Cesar Techio
Economista – Advogado
techio@concordia.psi.br
A experiência vivenciada pelos alunos da CNEC, neste período de Páscoa, vai ficar na história e, certamente influenciará outras escolas, na medida em que rompe com o assistencialismo e promove uma verdadeira interação entre eles e a realidade humana e institucional de nossa cidade. Com gênese no Grupo de Filosofia, a escola se propôs a realizar em todas as turmas, de acordo com a capacidade de compreensão dos alunos, atividades focadas na reflexão e na fraternidade, desencadeadoras de atitudes e práticas de comunitarismo e voluntariado. Cada turma, do maternal ao último ano do ensino médio, com seu professor, passaram a visitar uma entidade para conhecer e interagir com as pessoas que são atendidas ou com as que trabalham em benefício da comunidade. Os alunos decidiram levar consigo um presente adequado a entidade. Eles economizaram e montaram cestas básicas ou de doces e chocolates e, cada qual, ao entregar pessoalmente o presente, se interessou em dialogar, conhecer e sentir a realidade vivida pelo visitado. Perguntei a exemplar diretora Gislaine Teresinha Winter qual era o princípio que movia esse projeto e ela me afirmou que a base era a solidariedade, compreendida como “estar com” e não simplesmente como “dar algo a alguém”. Foram visitados o Lar Anjo Gabriel, funcionários e crianças internadas no Hospital São Francisco, crianças dos Bairros Santa Rita, Bom Pastor, Flamenguinho, Nova Brasília, Frei Lency, funcionários do presídio municipal, Recanto do Idoso, Corporação dos Bombeiros Voluntários, Batalhão da Polícia Militar, Casa do Caminho, entre outros.
Parece simples, este projeto, mas, partindo de uma escola, não é. Explico: O modelo educacional promove, de regra, o conhecimento mecânico e acumulado nos livros, computadores, internet. Só que, através desta abordagem fria e mecânica os jovens jamais descobrirão a realidade social em que de fato vivem. Trata-se de informação que não transforma, e de conhecimento que não permite saber o ser que o jovem é e os seres que o circundam. A conclusão que as crianças e jovens cenecistas haverão de chegar, é de que a criança, o jovem ou a pessoa encontrada, nesta páscoa, no fundo é a mesma que está dentro de cada um deles. Esta práxis de comunhão de uma escola de primeiro mundo, como a CNEC, me deu ânimo e esperança num futuro mais justo, humano, solidário e amoroso. A liderança empresarial, política e intelectual da nossa sociedade, alunos de ontem, deveria saber que, um profundo contato pessoal é necessário entre eles e o povo que sofre, a classe trabalhadora, os desempregados, as crianças em situação de risco, os idosos abandonados.
E perceber, que o “poder”, o “ter”, o “mandar”, o “conhecer”, torna o ego muito forte, mas a alma empobrecida. Sentir como próprios os problemas da fome, do subdesenvolvimento, da discriminação e, o saber partilhar, compreender e assumir como seus os problemas dos outros, forma a verdadeira liderança que urgentemente necessitamos. Os alunos da CNEC começaram a se desvencilhar do puro conhecimento e deram um salto em direção à verdadeira vida. Eles sabem que o conhecimento, assim como o poder, é muito destrutivo, quando não tem como base a solidariedade. Que guardem esta experiência e passem a assumi-la na vida adulta. Toda a humanidade está indo à míngua por causa do ensino que repassa, continuadamente, cálculos, regras e simples conhecimento. Ao invés de pessoas, formam seres conflituosos, exploradores, explorados e miseráveis, com uma vida inútil, sem nenhuma dignidade ou respeito. Só humilhação e ansiedade. E só aparência.
Pensamento da semana: Parabéns e bem vindos à educação para a vida e ao florescer de uma nova consciência, alunos cenecistas. Obrigado professores de todas as nossas escolas. Feliz Páscoa concordienses.