quinta-feira, 9 de julho de 2015

“Descolando” de Lula e Dilma.

 


Cesar Techio
Economista – Advogado

                                    
           
Lula acha que Concórdia está desconectada do mundo, que por se tratar de um município incrustado em meio a uma região topográfica acidentada, no oeste catarinense, por aqui ninguém vê televisão, não ouve rádio e não lê jornais e revistas. Com a clara pretensão de se afastar da investigação da Operação Lava Jato que se aproxima dele, atacou sem qualquer escrúpulo seu próprio partido: “O PT perdeu um pouco do sonho da utopia. A gente só pensa em cargo, em ser eleito, ninguém trabalha de graça mais. Estamos querendo salvar nossa pele e nossos cargos ou criar um novo projeto?”. E, publicamente vem criticando a política econômica da presidente que ele mesmo colocou no poder. Em meio o furacão que começou com o mensalão e arrasta lideranças políticas e empresariais para o centro do petrolão, Lula pretende descolar sua imagem do próprio PT e do governo, de olho nas eleições presidenciais de 2018. Também não é pra menos. Conforme o Instituto Datafolha, em pesquisa divulgada na Folha de São Paulo de 23/06/2015, o PT possui somente 11% da preferência do eleitorado. Pesquisa anterior, do dia 20, mostra a desaprovação da população com o próprio governo da presidente Dilma Rousseff: Ótimo/bom: 10%, - Regular: 24%, - Ruim/péssimo: 65%, - Não sabe: 1%. É claro que isto tem a ver, não só com o desastre da política econômica, mas com as investigações e processos que jogaram atrás das grades dirigentes de partidos, empreiteiros e que se aproxima perigosamente da maior estrela do PT.

Mas, como aqui no interior desta cidadela de Concórdia também se lê jornais, se assiste televisão e se ouve rádio, a conclusão sobre a fala de Lula é de que ele só pode estar falando sobre si mesmo e de seus amigos mais próximos, dada a sua direta responsabilidade pelo comando do país nos últimos anos. Se a estratégia de Lula para descolar do PT parece escancaradamente uma piada, para petistas éticos, corretos e honestos, pode dar certo.

É o caso de Concórdia, município também governado pelo PT. Depois de 16 anos de administração petista, apoiada por partidos coligados, João Girardi e Neodi Santhier deixarão os cargos no início de 2017, admirados e respeitados pelos concordienses. A política transparente, sustentada por uma gestão competente e de visão de futuro, faz com que, ao contrário do que pretende Lula a nível nacional, o PT de Concórdia naturalmente se “descole” da figura do ex-presidente e de Dilma Rousseff. É que, por aqui, com a devida vênia, não me parece que nenhum petista queira “salvar a pele” ou tenha perdido o sonho, o sono ou ainda a tranquilidade de consciência. O PT de Concórdia, é preciso convir, tem diferenças abismais do PT de Lula e está muito longe dos “rolos” do tesoureiro João Vaccari Netto, vulgo “mochila” ou “mochilinha” para os mais íntimos.

 E não me surpreenderia se, a exemplo da senadora Marta Suplicy, lideranças políticas da região apresentassem desfiliação à legenda. Só para lembrar, outros partidos também se encontram envolvidos em denuncias de corrupção, tanto é, que a lista do petrolão reúne a cúpula do Congresso Nacional e mais 5 partidos (PMDB, PP, PT, PTB, PSDB). Para piorar, um dos maiores empreiteiros do país e amigo de Lula, Ricardo Pessoa, delatou a entrega de dinheiro desviado da Petrobras para turbinar a eleição de várias figuras da República.  A lista com os nomes desta gente tá na Veja, edição 2432, pág. 39, que circula hoje, ali no centrinho, na Banca Camargo.

Pensamento da semana: "Nós temos a mandioca e estamos comungando a mandioca com o milho. Uma das maiores conquistas do Brasil". Dilma Rousseff em 23/06/2015.