quinta-feira, 23 de agosto de 2012

LOTEAMENTOS E ENCHENTES: CANDIDATOS MAL PREPARADOS


Cesar Techio - Economista – Advogado

cesartechio@gmail.com



O padrão de desenvolvimento, destruidor e predador em escala global e o modo pessoal, social e ambiental egoísta de se viver estão destruindo a terra. A maior responsabilidade por esta triste realidade deve ser creditada à maneira como são conduzidas as gestões públicas, assumidas pelos candidatos que hoje batem a porta do povo para pedir o voto. O modo de administrar tem matriz na falta de informação, (para dizer o mínimo) e na ambição pecuniária, geradora de altos níveis de degradação da natureza que ainda sustenta a vida no planeta. Eleitos, candidatos passam a integrar uma “elite política” que gravita em torno da supremacia do ego em detrimento dos interesses da comunidade.

Segundo a Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM) da ONU, dos 24 serviços ambientais considerados essenciais para a nossa vida, dentre eles a água e o ar limpo, a regulação do clima e a produção de alimentos, fibras e energia, 15 estão desaparecendo ou perdendo gradativamente a função. A tragédia sócio ambiental denunciada pela ONU, segundo Fernando Almeida, “ameaça a continuidade dos empreendimentos humanos, públicos e privados; de nossa organização social; e, no limite, até da própria espécie humana” (Os desafios da sustentabilidade, Editora Elsevier, 2007, págs 2 e 3). As “propostas” dos candidatos quando pedem o voto até parecem boas, mas, infelizmente não possuem consistência quando o assunto é meio ambiente. Até o momento nada foi proposto, de forma clara e firme, contra os desmatamentos que seguem pelos morros da cidade para ceder espaço a loteamentos. Parece que os candidatos ignoram que os micros ecossistemas representados pelas matas que circundam a cidade funcionam como absorventes das águas das chuvas e ajudam a impedir enchentes catastróficas e deslizamentos de encostas que destroem bens materiais e matam moradores.

Aspectos hidrológicos, geológicos, esgoto sanitário, densidade populacional, impacto ambiental e influência sobre o sistema viário e serviços urbanos, devem ser considerados num projeto de loteamento. Muitos candidatos não conhecem estas exigências, muito menos o Estatuto da Cidade. Nem sabem se os órgãos públicos que eles pretendem administrar exige a realização do EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e do RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) para liberar loteamentos. Ignoram que o sistema de compensação (corte de árvores substituindo-as pela plantação de outras em outro lugar) não livra o centro da cidade das enchentes causadas pelos efeitos devastadores do desmatamento na bacia hidrográfica do rio dos Queimados. Lamentavelmente, depois de eleitos, muitos candidatos não terão sequer preparo suficiente para analisar informações ambientais distorcidas por interesses pecuniários. A triste realidade é que candidatos cativam pelo discurso, mas não entendem o que vão fazer frente à administração pública quando o assunto é preservação do meio ambiente.

Pensamento da semana: Investigue qual o comprometimento do seu candidato com a preservação do nosso ecossistema.