quinta-feira, 9 de setembro de 2010

“IMPRENSA LIVRE E PATRIOTA”




Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

A diplomacia do presidente Lula envolve uma especial e aguçada atenção em favor de países ditatoriais, antidemocráticos, exemplos por excelência de opressão e tirania. Esta é a primeira questão: entender que os regimes de governo como os da Venezuela, Bolívia, Cuba e Irã, que negam o direito natural, desrespeitam os direitos fundamentais e são desvinculados das liberdades civis e dos princípios democráticos, não são compatíveis com o modo de viver do povo brasileiro. Os governantes destes países, cortejados por Lula, se movem sob o espectro da opressão e do férreo bloqueio a construção social calcada em princípios morais e jurídicos imprescindíveis à justiça, à paz e à liberdade. Nesta ordem de entendimento, a denúncia da imprensa brasileira do alto risco que a aproximação política, comercial e cultural franqueada a estes países e aos seus ditadores, representa ao nosso sistema democrático de direito e à nossa gente, infensa por índole ao terrorismo que ameaça o mundo, é tarefa meritória, eminentemente cívica, de colaboração patriótica, verdadeira vacina contra a peste da intolerância.

O segundo aspecto que precisamos compreender, é que o nosso sistema jurídico de governo e os nossos princípios de liberdade e de respeito à pessoa humana nos obrigam a viver em harmonia e em paz. A defesa de uma ordem mundial simétrica com o nosso sistema democrático deve ser aplaudida e abençoada. Mas o diálogo em favor da paz exige, dos países acima mencionados, reciprocidade quanto às convicções democráticas, ardente entusiasmo pela liberdade de expressão e de informação, amor pela justiça social, proteção à liberdade política, à propriedade privada e profundo respeito pelos sentimentos religiosos da população. É defeso o diálogo com governantes centralizadores, ditatoriais e truculentos que mandam matar opositores políticos, mantém encarcerado pais de família que ouçam discordar de seus regimes, estimulam grupos terroristas, fraudam eleições, detonam os meios de comunicação e, consequentemente, muitas vezes de forma dissimulada, mas não menos cínica, se mantém eternamente no poder.

O modelo dialogal sempre foi o paradigma da diplomacia internacional. Não se trata de nenhuma novidade criada pelo presidente Lula. Todavia, não pode ser aplicado aos que realçam como princípios básicos a negação dos direitos inalienáveis e fundamentais, repudiam e rejeitam a liberdade de consciência e a independência do Poder Judiciário. Pensar diferente, com simpatia por um modelo diplomático que privilegia a diálogo “olho no olho” com regimes intolerantes, contrários ao direito natural e de práxis terrorista, equivaleria a nos sujeitar a critérios não racionais, conscientes, objetivos e perdermos, fundamentalmente, o referencial ético. Infelizmente, muitas pessoas são influenciadas pela idealização que a figura de um presidente sugere. É preciso desconstruir a vetusta ideologia do “império”, da “esquerda” e da “direita”, da dialética da liberdade versus consciência servil e encontrar atrás dela a dura realidade de que, simplesmente existem países democráticos, livres, defensores da dignidade da pessoa humana e, países não democráticos, infeccionados até a medula pela doença destruidora do terror e pelas atrocidades patrocinadas pelos seus “senhores” ditatoriais. Enfim, o futuro da democracia e da nossa própria liberdade depende da autolibertação da fantasia inconsciente que nos aprisiona a onipotência do poder.

Pensamento da semana: "Não se deve ser tolerante com os intolerantes" (Karl Popper, escritor dinamarquês).