Cesar
Techio
Economista
– Advogado
A cronica “Jogos Perigosos”, publicada por
liberalidade por alguns jornais, sofreu rigorosa crítica de um leitor do
Paraná. No GTA V, nas cenas mais leves o jogador tem de atirar em policiais e
roubar inocentes e nas mais pesadas, sequestrar e torturar, usando alicate para
extrair informações para encontrar e assassinar outra pessoa, entre outras
barbáries. Segundo ele, eu não deveria usar a mídia para lançar palavras tão
pesadas contra o jogo, do qual ele é afeiçoado, pois se trata de puro
entretenimento e, sendo advogado de uma multinacional, com visão crítica e
formação intelectual, nem por isso sai por aí atirando nas pessoas. Respondi que
o problema não está no jogo, em si, mas na cultura de violência sugerida por
todos os jogos do gênero que acabam formatando um ideário, uma
ideologia, um sistema comportamental que causa dor, sofrimento, angústia,
miséria e morte. Por que não participar de um jogo no qual ganha o jogador que
encontrar a melhor solução para construir casas populares, melhorar o
saneamento básico ou diminuir a fome e a desigualdade social, por exemplo?
Handebol, voleibol, futebol, vôlei futsal, natação, atletismo
e outros jogos coletivos que permitem construir estratégias de vitória em
equipe, certamente contribuem muito mais para a formação da juventude e para a
existência de uma sociedade feliz do que jogos nos quais outro ser humano tem
que morrer.
Nos jogos violentos, o sangue, a dor alheia, o
massacre e a morte passam a ser coisas corriqueiras de tal forma que a
mentalidade do jogador, diante de um impasse, será sempre, como única opção, a
de destruir a pessoa do outro. Afirmar que um viciado nestes jogos não
possa apresentar, mais cedo ou mais tarde, reações semelhantes a do jogo no
meio social em que vive, é pura ingenuidade. Notório é que, pretextando
diversão, os amantes destes jogos gostam de situações nas quais é patente a
inexistência de qualquer sentimento ou consciência de que a vítima por eles
abatida no jogo, também é um ser humano, filho de um pai e de uma mãe,
integrante de uma família e de uma sociedade.
De forma que, com a devida vênia do leitor,
jogos violentos acabam com a integridade, com a inteireza e com a força moral
de quem joga sistematicamente. Eles escravizam a mente dos jogadores de forma
sofisticada. Trata-se de uma escravidão sutil, moral, psicológica e espiritual
que manipula mentalmente e enfraquece o ser humano, extraindo de sua cabeça e
de seu coração alternativas humanistas, civilizadas e diplomáticas para a
solução dos conflitos.
Pensamento da semana: “A violência destrói o que ela pretende defender:
a dignidade da vida, a liberdade do ser humano”. João Paulo II.