quarta-feira, 11 de abril de 2012

“Hospital São Francisco e a Falência do SUS.

Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Prefeitos integrantes da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) devem decidir a forma como poderiam contribuir e se envolver com a 49º Campanha da Fraternidade da Igreja Católica, que tem como tema, neste ano de 2012, “Fraternidade e Saúde Pública. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe a melhora e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), o qual, “inspirado em belos princípios como o da universalidade, cuja proposta é atender a todos, indiscriminadamente, deveria ser modelo para o mundo.” Em Concórdia, o Hospital São Francisco, é comandado pela Província Camiliana Brasileira da Ordem dos Ministros dos Enfermos. Na Carta de Princípios das Entidades Camilianas, se encontra estampado o compromisso e o respeito da Ordem, de seus profissionais e de suas entidades, com a valorização da vida e da saúde em todas as suas dimensões: biológica, psíquica, social e espiritual. Tal obrigação preza por valores éticos, cristãos e eclesiais dentro de uma visão holística e ecumênica e repudia a tudo quanto possa agredir ou diminuir sua plena expressão. Estes valores transparecem como compromisso inalienável, intenso, íntimo e inderrogável com uma efetiva, concreta, plena e eficaz participação complementar no SUS.

Em se tratando de instituição ligada a Igreja Católica, com mais razão vivencia com fidelidade a proposta do SUS que ela mesma (Igreja) divulga através do Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2012 quando trata da “Participação complementar das Instituições Privadas sem fins lucrativos no SUS” (item 11). Todavia, em que pese a harmonia entre os princípios Camilianos e a práxis, aqui em Concórdia vivenciada pelos abnegados profissionais de saúde (médicos, enfermeiras e demais profissionais do Corpo Clínico), tenho dificuldade em imaginar de que forma o Sistema Único de Saúde poderia superar a si mesmo e ser consolidado como um sistema justo, diante das terríveis incongruências que se constata no tratamento aos seus conveniados.
Uma das mais visíveis contradições é a baixíssima e vergonhosa remuneração paga aos profissionais de saúde. A tabela de valores SUS está defasada e não condiz com a realidade nacional.

É muito fácil criticar os médicos e falar em mercantilização da medicina, em exigir direitos, deslembrando que eles também possuem os seus direitos, inclusive o de sobreviverem e o de sustentarem as suas famílias. Todo o candidato a prefeito e a vereador, antes de concorrer a uma vaga no executivo ou legislativo, deveria se submeter a um estágio num Pronto Socorro Hospitalar. Nele constataria a dedicação extrema, a excelência do atendimento, o sacrifício e o profissionalismo estendido pelas madrugadas, noite após noite, diante das emergências. Gritos de desespero e mãos que salvam, curam e lutam pela vida dos pacientes, para depois, em troca, receber uma humilhante e absurda miséria do SUS.

Então, para a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) a sugestão: que recomende a seus integrantes e aos futuros candidatos ao pleito municipal deste ano, que estagiem nos Prontos Socorros Municipais. Esta seria uma forma muito interessante de se envolverem com a realidade da saúde pública. Eleitos, poderiam buscar uma efetiva promoção da saúde em favor do povo sofrido, mas pelo menos com a consciência de que ela envolve também, e prioritariamente, uma remuneração menos humilhante e mais digna aos profissionais de saúde.


Pensamento da semana:
Jairo Prado, 66 anos, empresário de sucesso e médico há mais de quarenta anos, ligado na medicina do futuro. Por amor, ideal e vocação: plantão no Pronto Socorro popular na noite de sábado para domingo de Páscoa. Exemplo para a juventude.