sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

NA ROTA DA ENGRENAGEM






- Sacanagem! A coisa é séria, de verdade, Haroldo!

- Começarei a beber bem mais tarde.

- Idem. Já pensou recebendo as visitas com a fala enrolada? Uma barbaridade! Uns até poderiam entender o excesso, outros nem tanto, e o equilíbrio é o que interessa.

- Mas o momento merece uma pequena reflexão. Estamos aqui na sacada, depois de uma costela de angus, a mulherada no mercado com os preparativos da tal ceia da virada, sem música (sem música?), uma paz total.

- Pois então. Paz é equilíbrio! A era industrial necessitou aprimorar as já existentes engrenagens. Lembra-se das pontes levadiças nos castelos medievais? A Escócia deu início à tecelagem em grande escala, se valendo da energia produzida por um rio caudaloso, lapidando milimetricamente os dentes dos seus antigos moinhos para diminuir o atrito e consequentemente dar mais vida útil ao maquinário.

- Não foram os ingleses a iniciar a falada era industrial no século 18?

- Pois é Haroldo. Esses caras têm muitos méritos, é inegável, mas alguns lhes são atribuídos por eles mesmos, em causa própria. Eles são o maior império no mundo hoje. São intrépidos e se meteram até em Hong-Kong sem nem mesmo saber do idioma lá falado, aliás, imprimiram o seu. Fundaram os Estados Unidos da América. Mas vamos fazer justiça. Está certo que um dos precursores da indústria era inglês, um tal Richard Artkwright que se associou a um banqueiro escocês, David Dale (pelo nome, hebreu), e colocaram em funcionamento uma indústria de fiação de algodão e tecelagem. O local, o tal rio caudaloso, o Clyde (lembra do Cridão?), numa cidade chamada New Lanark (esses estrangeiros com essa mania de “nova”, Novaiorque, Nova Escócia, Nova Itaberaba, Nova Erechim). Uma história muito interessante. Os caras empregavam basicamente órfãos de cinco a treze anos de idade. Não tinha esse negócio de direitos humanos, mas a piazada, de ambos os sexos, recebia uma educação de primeira. Engrenagem interessante, não é?

- O Galtieri que diga agora de sua tumba no que dá se meter com eles, com aquele pessoal do Norte... Virou-se de bruços rsrsrsrs

- Que barulheira desgraçada!

- Dos canhões e dos estopins?

- Não, não, a algazarra da moçada lá fora...
- Temporada é assim meu irmão. Está todo mundo curtindo a vida, até parece que a coisa não está tão feia... Olha lá aquela Ferrari!

- Mas os canhões também servem bem à evolução. Com o fogo no rabo o vivente tem de se apressar para achar o barril com água fresca e aí descobre otras cocitas más por lo sendero.

- É, não fosse aquele hebreu da bomba atômica, muito provável hoje os emigrados falariam suas línguas-mães aqui pelo Sul. Buon giorno Haroldo!

- Ciao Renato. Que ingrêis, que nada...

- E não é que essa porcaria de engrenagem de guerra também necessita de dentes muito bem alinhados... Se a engrenagem do eixo (não o da máquina, o da união Alemanha, Itália e Japão, povo trabalhador e ordeiro), estivesse muito bem alinhado, devidamente calibrado, a nossa realidade hoje seria outra. Nacional-Socialismo. Regime até que interessante, mas fracassou por inúmeros motivos. Lá vieram os do Norte e acalmaram os ânimos. Anglo-saxões meu compadre. Auxiliados e financiados pelos hebreus.

- (...)

- É, e o que eu estou financiando com meus impostos? De quem é o importado Fernandinho? Comprei de um cara lá da Petrobrás. Aliás, desculpe, comprei! Comprei! Rsrsrsrsrsinho de canto de boca... A gente diz cada uma, não é mesmo?!!!... Mas não foge do assunto. Eu dizia que a engrenagem social tem muito tempo ainda para se amoldar de modo desejável, sem muita corrosão, ferrugem. Ou não? Será que esse encontro de diversos países do mundo, em Paris, não é alarmante?

- Claro. Estão tocando o alarme. Estão vendo a caca que fizeram e fazem. O praneta como cachorro eu vejo, se ele já não guenta mais as purga, se livra delas num saculejo...

- Maluco beleza, ô do rockão!... E, o que você acha? Essa vida tem umas engrenagens mais complicadas um pouco, que outras. Acontece cada coisa... Se não está muito bem com a patroa, com a família, uns enroscar de opiniões, a gente tem que sentar e conversar pra encontrar uma saída, tudo de modo sereno, pelo bem do grupo e por consequência do próprio indivíduo.

- Isso se você não explodir esse sangue italiano aí rsrsrs...


- E não é que acho que está mais do que na hora? Vamos explodir latino-americanos de sangue caliente! Vamos botar pra correr os dentes dessa engrenagem socialista falida, totalmente corrompida, afogada pelo desejo de poder e riqueza. Em nome do povo, claro...

- Democracia? Tá mais pra ditadura do proletariado.

- Não. Estou falando dos pilantrosos que represam, representam, distribuem, acalentam e afagam. Estão roubando em nome do povo, para o bem do povo, nem dando bola para os meios, mas visualizando sempre o fim, grana e poder. Que engrenagem marvada sô! O fim deles está chegando, não há mal que sempre dure, no ne vero?

- Pois então, depois de toda essa barulheira, tá na hora de iniciarmos os trabalhos. Abre uma gelada aí e brindemos um 2016 com boas novidades!

- Tiritintintin! Muita saúde e paz!!!

Renato Maurício Basso​
 

Foto (Desenho) de: Alexandre Limbach
Dreamstime.com