústica, cobertas com tabuinhas cortadas manualmente das árvores derrubadas a machado. Tinha que ser mais corajosa do que as onças que rondavam a casa e matavam os bezerros e cachorros, pois os filhos, pequenos, eram alvos frágeis para as feras. Era a primeira a acordar e a última a dormir. Oh tempos difíceis, mas que deveriam servir de espelho para todos.

É que, contrapondo-se a tal comportamento das mães de antanho, imbuídas de um espírito heróico que “agüentava o tranco”, o travo amargo de um tempo bruto, muitas jovens de hoje navegam por um liberalismo moral e mar de lamúrias que dá dó de se ver. Por isso, pelo triste passamento de Dona Lídia, me quedei a refletir sobre o grande exemplo das mães de outrora, calejadas, sofridas, lutadoras, mas firmes no seu papel familiar. Talvez, a maior lição que deixavam era a boa educação religiosa aos seus filhos, não só instruindo-os nas verdades, doutrina e preceitos religiosos, senão principalmente dando exemplo no exercício das virtudes cristãs, sociais e de civilidade.


Pensamento da semana: "O coração de uma mãe é um abismo profundo em cujo fundo você sempre encontra perdão." Honoré de Balzac

terça-feira, 5 de abril de 2011

ELIO JOÃO BRUNETTO: CONCÓRDIA TE PARABENIZA E AGRADECE.

Cesar Techio – Economista
cesartechio@gmail.com

Em belíssimo almoço festivo, mais de trezentas pessoas, entre altas autoridades do Município e do Estado de Santa Catarina, amigos e parentes, reuniram-se no dia 26/03/2011, para comemorar o 80º ano de Elio João Brunetto. Em circuito íntimo, estiveram presentes somente convidados “in pectoris”, entre os quais os que construíram a história de Concórdia e que foram seus companheiros, em feitos memoráveis. Devido a seus problemas visuais, auscultei-o durante três meses, extraindo de nossas conversas dados relevantes sobre sua vida, a qual se entrelaça com a vida desta cidade e, por conta disso, tive o grato privilégio e a honra, de relatar, em oratória simples e objetiva, sua trajetória entre nós. Não foi fácil, pois a emoção tomou conta de todos os presentes. Fundou o “O Jornal”, sua obra prima (desde 1974 o maior periódico da região). Participou, em 1954, da instalação da CNEC local (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade), em parceria com seu amigo Neudy Massolini, época em que sobressaia Venderlino Engel, homem de uma cultura invejável e que foi a coluna mestra que manteve a escola funcionando nos primeiros anos.

Participou da primeira diretoria e, nesta função, com a colaboração de alunos e professores, lançaram a campanha para a construção da primeira ala, cuja pedra fundamental foi por ele instalada. Receberam, por doação, da Prefeitura Municipal e Rafhael Missio os terrenos e após muitos esforços e campanhas e uma forte colaboração dos diretores e da Sadia, concluíram o primeiro prédio. Após a conclusão de seus estudos, colaborou, por diversos anos, como professor de matemática no ginásio e de mecanografia na escola técnica de contabilidade. Em 1964, por convite de Lady Caetano Massolini, ingressou no Lions Clube Concórdia Centro, no qual exerceu os principais cargos como secretário, tesoureiro e presidente por diversas vezes. Em memoráveis campanhas, com a participação ativa de todos os companheiros, contribuíram para a melhoria das instalações da APAE, da SCAF e da Escola Melvin Jones. Foi o primeiro presidente eleito do Clube de Diretores Lojistas de Concórdia. Em sua gestão, pelos anos de 1972, participou da primeira Convenção Nacional, realizada no Rio de Janeiro.

Exerceu a presidência da Associação Comercial e Industrial (1973/1974). Nesta gestão, foi realizado um forte movimento empresarial para trazer, mais próxima possível da nossa cidade a BR-153, pois, pelo primeiro traçado, a estrada federal passaria pela cidade de Jaborá. Também conseguiu do poder público municipal um decreto declarando a ACIC uma entidade de utilidade pública. Foi conselheiro da igreja católica, na época da demolição da antiga e da construção da atual, sendo seus colegas: Octaviano Zandonai, Anselmo Fontana, Remy Fávero, tendo como vigário Simão Laginski. Lançou a pedra fundamental juntamente com o Romano Anselmo Fontana do Velatório do Cemitério Municipal, hoje transformado em templo católico. Foi presidente, em muitas eleições, da Secção Eleitoral nº. 1; sócio fundador do Clube dos Veteranos de Concórdia; membro da Associação dos Italianos; sócio patrimonial do Clube 29 de julho, da Associação dos Motoristas e da ABC Piscina Clube; Jurado por muitos anos; “Amigo da Policia Militar”, título conferido em diploma e troféu pelo saudoso Major Comandante da época, Henrique Hemm, hoje coronel. Economista pela Universidade Federal do Paraná é casado com Gelsi Petrolli Brunetto há 53 anos. Elio João Brunetto surpreendeu-se no almoço de seu aniversário pelas calorosas homenagens, somente prestadas a grandes homens que, como ele, soube acolher a todos e a construir um futuro melhor, hoje desfrutado pelas novas gerações.

Pensamento da semana: Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas Elio João Brunetto, pelo seu exemplo, fez e faz com que todos nós, concordienses, nos sintamos orgulhosos e grandes.