Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com.br
Perguntei ao coração, se aqui poderia deixar fluir as emoções mais secretas, aquelas recônditas, ocultas, encobertas e que navegam no dorso de músicas que falam de amor. Escreva, balbuciou. Quero amar cada toque do teclado, cada fio dos sentimentos que desafiam o tempo dos seus cabelos de meia idade. Mas, confesse o que você sentiu ao encontrar esta doce ilusão que tem o nome de mulher. O coração fala como se fosse possível colocar no papel a emoção de perscrutar o brilho dos olhos, dos cabelos soltos, da pele macia, do sorriso terno de uma lembrança estática, de outro coração, dono de outras músicas e emoções. Mas, fecho os olhos, carregado pela letra da música que me assombra e “eu posso sonhar com maneiras de te deixar ocupada. Posso trancá-la, nós guardaremos isso como segredo. Obedeço a sua sentença na minha cabeça. Hoje à noite eu sonharei com maneiras de deixá-la ocupada. Então eu posso trancá-la, nós guardaremos isso como segredo. Tão certo é meu hoje à noite, amor, quando eu fechar meus olhos” (I Close My Eyes. Shivaree).
Então, divertiu-se a mente, sempre racional, pretensamente lógica em cada linha e entrelinha destas colunas: O que vão dizer os leitores, os que esperam, a cada semana o desfile ácido, cítrico, crítico, dos ímpetos que escrevem a quatro mãos, como voce mesmo disse alhures? A hora é da política local, das uniões e desuniões, do raciocínio lógico, conceitos, frases, elocubrações (as vezes edílicas outras etílicas). Entretanto, se racionalmente mantenho o foco quando escrevo, com o coração me apaixono, festejo, celebro voô em rumo incerto envolvido pelos pensamentos lúdicos de quem sonha amar e ser amado. Também me fascinam os desfiles estéticos, intrigantes matizes de vestidos alinhados, colados, o perfume que atiça o libido, a química intensa do desejo mais próximo do corpo e dos lábios. Esse é o show secreto, pueril, com sabor de vinho carmenere e de viver o impensável.
E, desta forma, num mundo onde o amor tem a cor das convenções, das relações sociais, dos papéis acertados, dos deveres a cumprir; no qual um toma o outro como certo e garantido, pelo menos com o coração somos fluídos, renovados, mais amados, mais amantes. Felicidade tem a ver com fragrância das próprias realizações, com as quais podemos fazer muitas coisas que não sejam de natureza econômica, política, jurídica, social, fruto do desejo dos outros e não dos nossos, apenas por puro prazer. Alegrar-se, maravilhar-se com as coisas mais simples, brincar, estar disponível para infantilidades com a pureza de uma criança e, ao voltar, assumir com serenidade as obrigações, é sinônimo de equilíbrio, maturidade e felicidade. Enfim, convenhamos, é preciso viver. E viver, meus amigos e amigas, é amar, dançar, ousar o desconhecido, desafiar as mudanças, necessárias, imprescindíveis e... urgentes.
Pensamento da semana: “Luto pela magistratura séria, que não pode ser confundida nem misturada com meia dúzia de vagabundos infiltrados”. Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional de Justiça. Revista Veja edição 2.259, circulando hoje.