Cesar Techio - Economista – Advogado
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Por quanto tempo uma propaganda político-ideológica consegue alienar uma pessoa? Por quantos anos um político incompetente e corrupto consegue impor seu discurso e convencer os eleitores a votarem nele? O império do senso comum, no qual as propostas de gestão pública aparecem soltas, superficiais, imprecisas, incoerentes, fragmentadas e bem por isso, confusas e aptas a enganar, pode durar todo o tempo em que os eleitores estiverem dispostos a serem iludidos e dominados. As circunstâncias que favorecem a eleição destas figuras, muito têm a ver com o grau de alienação e desinteresse dos eleitores em conhecerem a fundo os carismáticos candidatos que lhes dão tapinhas nas costas, prometem de tudo e pedem o voto. Embora qualquer um possa ser candidato, bastando saber ler e escrever (uma imperdoável falha do nosso sistema democrático) é fundamental que os eleitores considerem, na hora de votar, a experiência de vida e o preparo intelectual dos candidatos. Um bom currículo acadêmico, uma faculdade, um mestrado e até um doutorado podem fazer a diferença.
Para qualquer função, atualmente, se exige concurso, uma bateria de provas que ateste que o candidato ao serviço seja apto. Neste ano de 2012, estão abertos concursos para o IBGE, Polícia Federal, PRF, Receita Federal, TRT, Tribunais de Justiça, Ministério Público, Banco do Brasil, sendo que para o INSS as provas foram realizadas no último domingo. Concurso no Ministério da Fazenda, Superior Tribunal de Justiça, Liquigás Petrobrás, Senado Federal, Petrobrás, Banco Central, Caixa Econômica federal, Correios, Polícia Civil, Polícia Militar, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Saúde, entre outros, ou estão com as inscrições abertas, ou aguardam autorização para publicação de editais.
Para a habilitação à candidatura a vereador, prefeito, deputado, senador, presidente da república, com mais razão também deveria haver um rígido concurso público. Só poderia concorrer quem fosse considerado apto sob o ponto de vista acadêmico, em currículo que colocasse em relevo inquestionável capacidade intelectiva para entender as atribuições do cargo. É preciso se questionar. Como eleger um idiota ou um analfabeto funcional a vereador, considerando a responsabilidade do cargo, como fiscalizador do Poder Executivo e fonte de leis? Ou não é necessário um nível mínimo de formação acadêmica, cultural, social e de entendimento para o exercício da democracia? Enquanto a lei eleitoral permanece deste jeito, cabe aos eleitores aplicar “concurso público” nos candidatos, escolhendo somente os bem preparados, fulminando do pleito também os analfabetos funcionais, aqueles candidatos que, embora dominem as habilidades básicas do ler e do escrever, não são capazes de utilizar a escrita na leitura e na produção de textos na vida cotidiana ou na escola, para satisfazer às exigências do aprendizado. Qualquer concurso para gari é mais difícil do que o aplicado a candidatos a vereador, pelo que, lembrem-se, eleitores, que é uma incongruência que toda a sociedade se submeta a concursos públicos para toda e qualquer função pública enquanto, irresponsavelmente elege aventureiros para cargos eletivos, como para vereador e prefeito.
Pensamento da semana: “Político que só militou na política e vira rico de uma hora para outra é ladrão” Senador Mário Couto (PSDB-PA) Revista Veja, edição 2256