Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com
Por quanto tempo uma propaganda político-ideológica consegue alienar uma pessoa? Por quantos anos um político incompetente e corrupto consegue impor seu discurso e convencer os eleitores a votarem nele? O império do senso comum, no qual as propostas de gestão pública aparecem soltas, superficiais, imprecisas, incoerentes, fragmentadas e bem por isso, confusas e aptas a enganar, pode durar todo o tempo em que os eleitores estiverem dispostos a serem iludidos e dominados. As circunstâncias que favorecem a eleição destas figuras, muito têm a ver com o grau de alienação e desinteresse dos eleitores em conhecerem a fundo os carismáticos candidatos que lhes dão tapinhas nas costas, prometem de tudo e pedem o voto. Embora qualquer um possa ser candidato, bastando saber ler e escrever (uma imperdoável falha do nosso sistema democrático) é fundamental que os eleitores considerem, na hora de votar, a experiência de vida e o preparo intelectual dos candidatos. Um bom currículo acadêmico, uma faculdade, um mestrado e até um doutorado podem fazer a diferença.
Para qualquer função, atualmente, se exige concurso, uma bateria de provas que ateste que o candidato ao serviço seja apto. Neste ano de 2012, estão abertos concursos para o IBGE, Polícia Federal, PRF, Receita Federal, TRT, Tribunais de Justiça, Ministério Público, Banco do Brasil, sendo que para o INSS as provas foram realizadas no último domingo. Concurso no Ministério da Fazenda, Superior Tribunal de Justiça, Liquigás Petrobrás, Senado Federal, Petrobrás, Banco Central, Caixa Econômica federal, Correios, Polícia Civil, Polícia Militar, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Saúde, entre outros, ou estão com as inscrições abertas, ou aguardam autorização para publicação de editais.
Para a habilitação à candidatura a vereador, prefeito, deputado, senador, presidente da república, com mais razão também deveria haver um rígido concurso público. Só poderia concorrer quem fosse considerado apto sob o ponto de vista acadêmico, em currículo que colocasse em relevo inquestionável capacidade intelectiva para entender as atribuições do cargo. É preciso se questionar. Como eleger um idiota ou um analfabeto funcional a vereador, considerando a responsabilidade do cargo, como fiscalizador do Poder Executivo e fonte de leis? Ou não é necessário um nível mínimo de formação acadêmica, cultural, social e de entendimento para o exercício da democracia? Enquanto a lei eleitoral permanece deste jeito, cabe aos eleitores aplicar “concurso público” nos candidatos, escolhendo somente os bem preparados, fulminando do pleito também os analfabetos funcionais, aqueles candidatos que, embora dominem as habilidades básicas do ler e do escrever, não são capazes de utilizar a escrita na leitura e na produção de textos na vida cotidiana ou na escola, para satisfazer às exigências do aprendizado. Qualquer concurso para gari é mais difícil do que o aplicado a candidatos a vereador, pelo que, lembrem-se, eleitores, que é uma incongruência que toda a sociedade se submeta a concursos públicos para toda e qualquer função pública enquanto, irresponsavelmente elege aventureiros para cargos eletivos, como para vereador e prefeito.
Pensamento da semana: “Político que só militou na política e vira rico de uma hora para outra é ladrão” Senador Mário Couto (PSDB-PA) Revista Veja, edição 2256
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
“Jesus histórico: Chicote neles”
Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com
Iniciei, hoje, a leitura de “Jesus Aproximação Histórica”, um livro de José Antonio Pagola, Editora Vozes, 650 páginas. A abordagem do “Jesus histórico” não pode ser confundida com um estudo sobre o “Cristo da fé” no qual nós cristãos cremos, já alerta o autor na introdução. Além do mais, o método de estudo tem base “histórico-crítica”, com critérios científicos e, portanto, isento de pressupostos filosóficos e devaneios de “obras de ficção, escritas com delirante fantasia, que prometem revelar-nos por fim o Jesus real e seus ensinamentos secretos, e não são senão fraude de impostores que só buscam assegurar-se de polpudos negócios” (pág.12). Então, finalmente, encontrei uma bibliografia que me interessa, pois de há muito me cansei dos fingidores que utilizam a religião como um comércio, um meio de vida. Não sei o que me aguarda nas próximas páginas, mas a proposta de Pagola me foi abonada e recomendada por um amigo, depois que expliquei a ele que estava farto de constatar que, enquanto para Jesus religião é vida, para muitos líderes religiosos é apenas “meio de vida”. Eles fazem tanto estardalhaço e recolhem tanto dinheiro, que, se Jesus histórico aparecesse no meio deles e do povo entorpecido, seria impossível reconhecê-lo. Reconhecer Jesus implica em capacidade de se relacionar com ele; implica em possuir um coração que permita se tornar um pouco daquilo que ele é para a história. Só podemos reconhecer aquilo que já se encontra dentro de nós mesmos. E isso tem a ver com simplicidade e não com erudição e dinheiro. Parece piada, mas existe tanto envolvimento com idéias e pregações, que se o homem Jesus aparece, com toda a sua dimensão humana e histórica, os que utilizam dele como marketing para “faturar”, tentariam matá-lo.
Mergulhando algumas páginas a frente, percebo que Jesus realmente não foi assassinado por bandidos, homens maus, mas, por rabinos muito respeitáveis, pessoas religiosas (vejam só!) que se sentiram ameaçadas. Contextualizando Jesus, com a ajuda da arqueologia, antropologia cultural, sociologia das sociedades agrárias da bacia mediterrânea, da economia, etc., vemos que ele nasceu na Galiléia, numa aldeia insignificante, dentro da cultura judaica com todas suas implicações. Seu nome, Yeshua (“Javé salva”), dado por seu pai no dia de sua circuncisão era super comum, quase todo mundo assim se chamava de forma que foi preciso lhe identificar como Yeshua bar Yosef, “Jesus filho de José”.
Pois bem, sem qualquer erudição, sem citar mestres, o filho de José começou a “falar do que o coração estava cheio” (Mateus 12,34: “a boca fala do que o coração transborda”) e passou a “dar nos dedos” dos escribas, fariseus e rabinos do seu próprio povo judeu. Ele não era de “passar a mão na cabeça” dos vagabundos e exploradores de seu tempo. Segundo João, “profundamente irado, ele toma um chicote, expulsa os vendedores e animais, derruba as moedas e vira as mesas. Acusou que estavam fazendo da casa do Pai casa de negócios. Com Jesus os supostos religiosos, inclusive de nosso tempo, estão sempre em perigo, porque toda a vida deles não fecha com a vida do Jesus histórico. Assim, se Jesus está certo, a maioria dos líderes religiosos estão errados. Se Jesus está certo, então, muitas igrejas estão erradas. E devem fechar as portas, antes que ele entre nelas e estrale o chicote.
Pensamento da semana: “Não nos percamos”.
RESPOSTA A LEITOR:
Amado.
Obrigado pela sua mensagem.
Reli minha cronica, “Jesus histórico: Chicote neles”
http://cesartechio.blogspot.com/) publicada em vários jornais do país, inclusive no O Jornal, de Concórdia - SC.
Faça o mesmo. Leia mais uma vez.
Não vejo nela qualquer orientação de ordem doutrinária distanciada da coerência de Jesus Cristo.
Quem eventualmente se sente atingido, certamente se coloca na mesma condição dos rabinos, vendilhões do Templo, de que Yeshua bar Yosef falava.
Quem vive diferente (dos vendilhões) deve APLAUDIR O TEXTO.
Afinal, é preciso viver o que se prega. Não é?
Creio, nesta ordem, que o artigo deve fortalecer as igrejas perfiladas com o agir de Jesus. Então, lembro a ORDEM que Ele deu, em Lucas 10,25-28:
"Levantando-se um doutor da lei, experimentou-o, dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Respondeu-lhe Jesus: Que é o que está escrito na Lei? como lês tu?
Respondeu ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
Replicou-lhe Jesus:Respondeste bem; faz isso, e viverás."
Então, estimado, aos vendilhões do Templo afiados na palavra, mas hipócritas com relacão ao que pregam, aos que da religião fazem meio de vida, tenho a dizer:
As Igrejas que se revoltam com Jesus Histórico e sua vigorosa mensagem, é porque não fazem o que Ele pregou e, por isso, no meu entender devem fechar as portas. Com certa urgência.
As que apoiam, pregam e vivem com humildade e coerência, devem se expandir, crescer, evangelizar, em nome de Jesus !
Abraço fraterno.
Cesar Techio
cesartechio@gmail.com
Iniciei, hoje, a leitura de “Jesus Aproximação Histórica”, um livro de José Antonio Pagola, Editora Vozes, 650 páginas. A abordagem do “Jesus histórico” não pode ser confundida com um estudo sobre o “Cristo da fé” no qual nós cristãos cremos, já alerta o autor na introdução. Além do mais, o método de estudo tem base “histórico-crítica”, com critérios científicos e, portanto, isento de pressupostos filosóficos e devaneios de “obras de ficção, escritas com delirante fantasia, que prometem revelar-nos por fim o Jesus real e seus ensinamentos secretos, e não são senão fraude de impostores que só buscam assegurar-se de polpudos negócios” (pág.12). Então, finalmente, encontrei uma bibliografia que me interessa, pois de há muito me cansei dos fingidores que utilizam a religião como um comércio, um meio de vida. Não sei o que me aguarda nas próximas páginas, mas a proposta de Pagola me foi abonada e recomendada por um amigo, depois que expliquei a ele que estava farto de constatar que, enquanto para Jesus religião é vida, para muitos líderes religiosos é apenas “meio de vida”. Eles fazem tanto estardalhaço e recolhem tanto dinheiro, que, se Jesus histórico aparecesse no meio deles e do povo entorpecido, seria impossível reconhecê-lo. Reconhecer Jesus implica em capacidade de se relacionar com ele; implica em possuir um coração que permita se tornar um pouco daquilo que ele é para a história. Só podemos reconhecer aquilo que já se encontra dentro de nós mesmos. E isso tem a ver com simplicidade e não com erudição e dinheiro. Parece piada, mas existe tanto envolvimento com idéias e pregações, que se o homem Jesus aparece, com toda a sua dimensão humana e histórica, os que utilizam dele como marketing para “faturar”, tentariam matá-lo.
Mergulhando algumas páginas a frente, percebo que Jesus realmente não foi assassinado por bandidos, homens maus, mas, por rabinos muito respeitáveis, pessoas religiosas (vejam só!) que se sentiram ameaçadas. Contextualizando Jesus, com a ajuda da arqueologia, antropologia cultural, sociologia das sociedades agrárias da bacia mediterrânea, da economia, etc., vemos que ele nasceu na Galiléia, numa aldeia insignificante, dentro da cultura judaica com todas suas implicações. Seu nome, Yeshua (“Javé salva”), dado por seu pai no dia de sua circuncisão era super comum, quase todo mundo assim se chamava de forma que foi preciso lhe identificar como Yeshua bar Yosef, “Jesus filho de José”.
Pois bem, sem qualquer erudição, sem citar mestres, o filho de José começou a “falar do que o coração estava cheio” (Mateus 12,34: “a boca fala do que o coração transborda”) e passou a “dar nos dedos” dos escribas, fariseus e rabinos do seu próprio povo judeu. Ele não era de “passar a mão na cabeça” dos vagabundos e exploradores de seu tempo. Segundo João, “profundamente irado, ele toma um chicote, expulsa os vendedores e animais, derruba as moedas e vira as mesas. Acusou que estavam fazendo da casa do Pai casa de negócios. Com Jesus os supostos religiosos, inclusive de nosso tempo, estão sempre em perigo, porque toda a vida deles não fecha com a vida do Jesus histórico. Assim, se Jesus está certo, a maioria dos líderes religiosos estão errados. Se Jesus está certo, então, muitas igrejas estão erradas. E devem fechar as portas, antes que ele entre nelas e estrale o chicote.
Pensamento da semana: “Não nos percamos”.
RESPOSTA A LEITOR:
Amado.
Obrigado pela sua mensagem.
Reli minha cronica, “Jesus histórico: Chicote neles”
http://cesartechio.blogspot.com/) publicada em vários jornais do país, inclusive no O Jornal, de Concórdia - SC.
Faça o mesmo. Leia mais uma vez.
Não vejo nela qualquer orientação de ordem doutrinária distanciada da coerência de Jesus Cristo.
Quem eventualmente se sente atingido, certamente se coloca na mesma condição dos rabinos, vendilhões do Templo, de que Yeshua bar Yosef falava.
Quem vive diferente (dos vendilhões) deve APLAUDIR O TEXTO.
Afinal, é preciso viver o que se prega. Não é?
Creio, nesta ordem, que o artigo deve fortalecer as igrejas perfiladas com o agir de Jesus. Então, lembro a ORDEM que Ele deu, em Lucas 10,25-28:
"Levantando-se um doutor da lei, experimentou-o, dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Respondeu-lhe Jesus: Que é o que está escrito na Lei? como lês tu?
Respondeu ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
Replicou-lhe Jesus:Respondeste bem; faz isso, e viverás."
Então, estimado, aos vendilhões do Templo afiados na palavra, mas hipócritas com relacão ao que pregam, aos que da religião fazem meio de vida, tenho a dizer:
FAZ ISSO, E VIVERÁS !
As Igrejas que se revoltam com Jesus Histórico e sua vigorosa mensagem, é porque não fazem o que Ele pregou e, por isso, no meu entender devem fechar as portas. Com certa urgência.
As que apoiam, pregam e vivem com humildade e coerência, devem se expandir, crescer, evangelizar, em nome de Jesus !
Abraço fraterno.
Cesar Techio
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
LEONARDO BOFF A DIONÍSIO RICIERI MORÁS
Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com
Em aulas sucintas, porém de incalculável repercussão futura, enquanto instrumento de conhecimento apto ao discernimento da história, uma enxurrada de informações veio em tempo oportuno bater à minha porta. É que, “como aprendemos, também desaprendemos com o passar dos anos. Então é necessário voltar para a sala de aula”. Foi o que palestrou Dionísio Ricieri Morás, no alto de seus 65 anos de infatigável vida franciscana e de um extenso currículo que inclui mestrado e vivência em meio ao povo sofrido. Desfilaram, durante as palestras, conceitos doutrinários voltados à compreensão do homem e do mundo (visão cósmica e social). Enfoque sobre as civilizações agrícola, moderna, pós moderna e análise de fatos dentro do contexto social, cultural e intelectivo do próprio tempo histórico vivido. “Não podemos julgar a história com os conceitos de hoje.” Enquanto na antiga civilização a visão de mundo era estática, organicista, baseada no dualismo antropológico, na sacralização da natureza, no teocentrismo, no cosmocentrismo, na ética da Ordem, na submissão ao poder constituído, hoje, na atual civilização, vemos a história de forma sintética e sistêmica, carregamos uma concepção holística e global do mundo. Os conflitos da Igreja, com ênfase à oficialidade eclesiástica, passando pelos principais Concílios Ecumênicos, culminando com o período do Vaticano I e II; a história da Igreja no Brasil; a Inquisição; o sistema de Evangelização; movimentos missionários e seus ciclos; a igreja no regime militar; a nova visão de Medellin a Puebla; o papel da CNBB, entre outros, se constituíram em temas “quentes”, críticos e construtivos.
A nova moral, abordando enfoques como, humanismo, política, legislação, judiciário, casuísmos, libertação, violência, normativismo, consciência, educação, valores e práticas, é um convite para que “olhemos de frente este momento da história que nos é dado viver”. Chave de ouro, a conclusão do curso de teologia, de que a Moral Social ou Renovada: “tenta recuperar certos valores que a civilização tecnológica e a modernidade personalista, matou ou mascarou. A moral social considera o desenvolvimento, os avanços tecnológicos e científicos em vista do desenvolvimento integral do ser humano enquanto comunitário.” Sem descurar do pensar dialético, do “pensar cientificamente” e das demais ciências sociais para a análise da realidade visando descobrir novas saídas para as crises, Dionísio Ricieri Morás critica a substituição da vida pela imagem (foto, TV...) porque, segundo ele, não há mais convívio, apenas observação. E fulmina o desprezo pela alteridade (não se aceita o diferente); a corrupção política, econômica e judicial; o utilitarismo (se me serve aceito...); o assistencialismo em vez da libertação; a perda do senso crítico; a deteriorização das relações humanas e o embrutecimento do espírito.
A compreensão de Dionísio Ricieri Morás se harmoniza e se alinha com a de Leonardo Boff de que “O mal não está para ser compreendido, mas para ser combatido” (O despertar da Águia). Quando olho para a simplicidade, inteligência, sabedoria e trajetória de vida de Dionísio Ricieri Morás, me ocorre a figura de Francisco de Assis amansando o lobo e abraçando os leprosos.
Pensamento da semana: “Quando a estrada acaba não é o fim. Tem toda a distância percorrida que deve ser considerada. Você pode voltar”. Dionísio Ricieri Morás.
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