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Iniciei, hoje, a leitura de “Jesus Aproximação Histórica”, um livro de José Antonio Pagola, Editora Vozes, 650 páginas. A abordagem do “Jesus histórico” não pode ser confundida com um estudo sobre o “Cristo da fé” no qual nós cristãos cremos, já alerta o autor na introdução. Além do mais, o método de estudo tem base “histórico-crítica”, com critérios científicos e, portanto, isento de pressupostos filosóficos e devaneios de “obras de ficção, escritas com delirante fantasia, que prometem revelar-nos por fim o Jesus real e seus ensinamentos secretos, e não são senão fraude de impostores que só buscam assegurar-se de polpudos negócios” (pág.12). Então, finalmente, encontrei uma bibliografia que me interessa, pois de há muito me cansei dos fingidores que utilizam a religião como um comércio, um meio de vida. Não sei o que me aguarda nas próximas páginas, mas a proposta de Pagola me foi abonada e recomendada por um amigo, depois que expliquei a ele que estava farto de constatar que, enquanto para Jesus religião é vida, para muitos líderes religiosos é apenas “meio de vida”. Eles fazem tanto estardalhaço e recolhem tanto dinheiro, que, se Jesus histórico aparecesse no meio deles e do povo entorpecido, seria impossível reconhecê-lo. Reconhecer Jesus implica em capacidade de se relacionar com ele; implica em possuir um coração que permita se tornar um pouco daquilo que ele é para a história. Só podemos reconhecer aquilo que já se encontra dentro de nós mesmos. E isso tem a ver com simplicidade e não com erudição e dinheiro. Parece piada, mas existe tanto envolvimento com idéias e pregações, que se o homem Jesus aparece, com toda a sua dimensão humana e histórica, os que utilizam dele como marketing para “faturar”, tentariam matá-lo.
Mergulhando algumas páginas a frente, percebo que Jesus realmente não foi assassinado por bandidos, homens maus, mas, por rabinos muito respeitáveis, pessoas religiosas (vejam só!) que se sentiram ameaçadas. Contextualizando Jesus, com a ajuda da arqueologia, antropologia cultural, sociologia das sociedades agrárias da bacia mediterrânea, da economia, etc., vemos que ele nasceu na Galiléia, numa aldeia insignificante, dentro da cultura judaica com todas suas implicações. Seu nome, Yeshua (“Javé salva”), dado por seu pai no dia de sua circuncisão era super comum, quase todo mundo assim se chamava de forma que foi preciso lhe identificar como Yeshua bar Yosef, “Jesus filho de José”.
Pois bem, sem qualquer erudição, sem citar mestres, o filho de José começou a “falar do que o coração estava cheio” (Mateus 12,34: “a boca fala do que o coração transborda”) e passou a “dar nos dedos” dos escribas, fariseus e rabinos do seu próprio povo judeu. Ele não era de “passar a mão na cabeça” dos vagabundos e exploradores de seu tempo. Segundo João, “profundamente irado, ele toma um chicote, expulsa os vendedores e animais, derruba as moedas e vira as mesas. Acusou que estavam fazendo da casa do Pai casa de negócios. Com Jesus os supostos religiosos, inclusive de nosso tempo, estão sempre em perigo, porque toda a vida deles não fecha com a vida do Jesus histórico. Assim, se Jesus está certo, a maioria dos líderes religiosos estão errados. Se Jesus está certo, então, muitas igrejas estão erradas. E devem fechar as portas, antes que ele entre nelas e estrale o chicote.
Pensamento da semana: “Não nos percamos”.
RESPOSTA A LEITOR:
Amado.
Obrigado pela sua mensagem.
Reli minha cronica, “Jesus histórico: Chicote neles”
http://cesartechio.blogspot.com/) publicada em vários jornais do país, inclusive no O Jornal, de Concórdia - SC.
Faça o mesmo. Leia mais uma vez.
Não vejo nela qualquer orientação de ordem doutrinária distanciada da coerência de Jesus Cristo.
Quem eventualmente se sente atingido, certamente se coloca na mesma condição dos rabinos, vendilhões do Templo, de que Yeshua bar Yosef falava.
Quem vive diferente (dos vendilhões) deve APLAUDIR O TEXTO.
Afinal, é preciso viver o que se prega. Não é?
Creio, nesta ordem, que o artigo deve fortalecer as igrejas perfiladas com o agir de Jesus. Então, lembro a ORDEM que Ele deu, em Lucas 10,25-28:
"Levantando-se um doutor da lei, experimentou-o, dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Respondeu-lhe Jesus: Que é o que está escrito na Lei? como lês tu?
Respondeu ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
Replicou-lhe Jesus:Respondeste bem; faz isso, e viverás."
Então, estimado, aos vendilhões do Templo afiados na palavra, mas hipócritas com relacão ao que pregam, aos que da religião fazem meio de vida, tenho a dizer:
FAZ ISSO, E VIVERÁS !
As Igrejas que se revoltam com Jesus Histórico e sua vigorosa mensagem, é porque não fazem o que Ele pregou e, por isso, no meu entender devem fechar as portas. Com certa urgência.
As que apoiam, pregam e vivem com humildade e coerência, devem se expandir, crescer, evangelizar, em nome de Jesus !
Abraço fraterno.
Cesar Techio