quinta-feira, 21 de agosto de 2008

THE BEATLES

“THE BEATLES”
Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@yahoo.com

Cadência, ritmo, conteúdo forte, amor envolvente e intenso, de um tempo lindo que buscamos dentro de nosso passado, mas que insiste em se fazer presente, nos olhos de uma linda mulher, enquanto os Beatles, vivos, ainda cantam: “Feche os olhos e eu te beijarei, amanhã eu sentirei sua falta. Lembre que eu sempre continuarei verdadeiro. E, então, enquanto eu estou fora, te escreverei diariamente, e eu enviarei todo meu amor para você”( All my loving ).

Durante uma hora e meia, no Clube 29 de Julho, vivemos, no presente, com impressionante perfeição, momentos de um tempo que jamais chegará ao fim, porque está vivo dentro de cada um de nós. A extraordinária banda cover dos Beatles, excepcionalmente em nossa cidade graças a genialidade de Gustavo Muraski e a competência de Fábio Orlandini, foi um presente para Concórdia.

A emoção de Rogério Maurer e a alegria de Walkíria, na mesa ao lado, deram o tom dos sentimentos da platéia, embalada por “In My Life” de LennonMcCartney“: Há lugares que eu me lembro, por toda minha vida, entretanto alguns lugares mudaram. Alguns para sempre, não para melhor, alguns foram e alguns permanecem. Todos estes lugares tiveram seus momentos. Com os amantes e amigos. Eu ainda posso recordar. Alguns estão mortos e alguns estão vivendo. Na minha vida eu amei a todos eles. Mas de todos estes amigos e amantes, ninguém se compara a você. E estas recordações perdem seu significado, quando eu penso em amor como algo novo. Embora eu saiba que nunca perderei o seu afeto, para as pessoas e coisas que se foram, eu sei que eu pararei freqüentemente e pensarei neles. Na minha vida eu te amo mais do que tudo”

O desempenho desta maravilhosa banda, cantando “It”s Only Love: ”Eu me sinto bem quando vejo você passar, Meu... meu Deus! Quando você suspira meu corpo voa... Borboletas...”, me fez refletir sobre a atual realidade, após mais de quatro décadas do “tempo Beatles”.

Para onde foi nosso amor, nossa sensibilidade, nossos sentimentos de que tanto falam, com eloqüência, as letras das músicas dos Beatles? Ao nosso alcance a melhor tecnologia, informação e comunicação cibernética, jamais sonhada pela humanidade. Entretanto, no mundo tecno esquecemos o norte do coração e, por qualquer bobagem, pensamos em matar, destruir, descartar as pessoas que amamos como qualquer produto de consumo que, depois de usado, não serve mais. Nosso amor, nossa vida, a mulher que tanto amamos, não tem individualidade, sentimentos próprios e... Longe do jugo do lar, o apocalipse! Pouco importa se filhos entram em colapso, num trauma profundo e doloroso. Confundindo amor com posse, a pseudo intelectualidade de nossa época cria escândalos, ameaça de morte, de suicídio e provoca terror na família.

Para onde foi nosso suspiro, nossa capacidade de amar? Que contradição é essa, entre as mais lindas canções de amor e atitudes violentas, só porque o amor, enfim, acabou? Afinal, de que amor você pensava, exalava, falava, quando e enquanto ouvia os Beatles?

“Imagine, um mundo sem posses. Eu me surpreenderei se você conseguir. Sem necessidade de ganância ou fome. Uma irmandade entre os homens. Imagine todas as pessoas dividindo o mundo.”(John Lennon ). Imagine a mãe de seus filhos, sua amiga. Imagine amar sem condições. Que, “os Beatles”, voltem a Concórdia! Forever !