terça-feira, 31 de agosto de 2010

POLÍTICOS FARISEUS: JUVENTUDE, O QUE FAZER?


Cesar Techio - Economista – Advogado
cesartechio@gmail.com

Gigantescos desmoronamentos de lama e pedras se projetaram em direção à cidade de Gansu, na China. Mais de 1248 mortos e 496 desaparecidos, centenas de feridos e casas destruídas foi o saldo do desastre ambiental. Fotografias do desespero de mães e pais de família, em meio ao que parecia impossível, podem ser vistas em centenas de sites na internet. Enquanto na China mais de 305 milhões de pessoas foram diretamente atingidas por grandes inundações, no Paquistão 20 milhões foram vítimas da maior inundação dos últimos oitenta anos. Ban Ki Moon, secretário-geral da ONU afirmou que já visitou várias cenas de desastres naturais no passado em muitas partes do mundo, mas que nunca viu nada como isso: “A escala deste desastre é tão grande, tantas pessoas em tantos lugares, necessitando de tanto. Quase um, em cada dez paquistaneses foi afetado direta ou indiretamente”.

Aqui em Concórdia, a vida corre normal, sem maiores preocupações, especialmente por parte das autoridades, com as intensas, públicas e escandalosas escavações em morros e encostas que ladeiam o meio urbano da cidade. Em que pese a existência de lei estadual que proíbe escavações em encostas com mais de 30º de declividade e, uma série de leis federais, inclusive de natureza constitucional, que regem o direito ambiental no país, por aqui passa “batido” esta preocupação. O centro urbano da cidade, abaixo das montanhas que vão sendo ocupadas por moradias e detonadas por escavações absurdas, parece ser o local exato para uma futura catástrofe. A pergunta é: até quando esta insanidade vai continuar? Em Gansu durou até o inicio deste mês de agosto de 2010.

Além da apatia política que atenta contra o futuro da nossa juventude (trancafiada nas escolas, colégios e universidades), a resistência de espíritos egoístas, despóticos, ávidos pelo lucro e idólatras da riqueza, constitui o maior obstáculo para a implantação imediata de uma política urbana que respeite a nossa topografia. Há um retardo mental que considera como fim último da vida social, o primado do indivíduo sobre o interesse público e o fim último da economia “a máxima produtividade de bens e serviços”, vale dizer, construções encravadas em morros dentro de uma estrutura urbana sobreposta aos direitos fundamentais da pessoa humana. As atividades construtivas nos meios urbanos das cidades brasileiras (incluindo Concórdia) seguem uma concepção puramente materialista da vida, concepção que coloca o imediatismo econômico sobre a base única do interesse pessoal e subordina a segurança da vida humana e do planeta aos elementos de um comportamento político ignorante, débil, cômodo e prepotente. Este nosso estilo de vida, à mercê de um desenfreado consumo e gozo por bens materiais nos lança para fora do clima de amor e respeito que precisamos ter pelo futuro. A maioria de nossos candidatos a cargos públicos não entendem nada sobre preservação do meio-ambiente. Seus planos de governo são apenas mistificações grosseiras que querem impingir aos eleitores, calcados na idéia de que frente a Administração Pública salvarão o planeta. O farisaísmo de suas promessas cede lugar a um novo: o farisaísmo da incompetência, da ignorância e da falta de palavra. Pensamento da semana: “Juventude, estudantes: A geração presente perdeu. E o futuro talvez já não exista mais. O que fazer?”