quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A DEUS O QUE É DE DEUS E AO PAPA...

A DEUS O QUE É DE DEUS E AO PAPA ...

Cesar Techio
Economista – Advogado
techio@concordia.psi.br


Tendo como pano de fundo a situação política, social, filosófica e religiosa do pós-guerra, um olhar sobre o passado oferece um panorama amplo de realizações dos frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, no sul do país e, em especial, no nosso município e micro-região. Qualquer um que estude a história de nosso povo ver-se-á introduzido na atmosfera que condicionou as iniciativas dos Franciscanos nessas dezenas de anos, os quais com suas atividades ocasionaram uma verdadeira mutação cultural em nossa região.

Exagero? Evidentemente que não. Basta dizer que milhares de candidatos à vida religiosa passaram pelos bancos dos seminários de Luzerna, Rio Negro, Ituporanga e Agudos - SP e depois voltaram para suas comunidades trazendo na bagagem um excelente nível cultural, irradiado nas estruturas institucionais onde vivem, a exemplo do nosso Prefeito Neodi Saretta.

Além de formar frades o objetivo dos franciscanos era e é o de formar cidadãos para a construção de um mundo melhor, tendo como parâmetro não somente o mero desenvolvimento econômico, nem a promoção da justiça social, através da transformação das estruturas políticas e econômicas, mas a verdade humana, integral, que fundamenta e finaliza todas as atividades de ordem científica, econômica, política e espiritual.

Orientavam e orientam seus alunos segundo os princípios do bem comum e da dignidade da pessoa humana, em vista de soluções justas, além de tecnicamente viáveis. Faziam e fazem despertar a consciência para a responsabilidade social, chamando a atenção para as exigências éticas de determinadas situações. A irradiação dos benefícios desta atividade na estrutura social da nossa região, é incalculável e inestimável. Outras atividades vieram a coroar o mérito destes abnegados padres, além da evangelização, como serviços sociais de diversas naturezas, ainda hoje intensamente desenvolvidos pelas paróquias franciscanas, como a pastoral da saúde comandada pelo meu ex-companheiro de seminário, o farmacêutico Frei Luis Toigo.

Dentro deste contexto histórico, entretanto, verificaram-se algumas situações que penalizaram o projeto sócio cultural franciscano na nossa região. O fechamento do saudoso Seminário de Rio Negro e o de Luzerna. Sementeiras fulminadas por sucessivos equívocos, contra uma fantástica iniciativa que visava, não somente a formação de padres e religiosos, mas de pessoas comprometidas com um cristianismo engajado, autêntico e humanista.

Por fim, a atual política da igreja católica, relativamente as vocações religiosas, tendo a frente o papa RATZINGER ( o mesmo que fulminou com o também concordiense Frei Leonardo Boff das fileiras franciscanas) na mesma linha de seu antecessor desestimula vocações e vai na contra-mão da história vocacional de nossa região.