(Texto para publicação)
Cesar Techio
Economista –
Advogado
Com a devida vênia,
monumentos à bíblia, inaugurados e
encravados em praças de muitas cidades, instigam-me a certas obviedades.
A bíblia durará enquanto um único ser humano ainda estiver presente sobre a
face da terra. Ela grita à consciência da humanidade palavras de vida eterna e
adentra no âmago das almas como força transformadora. Na base do Novo
Testamento está o amor, lei fundamental a que se referia Santo Agostinho: “Ama
e fazes o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com
amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se
tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus
frutos.”
Mas, o maior
problema é que o ator principal da história, Jesus, anda completamente
esquecido. Tomou-lhe o lugar vários projetos institucionais e pessoais, todos
alienados à essência de sua mensagem. Excepcionais monumentos a bíblia
aberta em praças públicas, mostram a todos que lançarem um olhar sobre as suas
letras, a nova lei que o Nazareno pregou em meio a uma velha e superada
sociedade embalada pelo velho testamento. Ele fala de amor, de perdão e
aceitação, mas ao perscrutar as linhas da bíblia muitos cristãos entendem, mas
poucos vivem verdadeiramente a essência desta lei: “E eis que certo homem,
intérprete da Lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus à prova e
disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Então, Jesus lhe
perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas? A isto ele respondeu:
Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas
as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e
viverás” (Lc 10:25-37).
Não existem formas
particulares, institucionais ou políticas de interpretação bíblica que possam
desbordar desta lei, sob pena de a transformarmos num golpe contra o
amor. Ora, de que adiantam monumentos à bíblia encravados em praças
públicas e todas as homenagens ao que ela contém, se suas palavras não
estiverem também encravadas no coração? De que adiantam os princípios cristãos
de que proclamamos sermos portadores se não os vivenciarmos na nossa vida
pessoal e social? De sorte que monumentos à Bíblia, veem exortar para que
vivamos firmes na fé. São eles chamamento para que sejamos amorosos, vivamos em
harmonia e possamos dar o exemplo de que fala Tertuliano, em referência ao que
diziam dos primeiros cristãos: “Vede como se amam entre si e como estão
prontos a dar a vida uns pelos outros”. De fato, aceitarmos uns aos
outros, pouco importando a denominação religiosa, é ordem bíblica a qual
devemos obedecer sem argumentos: “Nisto conhecerão todos que sois os meus
discípulos: se vos amardes uns aos outros. Vós sois meus amigos, se fazeis o
que vos mando.(...) O que vos mando é que vos ameis uns aos outros. (Jo 13,35;
Jo, 15;13 e 17).
Pensamento da
semana: “Existem pessoas que amam o poder; outras têm o poder de amar.”