quarta-feira, 17 de abril de 2013

DITADORES


      
  Cesar Techio - Economista – Advogado

                Os grandes monstros da história moderna, a partir de Hitler e Stalin, continuam a se reproduzir em várias partes do planeta, não devendo ser desconsiderado que uma guerra nuclear catastrófica tem todas as chances de ocorrer, especialmente através de um regime ditatorial afastado das leis, da opinião pública e em especial de qualquer noção de direitos humanos. A ditadura norte coreana despreza de forma violenta e indiscutível a liberdade pessoal de cada indivíduo. A dignidade do ser humano, sua liberdade de orientar-se e agir conforme sua razão, entendimento e opção de vida é algo totalmente descartado por aquele regime tirânico. De uma maneira geral, as pessoas que vivem em países ditatoriais e totalitários não são vistas como indivíduos portadores de direitos e deveres, mas apenas como objetos para o uso arbitrário da vontade egoísta dos tiranos de plantão. Aristóteles define estes regimes como “um domínio irresponsável, sobre iguais ou melhores, no interesse do dominador, mas não no interesse dos dominados”.

            Com métodos poderosos de persuasão e repressão (dinheiro, exército e meios de comunicação), forçam o povo a aceitar a ideia de que o tirano é o próprio Estado, a nação e que ele representa a vontade de todos e até de Deus. Sem piedade ou qualquer sentimento de misericórdia ou respeito, os ditadores buscam a todo o custo a coisificação e instrumentalização do ser humano, a quem forçam a se tornar simples meio para fortalecer a sua sede de poder.  Mas, além de ignorarem as leis, os costumes e padrões morais de seu tempo; além de massacrarem o próprio povo, escravo e vítima da miséria; além de encarcerarem, torturarem e matarem os opositores políticos, seus filhos e famílias (atualmente são mais de duzentos mil norte-coreanos nesta situação), os tiranos possuem uma política voltada ao poder universal, além de suas fronteiras. Completamente ensandecidos buscam coagir e obstruir o direito das nações de viverem em paz. Tentam ostensivamente ferir a autodeterminação dos outros povos no âmbito dos direitos fundamentais, apontando-lhes armas e estratégias invasivas. Trata-se de poder ilegítimo que, dentro da globalização da convivência humana e do direito internacional, deve ser suprimido com urgência e determinação.

            Mas, ditadores e tiranos nem sempre vivem além-fronteiras. Em que pese obterem notoriedade quanto mais alcançam o poder político, tiranos e ditadores muitas vezes podem ser encontrados dentro de nós mesmos. Lá no fundo da nossa mente, um simples exame de consciência pode às vezes revelar um Kim Jong-um qualquer. Refletindo sobre o texto acima é possível que nos identifiquemos com alguns ditadores da história recente.     Basta nos perguntar o quanto transformamos nossas atitudes e ações em egoístas interferências e transgressões da liberdade dos outros. Pequenas violências como a falta de atenção familiar, amor aos filhos, respeito aos pais e palavras vazias como “eu te amo” sem correspondência concreta, não nos faz muito diferentes dos ditadores que querem dominar o mundo. Que nossos beijos não sejam apenas exercício dos lábios atrás dos quais não existe ninguém, mas uma força capaz de extinguir os ditadores e tiranos que existem disfarçados dentro de nós.

Pensamento da semana: "As tiranias fomentam a estupidez." Jorge Luis Borges.