Cesar Techio
Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com.br
Os surdos também
ouvem. E vêem. E sentem e percebem o mundo que os circunda. A ausência de
vibrações sonoras não os impedem de auscultar as vibrações da alma dos que
lutam pela inclusão social deles. As habilidades linguísticas e de comunicação
que os capacitam cognitivamente merecem amparo legal em nossa legislação. O
Decreto 6.949/2009 se abebera em fontes do direito internacional, na medida em
que promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, assinado em Nova York em 30 de março de 2007 por vários países.
Com efeito, o primeiro artigo deste decreto impõe que a Convenção seja
executada e cumprida tão inteiramente quanto o texto nela contida. E, seu
principal propósito (portanto, com força de lei) é o de promover, proteger e
assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos
e liberdades fundamentais a todas as pessoas com deficiência, respeitando
sua dignidade.
Nesta
senda, em nosso município, a Associação de Pais e Amigos dos Surdos – APAS e o
Centro de Atendimento Educacional Especializado – CAESP, com mais de cinquenta
alunos, presidido e coordenado, respectivamente, por Irma Gross Casagrande,
consagra de forma virtuosa e admirável os objetivos de inclusão social previsto
na legislação. Oferecendo aos seus alunos o ensino da Língua Brasileira de
Sinais (Libras), a associação se amolda ao espírito da Lei 10.436/02 que
reconhece o sistema como a língua nativa das pessoas surdas. Entre vários
outros cursos que são oferecidos pela associação, chama a atenção o empenho da
APAS em incluir pessoas surdas no mercado de trabalho com o apoio de diversos
empresários.
Por
estes motivos, neste natal invoco o nome de Irma Gross Casagrande e de seus
pares, as intérpretes Lidia P. Almeida e Thaise Bochi, a professora surda
Graciela Krakecker Coutinho e ainda do professor de informática educativa para
surdos, Elton Ferreira Nunes, como exemplo de pessoas voltadas a um projeto
educativo e de trabalho focado no nascimento para uma nova vida. O natal
representa, acima de tudo, o nascimento de Jesus Cristo e, para sermos
verdadeiramente coerentes com a nossa fé, é preciso de forma concreta mudar a
nossa vida, permitindo que ela renasça com as cores da solidariedade e do amor
ao próximo. É urgente abandonarmos o sepulcro onde mora nosso egoísmo fajuto e
nossas reclamações diárias para irmos ao encontro de pessoas que realmente
precisam de ajuda.
Para
que Deus ouça de fato nossas preces neste natal, é necessário abrirmos nosso
coração e abraço aos que realmente precisam de apoio. Nossa família (que quase
sempre ignoramos), nossos amigos e nossos irmãos de caminhada terrena, também precisam
renascer para uma vida mais digna e feliz. A nossa decisão em ajudá-los nesta
empreitada, é fundamental para que este milagre de amor aconteça.
Pensamento da semana: Para quem busca Cristo, sempre é
natal ! Boas Festas amigos leitores.